67 usuários online |
| |
|
Poesias-->Cio -- 15/04/2002 - 20:00 (Lílian Maial) |
|
|
| |
Vem a ânsia de mergulhar deserta e nua
No mar de devaneios e tendências
Não obstante o pudor e a inocência
O cão fareja sua fêmea na rua.
O cais não é seguro, não é porto,
É um refúgio momentâneo da poeta
Que introduz a língua sedenta pela boca aberta
Como as ondas do mar lambendo o peixe morto.
A água salgada e morna que transtorna as sereias
Faz eriçarem-se os peitos rijos de desejo
E a poeta, induzida como aranhas pelas próprias teias
Tece a trama de aliar o furor, a loucura e o pejo.
Lá vem a fêmea babando a volúpia do instinto
Num ímpeto da espécie, alucinada e tesa
Resvalando sobre rimas e versos de labirinto
Clamando pelo amado a julgá-la presa.
Cheiros, entorpecentes da razão, inebriantes
Tornam o momento de impaciente magia
Onde faz-se necessário acasalar amantes
E gerar, dentro do útero, o grão da poesia.
Lílian Maial
|
|