Usina de Letras
Usina de Letras
145 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62220 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10363)

Erótico (13569)

Frases (50618)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140802)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6189)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->Fino Trato -- 18/08/2002 - 14:31 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
FINO TRATO
Roteiro Curta Metragem
por Jefferson Cassiano
2002

Baseado no conto
O TRATO
de Toni Deléo
1997

Primeiro Tratamento
(15 minutos)

Total de Seqüencias: 7
Total de Laudas: 9



SINOPSE


O casamento feliz e recente de Marina e Tales termina com a morte de Tales num acidente de carro. Meses depois da morte de Tales, Marina passa por uma experiência surreal: seu apartamento no décimo quinto andar é invadido por dois assaltantes especiais. Tocados pela história e situação de Marina, os assaltantes fazem um trato com ela. Em troca do silêncio de Marina, nunca mais voltariam a incomoda-la. Como garantia, a dupla pede a carteira de identidade de Marina, assumindo o compromisso de enviar pelo correio depois de alguns dias.


Personagens:

COM FALAS

Marina, jovem, cerca de 26 anos, mulher de Tales

Tia Marta, cerca de 60 anos, tia de Marina

Tales, jovem, cerca de 28 anos, marido de Marina
Ronaldo, alto, magro, cerca de 35 anos, assaltante
Manga, baixo, gordo, cerca de 35 anos, assaltante
Porteiro do Prédio de Marina, 40 anos, bigode

SEM FALAS

Motorista do Trator, cerca de 45 anos
Tio, magro, cerca de 60 anos


Figurantes:

Motorista da caminhonete
Pedestres,
Jogadores de pelada


Locações:

INTERIORES

1) Sala do apartamento de Marina, ampla
2) Hall de entrada do apartamento de Marina
3) Cozinha do apartamento de Marina, ampla
4) Escadas do Prédio de Marina
5) Quarto simples na periferia


EXTERIORES

1) Estrada simples do interior
2) Frente do Prédio de Marina, luxuoso



ABERTURA

Câmera Travada. Super close de um copo de vidro com pedras de gelo em detalhe. O Uísque vai aos poucos aparecendo na base da tela. Quando o líquido chega à metade, letras começam a boiar até formar o título: “Fino Trato”, com lay out de carta de seqüestrador.
As letras desaparecem e o líquido toma conta de toda a tela. Trilha: Tom Jobim.

Sequência 1 – JOBIM E FOTOGRAFIA.

Dia. Interior. Apartamento de Marina. Continua trilha da abertura
Close da mão de Marina pegando o copo de uísque que acabou de encher ao lado de um porta retrato com a foto de Tales vestindo uniforme de pólo. Plano Americano. Marina está ao lado da foto que está sobre um aparador, mexendo o gelo que derrete no copo generoso e encarando a foto. Rosto inchado de muito choro e tristeza. Olhar distante. Roupão, cabelo desfeito. Pela janela, a luz da tarde adiantada atravessa a cortina e entra na sala ampla. Plano Geral. Tia Marta sai da cozinha já falando.

Tia Marta: Marina! Eu já coloquei tudo na geladeira, viu!(pausa) Eh, menina! Sai da frente dessa foto um pouco!

Marina: (suspirando) Ai, Tia...

Tia Marta: Ai, nada! Ai, nada! Sai daí que ninguém transa com fotografia! Você precisa sair dessa casa, respirar um pouco.

Tia Marta anda pela sala abrindo as cortinas.

Marina continua ao lado do aparador, indiferente. Tia Marta vai até o aparelho de som.

Tia Marta: E vamos mudando de repertório que essa música já deu...

Tia Marta tira o CD de Tom Jobim e troca por um Carlinhos Brown.

Tia Marta: Agora, sim! Parece que tem gente viva aqui!

Marina, obrigada pela mudança de clima, caminha até o sofá e se deixa cair como uma pedra. Esboça um pequeno sorriso para a tia que a observa numa mistura de pena com impaciência. Tia Marta senta-se ao lado de Marina.

Marina: Ai, Tia Marta! É tão difícil de acostumar...

Tia Marta: É, minha filha. Eu sei. Mas você tem que ser forte, viu?! Não pode ficar assim, jogada. A vida vai continuar de qualquer jeito...

Marina: Eu sei. É que eu ainda vejo o Tales em cada canto deste apartamento. Até pensei em mudar daqui, mas aí eu achei que, se ele estivesse vivo, ele não ia querer que eu saísse assim...

