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cronicas-->Descobrindo a razão de ser -- 13/04/2000 - 14:26 (Anselmo F. Gonçalves ( Sh@monthi - O @njo)) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DESCOBRINDO A RAZÃO DO SER


Quem nesta vida, em algum dia, de alguma forma, não se entregou de corpo e alma a uma relação de amizade, namoro ou casamento e não teve uma pequena decepção que seja? Foram momentos de entrega, de coração aberto, em que com toda a pureza do nosso espírito, tentamos fazer de tudo para que o dia de alguém fosse bom e cheio de felicidade, fazendo o possível e o impossível para ver esse alguém, de alto astral. E o que recebemos em troca? Muitas vezes nada. Vemos essas pessoa se acomodar em relação a nós e não dar mais tanta importància a nossas ações. Essa acomodação se dá em virtude delas saberem que sempre estaremos por perto quando elas precisarem. Elas nem se preocupam em saber como estamos, pois nos vêem sempre como um ser forte e decidido, que não precisa de nada ou de uma "força" de vez em quando.
Ao darmos o nosso amor e carinho a alguém, esperamos sempre que eles voltem para nós, da mesma forma e intensidade com que foram enviados. Sabe por quê? Porque também precisamos sentir as mesmas emoções das outras pessoas. Esse tipo de pensamento pode a princípio parecer mesquinho pois, segundo dizem, não podemos exigir nada de ninguém. Se estamos fazendo algum bem , esperando alguma coisa em troca, nosso ato inicial perde todo o valor que queríamos que ele tivesse. Porém, somos humanos e como tal, imperfeitos. Apesar de sermos imagem e semelhança de Deus, ainda estamos muito longe de ter o nosso lado divino desenvolvido. Mas se cruzarmos os braços, o futuro pode nos deixar para trás no caminho da evolução.
Quase sempre, quando não recebemos a devida atenção das pessoas de quem gostamos , nos revoltamos e chegamos a pensar que nossos esforços são inúteis. Aos poucos vamos podando nossas boas intenções e esquecendo de cultivar o carinho e o amor. Começamos a nos trancar dentro de nós mesmos, ficamos insensíveis e, a partir daí, não ligamos mais para o sentimento dos outros.


Houve um tempo em que eu achava que, se eu estivesse dando cem por cento de amor e carinho a uma determinada pessoa, ela deveria me retribuir na mesma quantidade e forma, ou seja, teria que me dar os meus cem por cento de volta. E ficava triste e decepcionado quando isto não ocorria, pois eu me esforçava muito para vê-la sempre feliz. Porém, com o passar do tempo, percebi que se não ficasse atrás dessa pessoa, telefonando ou visitando a sua casa, ela não me procurava e nem se preocupava tanto comigo. Diante dessa situação me fechei. Comecei a ficar frio e distante, e a consequência disso foi o surgimento de uma amargura, diante da vida e de todos, que me levou à solidão.
Se pararmos para pensar e começarmos a observar as pessoas em geral, veremos que boa parte delas andam tristes, aborrecidas e muitas até já perderam a vontade de viver. A falta de amor e de compreensão a nós mesmos e a outras pessoas que nos cercam, levam-nos ao vazio de um buraco negro.
Foi nessa época de minha vida caí num desses buracos negros e não dei mais espaço para ninguém. Tinha o seguinte pensamento: "Se ninguém me dá carinho, por que eu devo dar o meu? Não tenho nenhuma obrigação." Dessa maneira mudei radicalmente o meu modo de ser. Eu, que era uma pessoa alegre, cheia de vida, que brincava com todo o mundo e dava a maior " força" para quem precisasse, deixei-me contaminar pela decepção. Todos que conviviam comigo logo notaram a mudança, mas não comentavam nada. Às vezes eu até ouvia alguém dizer baixinho: " O que houve com ele? Está tão diferente. Mais calado, nem brinca mais com a gente. Não é o Shamonthi que a gente conhece." É incrível como somos covardes. Vemos uma pessoa mudar o seu jeito de ser , porém não temos coragem de chegar e perguntar o que está acontecendo.
Mas, um dia, uma garota chamada Paula tomou coragem e me perguntou o que estava acontecendo.
 Shamonthi, posso te perguntar uma coisa?
 Claro!
 O que está acontecendo com você? Percebi que está mais calado, triste. Não brinca com ninguém. O que houve?


