Nos meus belos tempos de estudante, cursei durante sete anos Religião e Moral, e, durante três, Organização Política, sob a égide de padres-doutorados da Igreja Católica, Apostólica e Românica.
Num razoável dicionário de que disponho, o resumido significado hodierno dos três itens - que eu nesta altura, convicto, considero uma trindade unificada - são os seguintes:
Religião
Culto prestado à divindade, crença na existência de uma ou mais forças sobrenaturais, fé, reverência às coisas sagradas, observância dos preceitos religiosos, doutrina, sistema religioso, ordem religiosa.
Moral
Conjunto de costumes e opiniões que um indivíduo ou um grupo de indivíduos possuem relativamente ao comportamento. Regras de comportamento consideradas universalmente válidas. Parte da Filosofia que trata dos costumes e dos deveres do homem para com o seu semelhante e para consigo. Ética, teoria ou tratado sobre o bem e o mal, lição, conceito que se extrai de uma obra, de um facto, etc. Conjunto das nossas faculdades psíquicas, o espiritual, o relativo aos costumes, o que diz respeito aos domínios espirituais.
Política
Ciência sobre a condução, governo dos povos e nações, arte de dirigir as relações entre Estados, princípios que orientam a atitude administrativa de um governo, objectivos que servem de base à planificação de uma ou mais actividades. Astúcia, maneira hábil de agir, civilidade.
Bem, às vezes é-me bastante agradável lengalengar e, inclusive até, deitar ainda mais achas para a fogueira da confusão. Todavia, neste momento, não estou para aí voltado. Acho que, com dois ou três pedacinhos de texto mais, esclareço e expresso o que pretendo.
Leio os significados, de "religião", "moral" e "política" e, após viver 66 anos, não vislumbro algo que distinga nitidamente um dos outros. Os três, são a mesmíssima coisa, pelo que considero nefasto ao futuro das gentes a persistência em dividir um todo que deveria ser apresentado em conjunto, tal e qual uma parede com heras, onde é extremamente difícil apartar uma das lianas.
A terminar, questiono: ora, um político ateu, não é religioso? Então, através de que plano espiritual convence outrem da sua ideologia? Ainda, um padre, como é que convence os seus fieis? Não é através da política?
Como estes breves questionamentos, tenho um milhar deles para desarmar a sub reptícia e tortuosa caçada ao suor alheio, pois é tão só disso que se trata.
E aqui, parei, porque, para mim, só condidero em pleno a "minha fé" e a "vossa fé", estimados leitora e leitor . Estou farto de argumentos e contra argumentos, de fumaça, de confusões, de peripécias esconsamente predadoras, estou farto do "demoníaco" engenho que explorou o melhor da minha vida em submissa inocência. Em resumo, estou farto "deles" e naturalmente mortinho para eliminar-lhes a teta. Melhor, estou deveras pronto para apanhar com um tiro ao virar da esquina, assim como tantos já apanharam. Será mais um para a exemplar estante do futuro. De resto, já não me roubariam grande coisa. O que me roubaram é irrecuperável.
António Torre da Guia |