Tia Marta acaricia o rosto de Marina

Tia Marta: É isso mesmo! Nem pense em sair daqui assim. Primeiro é melhor colocar a cabecinha no lugar e depois a gente vê como é que ficam as coisas. Se você quiser eu falo pra Nina ficar uns dias com você...

Marina: Não precisa, Tia. A Cleuza tá trabalhando quase o dia todo aqui e me faz companhia também...

Marina dá um longo gole no uísque.

Tia Marta: E você não devia beber tanto, Marina. Vai acabar te fazendo mal.

Marina: Deixa, tia. Deixa, que só assim eu consigo esquecer tudo por um tempo... Sabe, às vezes eu olho para essa garrafa de uísque doze anos e penso que o meu casamento não durou nem doze meses. Nem doze meses, Tia...

Marina chora, deita no colo de Tia Marta e descansa o copo no sofá.

Marina: Meu Deus! Se eu soubesse tinha ido com ele naquele maldito carro.

Tia Marta: Não fale assim, minha filha...

Zoom in para o copo de uísque sobre o sofá.
Fusão para o primeiro take da sequência 2.

Sequência 2 – FLASH BACK TALES E O CARRO PRETO

Flash Back. Três meses antes. Exterior. Manhã. Rua em frente ao prédio de Marina e Tales. Com o cabelo mais curto e roupa esportiva de grife, Marina é mostrada em close.

Marina: (teatral) Grande coisa, senhor Tales!

Tales está ao lado de um carro importado preto, novo, Alfa Romeo ou Audi A4. Veste parte do uniforme de um time de Pólo. Faz uma reverência à Marina, como se procede com uma rainha, e estica o braço mostrando o carro. Plano geral, a partir da guarita do prédio, mostrando o porteiro que folheia um jornal ou revista e, ao mesmo tempo, observa o casal conversando.

Marina: (ainda em tom de deboche) Eh, senhor Tales! Grande coisa. E precisava ser preto?

Tales: (radiante) Preto é clássico, meu amor!

Marina: (fazendo birra, descontraída) Acho que Ford dizia a mesma coisa, né? E ele só fazia carro dessa cor. Eu prefiro prata...

Tales: Eu queria um todo dourado e cravejado de diamantes pra combinar com a minha rainha.

Tales repete reverência.

Marina: Bobo! (mudando um pouco o tom) Carro claro é mais seguro, todo mundo enxerga...

Tales abraça Marina.

Tales: Hoje em dia, amor, a gente é que tem que enxergar os outros. (mudando um pouco o tom) Tem certeza que não quer ir? Vamô, vai?! É o último jogo antes do campeonato da Argentina e a Beth do Chico Pane insistiu tanto pra você ir também...

Marina arruma a gola da camisa de Tales.

Marina: Não dá amor! A Beth vai entender. A Bisa não tá nada bem. E se ela morre nesse fim de semana, eu me conheço, vou ficar culpada de não estar aqui.

Tales: Fica tranqüila. A Bisa ainda vai ver nosso time campeão em 2008...

Marina: Deixa de ser maldoso, Tato. É melhor você ir logo pra não pegar muito sol na estrada.

Plano geral mostrando o casal, o carro e o prédio ao fundo.

Tales: Nessa maquina, gata, a gente nem sente o sol.

Tales abraça Marina calorosamente. Corte para o porteiro que observa, sorridente, a cena de amor. Tales entra no carro e sai acenando para Marina e buzinando o carro que se aproxima da câmera e passa por ela. Fusão de volta para o apartamento de Marina. Fim do Flash Back


SEQUÊNCIA 3 - ERA SÓ O QUE FALTAVA

Interior. Fim de tarde. De volta ao apartamento de Marina. A câmera está posicionada no hall externo do apartamento, travada, mostrando a porta que se abre. Tia Marta está despedindo-se de Marina. Corte para contra plano, com porta aberta o fundo. Aind se ouve Carlinhos Brown ao fundo.

Tia Marta: Tem certeza, Marina. ( aperta o botão do elevador) A Nina pode ficar aqui com você. A Bisa já melhorou e está pronta pra outra...

Marina: (observando a ironia) Pois é... A Bisa está pronta pra outra mas eu não, tia! (suspiro) Deixa a Nina sossegada. Eu saio dessa tia. Uma hora eu saio dessa.

O elevador chega. Tia Marta abraça Marina.