 Nada.
 Mas sua cara está mostrando o contrário! Alguma coisa aconteceu, ou ainda está acontecendo. Houve uma mudança radicalíssima no seu jeito de ser e todo mundo já notou.
 É mesmo? Não me diga. - Respondi com um ar de indiferença. Diria até de antipatia.
 É, sim! O senhor vai me contar o que está havendo. Não saio daqui sem uma resposta convincente.
Paula me pareceu sincera e percebi um interesse verdadeiro e um certo carinho em suas palavras e no seu olhar. Senti vontade de me abrir e foi o que fiz. Não escondi nenhum detalhe e falei tudo que estava sentindo. Paula ficou surpresa, quando eu disse que ela era uma das pessoas com as quais eu havia me decepcionado. Ouviu toda a história calada e em nenhum instante disse nada. Quando terminei de falar ela me disse:
 Sabe , Shamonthi? Eu sei que não é fácil dar amor e carinho nos tempos de hoje. Sei também que , quem dá, precisa receber. Porém, cada pessoa é diferente uma da outra. Muitas pessoas que você conhece nunca tiveram amor e carinho em suas vidas, e por isso, ainda não aprenderam a lidar com tais sentimentos. Eu sou um exemplo disso. Cada um de nós tem um jeito de ser e de viver , e devemos aprender a respeitar e a lidar com essa maneira pessoal de cada um. Eu, por exemplo, até um certo período da minha vida, não sabia o que significavam carinho, respeito e amor. Mas um dia eu conheci um anjo chamado Shamonthi ( você o conhece?). Claro que o conhece! Esse anjo começou a me mostrar através de suas ações, o que eram esses sentimentos, seus valores e seus significados. Quantas vezes ele me acalentou e me disse com muito carinho palavras bonitas e certas que levantaram o meu astral. Mas, eu nunca pude dizer ou demonstrar direito, o quanto sou grata por ele ter me ensinado esses sentimentos. E sabe por quê? Porque ainda estou aprendendo a lidar com eles. Para mim é difícil falar coisas bonitas, ou até mesmo fazer um carinho, mas saiba que sou grata a ele, por todos os momentos bons que passamos juntos. Eles me ajudaram muito e um dia vou retribuí-los da melhor maneira possível.
Ao terminar de falar, as lágrimas caíam do rosto de Paula e percebi como foi difícil para ela dizer todas aquelas palavras. Naquele instante comecei a refletir em toda a minha mudança e antes que eu falasse qualquer coisa, ela retomou a palavra e me disse coisas que nunca vou esquecer.
 Shamonthi, pense comigo. Se você é um ser que tem tanta facilidade de passar um astral positivo para as outras pessoas, é porque você nasceu com um dom especial. Analise: se existe um Deus, que é o ser supremo, Criador do céu e da terra, o qual não vemos, mas que sentimos em toda parte, este Deus está mandando o seu amor e o seu carinho também e de forma especial para você. Ele nunca te cobrou nada por isso, mesmo quando você se esqueceu de fazer suas orações, agradecendo tal dádiva, cobrou?
 Não.- Respondi meio sem jeito.
 Então você não tem o direito de cobrar das pessoas.
O que me chamou a atenção no que Paula falou, foi o fato de que ela nunca acreditara em Deus, no entanto, falava como alguém que tinha fé em alguma coisa. É engraçada a vida, às vezes podemos estar sofrendo mudanças sem percebermos.
Paula pegou uma folha de seu caderno e começou a fazer um desenho. Achei estranho, mas não disse nada, esperei apenas que ela terminasse . Ela desenhou uma grande bola e escreveu dentro dela a palavra Deus. Dessa bola grande saiam raios que chegavam a outra bola menor onde escreveu meu nome. Da bola com meu nome saiam outros raios que iam para vários bonequinhos, que representavam as pessoas com as quais eu convivia, mostrando assim o que ela queria dizer com palavras. Ao ver o desenho, percebi muitas coisas, entre as quais, o quanto eu estava sendo pequeno diante de mim mesmo e principalmente de Deus. Ela tinha razão, eu não podia exigir nada daqueles que me cercavam. Se eu era uma pessoa cheia de amor no meu coração, tinha a obrigação de distribuí-lo de melhor maneira possível, porque faço parte de um sistema chamado Natureza, que foi criada para viver em harmonioso equilíbrio . Se cada um de nós começar a ser egoísta , o equilíbrio vai se quebrando aos poucos e, um dia, pode se romper definitivamente. E aí, poderá ser o nosso fim.
Ao ver o desenho outra vez, uma das minhas teorias de então, caíra por água abaixo, que era mais ou menos assim: " Eu sou como um grande rio. O rio nasce em algum lugar e leva suas águas cruzando campos, planícies e cidades, levando vida até elas. Mas, se alguém começar a construir barreiras entre os leitos, as águas não chegarão mais as cidades e elas vão começar a morrer. Eu sou como esse rio, levo carinho e amor a todos que estão a minha volta e precisam deles. Porém se as pessoas que recebem de mim não retribuem, vão surgindo barreiras entre nós, que me impedem de continuar levando as coisas boas que existem dentro de mim e, como consequência, o amor vai morrendo devagarinho, até desaparecer por completo. Por isso vou me fechar, só assim posso preservar o pouco de amor que me resta." Achava esse pensamento lógico e consegui convencer muita gente com ele. No entanto, Paula havia me mostrado o outro lado da moeda e, naquele instante, a razão começou a voltar ao meu ser e, sem sentir, comecei a chorar. As lágrimas, que escorriam dos meus olhos, traziam para fora do meu corpo, todas as dores e ressentimentos que eu estava sentindo. Minha alma ficou mais leve e comecei a voltar a ser o que sempre fui: uma parte da natureza de Deus, um anjo que tem a missão de despertar o verdadeiro amor em qualquer ser que verdadeiramente o queira.


Anselmo - Shamonthi( O anjo)
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