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Cartas-->Professores viram sucata, e berram. -- 26/04/2002 - 20:04 (Fabiano Garcia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Professores viram sucata, e berram.

Se alguém não disse, digo eu: triste o país que maltrata velhos, crianças e professores. O Brasil — e só avestruzes e políticos-que-só-querem-é-poder não sabem — vai muito bem nesses três quesitos. Logo, vamos muito mal de país. Nos tempos de guri, ouvia da boca de meu pai: — Lugar de menino, cachorro e tamanco é debaixo do banco. Se meu pai tivesse sobrevivido a câncer que acabou matando-o no final dos anos 90 diria agora: — Lugar de menino, velho, professor e tamanco é debaixo do banco. Nos tempos de guri, professores ocupavam o topo da pirâmide social. Não que ganhassem tão bem. Tinham prestígio. Quando gentil senhorinha colava grau como professora vestia beca vermelha, enfiava anel-de-pedra-também-vermelha no dedo e fazia festa de arromba que marcava época e arrasava o quarteirão. A liturgia da formatura de professora era solene e marcava momento inesquecível na vida da jovem mulher dos 60. A melhor aluna do curso lia juramento em que reafirmava o cerne da profissão: difundir o saber. Tenho duas irmãs professoras e, para inflamar o meu orgulho de guri, ambas fizeram o juramento na formatura de suas turmas. Ambas cumpriram em termos o que juraram cumprir. Uma casou, se dedicou à criação dos filhos e, desiludida com a carreira, abandonou a profissão. A outra resistiu às intempéries e persistiu. Fez o que pôde. Não o que quis. Às vezes não tinha nem giz para escrever na lousa. A trajetória de minhas irmãs — e de outras tantas irmãs Brasil afora — atesta o sucateamento da profissão de professor neste Brasil-que-mandou-a-difusão-do-saber às favas. Neste momento, cerca de 80% dos professores de Brasília estão parados. Reivindicam condições-mais-dignas-de-trabalho-para-continuarem-difundindo-o-saber. Não é a primeira vez que isso acontece. Nem será a última. Pais de alunos detestam greves de professores. Não deveriam. Na verdade, professores bem-pagos se refletiriam em futuro melhor para os filhos. Greves de professores se banalizaram. Não tiram mais o sono de político nenhum — se é que já tirou em algum momento. Enquanto professores de Brasília emitem pedidos de socorro, candidatos à Presidência da República preocupam-se com assuntos mais torpes. Uns tentam demonstrar como conseguiram acumular cerca de R$ 1,34 milhão em cofre de empresa. Outros querem apenas provar como os rivais são mais larápios. Cá pra nós, caro leitor: até prova em contrário, todos os políticos são culpados — e não estão nem aí para professores, em greve ou não.
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