Tia Marta: Chegou. Eu vou mas qualquer coisa vê se liga, minha filha. E come um pedaço da torta de morango que eu comprei, viu...

Marina apoia-se na porta.

Marina: Pode deixar, tia....

Tia Marta entra no elevador. Marina fecha a porta. Já está escuro, Quase noite.. Marina vai até o aparelho de som e coloca o CD de Tom Jobim novamente. Volta ao bar e enche outro copo de uísque. Dá um gole generoso, caminha até o sofá e desaba, novamente. Pega na mesinha de centro o livro de Helena Jobim. Passa aos olhos obre as páginas.

Marina (em solilóquio, já um pouco alterada pelo álcool): Ai, Helena Jobim. Pega leva que eu ainda não agüento o tranco...

Já é noite e apenas uma luminária e a luz que escapa de um cômodo iluminam a sala ampla. Marina coloca o livro de lado e continua bebendo ao som de Tom Jobim. Alguns takes mostram a dimensão da sala e da tristeza de Marina que continua bebendo. Minutos correm. Uma nova música roda no CD player: Só danço Samba. Marina, já bem alterada pelo álcool, conversa com o refrão.

Marina: É, Tom, você ainda dança um sambinha. Eu não danço mais nada com ninguém...

Marina vira mais um gole. Close do rosto de Marina. Um ruído de objeto que cai assusta Marina. Super Close. Rosto de Marina, num misto de susto e descrença.

Marina: Era só o que me faltava! Um assalto em pleno décimo quinto...

Plano Geral. Da cozinha saem, repentinamente, Ronaldo e Manga, roupas escuras e velhas, tocas na cabeça. Ronaldo é alto, moreno e empunha uma pistola. Manga é mais gordo, branco, traz um saco grande já com alguns objetos dentro e uma lanterna. A entrada é súbita mas desajeitada. Plano Médio.

Ronaldo: (apontando a arma para Marina) Quétinha, dona! Colabora que a gente não demora e a senhora já volta a curtir o som e o uísque.

Manga anda pela sala iluminando cantos com a lanterna. Vai em direção ao som.

Manga : (para Ronaldo) Curtir o som, o escambal que esse já vai ganhar casa nova. E dá licença que eu vou acender a luz. Isso aqui tá parecendo cemitério.

Manga aciona o interruptor. Marina observa tudo com uma certa surpresa. O efeito do álcool torna a experiência mais divertida. Continua bebendo.

Marina: Pode levar o som , mas o CD do Tom Jobim, nem pensar...

Ronaldo anda pela sala, conferindoa “mercadoria”. Continua apontando a arma para Marina.

Ronaldo: Calma aí, dona. Nóis é que manda aqui e vai levar o que quiser. A senhora fica na sua.

Manga: Ninguém qué esses CD de granfa, não!

Ronaldo: Fecha o bico ce também, Manga. Vai recolhendo tudo. Pega esse vídeo cassete que pra levar pro Tio.

Manga: (para Marina) O Tio adora filme pornô...

Ronaldo: Fecha a matraca, manga!

Marina: Calma, gente. Acho que vocês estão precisando de um gole...

Manga: Qué isso, dona. Nóis num bebe em serviço, não...

Marina: Vocês vão me estuprar?

Ronaldo aproxima-se de Marina, ofendido.

Ronaldo: Nóis num é desse tipo, não... Tráfico e estrupo é coisa de bandido.

Manga: Desse jeito a gente se ofende!

Marina: Me desculpem. Eu não tenho muita experiência em assalto.

Manga: Além disso, dona, quem faz essas coisa aí, sai no jornal e naquele programa da tv, fica muito famoso e viceia..

Marina esboça um sorriso nervoso. Plano detalhe. Manga observa o porta retrato com a foto de Tales.

Manga: (pra si) Olha a pinta desse cara, mano! (para Marina) Esse aqui com essa roupa de lorde é seu esposo, dona?

Marina: Foi...

Ronaldo também se aproxima da foto e observa.

Manga: A senhora é desquitada, é?

Marina: Não, não! Antes fosse. Meu marido morreu faz 3 meses.?(pausa) E agora eu sou assaltada...

Marina chora, descontrolada

Manga: (para Ronaldo) Ta vendo, Ronaldo! Eu falei que hoje não era dia pra trabalhá. A dona tá de resguardo da morte do esposo e gente aqui na maior falta de dó...

