MENINO ESPERTO
Desde que nasceu, Fernandinho vivia com a mãe e a avó. Mais com a avó, porque a mãe saía cedo para o trabalho e era ela quem cuidava do menino e o levava para a escola infantil. Além disso, Fernandinho a acompanhava ao mercado, ao comércio e até ao banco nos dias em que ela recebia sua aposentadoria. Era um garoto esperto, levado e muito divertido. Quando passavam pelas bancas do camelódromo, ele espichava os olhos para tudo quanto era brinquedo, querendo comprar. Sempre ouvia a mesma resposta, o dinheiro está no fim, quando sair minha aposentadoria...
Um dia, vendo-os pela rua debaixo de sol escaldante, ela com a sacola de compras de um lado e o menino do outro, parei o carro para dar-lhes uma carona. A avó se acomodou no banco da frente e eu mandei que ele entrasse atrás. Fernandinho ficou indeciso, relutou e até fez careta. Decerto preferia o contrário, mas sem alternativa, sentou-se ali mesmo. No entanto, não deixou de tirar suas conclusões:
- Na frente só pode ir aposentado, né, tia?
Beatriz Cruz
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