Ronaldo: A culpa é sua que derrubou o vaso lá atrás. Ela nem ia saber que a gente tinha entrado aqui.

Manga: Agora a culpa é minha. Eu nem queria vim. Por mim eu tava jogando bola no gringo e boa! (para Marina) Desculpa perguntar, dona. Mas seu esposo era muito moço... Morreu de assassinato...

Marina enxuga as lágrimas, levanta-se e vai até o bar, encher o copo novamente. Manga e Ronaldo se olham, reprovando a atitude de Marina.

Marina: Ele estava voltando pra casa depois de um jogo de pólo em Colina e aconteceu um acidente na estrada. Ele tinha acabado de comprar o carro.

Fade Out para Black
Fade In

SEQUÊNCIA FLASH BACK PARA INTERCALAR– TALES E O ACIDENTE

Externa. Dia. Estrada. Tales está dirigindo o carro preto de volta para casa. Tira os olhos da estrada para colocar um CD e selecionar a faixa Marina Você se Pintou. Corte. Um trator tenta atravessar a estrada próximo a uma curva. Corte. Tales ainda está sintonizando o CD. Corte. Trator invade a estrada. Corte. Na outra mão, uma caminhonete se aproxima do trator. Corte . Tales volta os olhos para a estrada e vê uma curva. Corte. O trator “morre” na faixa na qual circula o carro de Tales. Corte. Tales completa a curva, encontrando a música que procurava no CD. A música começa. Tales olha para a estrada e se assusta com o trator parado. Tenta trocar de faixa mas encontra a caminhonete. Tales freia o carro que derrapa. Slow Motion. Close de Tales em desespero. Fade out to Black. A música continua. Fade in para apartamento de Marina. A música termina num forte eco.

Manga olha a foto de Tales. Marina senta-se novamente.

Manga: (lamentando) Uma fatalidade... Tão moço.

Ronaldo: (para marina) A gente vê que a senhora num ta bem, mesmo. A senhora não se incomode que a gente já ta terminando. (para Manga) Pega logo o telefone sem fio e o vídeo e vamo embora.

Manga: Ce não vai levar nada, não! Bebé?

Ronaldo: Eu to segurando a arma, besta! Bora lá, vamo!

Manga: Sei...(resmunga)

Ronaldo senta-se ao lado de Marina.

Ronaldo: Dona, vamo fazer o seguinte...

Manga: (resmungando)Lá vai ele...

Ronaldo: (continuando) A gente não queria fazer a senhora sofrer mais, sabe?

Marina: Humm...

Ronaldo: Então eu vou fazer um trato com senhora

Manga:(resmungando) Lá vai ele...

Ronaldo: Como a gente ta vendo a situação e a gente também já sabe o endereço da senhora... Se a polícia não entrar na parada, eu prometo que a gente não aparece aqui nem pintado. Nunca mais a senhora vê nóis

Marina: (enxugando lágrimas) Tá ...

Ronaldo: Mas a senhora tem que dar uma garantia pra nós.

Manga aproxima-se por trás do sofá

Manga: Que qui cê vai pedir, Ronaldo?

Ronaldo: A senhora vai ter que me dar a carteira de identidade.

Manga: E o CIC, Ronaldo?

Ronaldo: Cala boca, Manga. A senhora entrega o RG e, se a polícia não procurar nóis, daqui uns dias a gente põe a carteira no correio e senhora recebe de volta.

Marina pega a bolsa na mesinha ao lado do sofá, abre e retira a carteira. Entrega o RG para Ronaldo.

Marina: Tanto faz... Pode levar.

Ronaldo: Tanto faz, não. A senhora não pode chamar a polícia!

Marina: Eu não vou chamar polícia nenhuma.

Ronaldo pega a carteira de identidade e se levanta.

Ronaldo: Embora, Manga.

Manga: (para Marina) Não tem dinheiro nessa bolsa aí, dona?

Ronaldo: (irritado) Vamo embora, Gordo!

Ronaldo e Manga saem em direção a cozinha. Marina olha para o teto, ainda descrente.


SEQ. 4 – MANGA E RONALDO SAEM DO PRÉDIO

Os assaltantes estão nas escadas do prédio vestindo sobre a roupa, macacões da Desentupidora Santo Antônio

Manga: Coitadinha dela, hein?

Ronaldo: Ela é moça e rica, Manga. Logo tá arrumada outra vez.

Corte. Marina está na cozinha tomando um copo d’água. Toca o interfone. Marina atende.

Marina: Sim?

Corte. Plano Médio. Guarita do Porteiro. Ronaldo e Manga aguardam impacientes. O porteiro fala no interfone.

Porteiro: Dona Marina, têm uns rapazes aqui, uns encanadores, falando que tavam aí no 15 fazendo um trabalhinho...

Corte para cozinha de Marina

Marina: (confusa) Encanadores?

Corte para guarita

Porteiro: Isso, um gordo e um alto.

Corte para cozinha de Marina

Marina: Ah, sim! Eles estavam fazendo um trabalhinho aqui, sim

Corte para guarita.

Porteiro: Então tá bom! É que eu entrei agora e, sabe como é , essa onda de assalto na cidade... (ouve) É verdade. Boa noite, então.

Ronaldo e Manga trocam olhares. O porteiro acena para eles e abre o portão. Plano Médio . A dupla toma a rua para a esquerda. A câmera gira 360 graus. Gira novamente, enquanto amanhece. Gira mais 4 vezes e pára, enquadrando a calçada em frente ao prédio de Marina, onde ela e Tia Marta caminham. Passaram-se dias desde o assalto.



SEQUÊNCIA 5 - RG DE VOLTA

Dia. Externa. Manhã. Plano Médio. Mesmo enquadramento da cena final da seqüência 3. Tia Marta e Marina caminham na calçada.

Tia Marta: Eu ainda não acredito que você esperou esses dias todos pra me contar isso, minha filha. Nem chamou a polícia.

Marina: Nem eu acredito, Tia.

Tia Marta: Mas, menina, eles podiam ter machucado você...

Marina: Acho que eles não eram como esses assaltantes que a gente ouve falar, não. Eles eram muito engraçados.

As duas param em frente à guarita. O porteiro aparece ao fundo, saindo da guarita em direção às duas.

Tia Marta: Bom! Uma coisa a gente tem que reconhecer: pelo menos esse assalto te fez rir de novo, né.

Marina: É... Eu ainda sinto falta do Tales mas depois do assalto eu resolvi enfrentar tudo com mais força. Não sei... Acho que eu acordei. Foi uma assalto meio surreal

O porteiro aproxima-se de Marina e Tia Marta com um envelope todo amassado nas mãos.

Porteiro: Dona Marina, o carteiro deixou esse envelope pra senhora. Mas já estava assim meio amassado....

O porteiro entrega o envelope para Marina que olha para Tia Marta surpresa.

Tia Marta: Será que é o que estou pensando?

Marina: Não tem remetente...

Marina abre o envelope e retira um bilhete escrito com letras de revista recortada e a sua carteira de identidade, com a foto faltando. Marina lê o bilhete, ao lado de Tia Marta. O porteiro fica por perto bisbilhotando.

Ronaldo em off: Como combinado, a senhora foi gente da fina e a gente estamos mandando o RG de volta. Desculpe a identidade recortada. O tio achou a senhora muito bonita e colou a foto na parede do quarto dele...

Marina olha a identidade sem a foto. O porteiro tenta ver mas Tia Marta o afasta com os olhos.

Ronaldo em off: Só mais uma coisa, o Manga manda falar que a senhora é bonita demais pra ficar aí bebendo desse jeito. Até nunca mais. Vamô ficar com saudade.

Marina olha para Tia Marta e começa a rir.

Tia Marta: Meu Deus do céu. E eu que achei que você tinha sonhado com esse assalto, menina.

Marina: Eu não disse que era meio estranho...

As duas caminham para o portão e entram no Predio. Tia Marta fecha o portão.

Tia Marta: É, Marina, acho que você conheceu ladrões de fino trato.

Marina: Pode?

As duas caminham conversando, de costas para a câmera que se afasta num movimento em trilho até o outro lado da rua.

Marina: É... acho que vou ter que tirar outra identidade....

Os créditos principais aparecem com o prédio ao fundo
Corte.


SEQUÊNCIA FINAL – A PAREDE DO TIO

Interna. Dia. Zoom out a partir da foto 3 x 4 de Marina colada numa parede cheia de pôsteres de mulheres nuas. Quarto muito simples. O quadro final mostra um velho numa cadeira de balanço, fumando um cigarro de palha e contemplando a foto. Numa cômoda velha está o vídeo cassete roubado do apartamento de Marina. Na pequena janela, vemos Ronaldo, Manga e outros homens jogando uma pelada.

FIM

Outros Créditos e Agradecimentos.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui