Usina de Letras
Usina de Letras
13 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62285 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10388)

Erótico (13574)

Frases (50677)

Humor (20040)

Infantil (5458)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3310)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6209)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->AS MÁQUINAS -- 14/12/2001 - 18:59 (JEFFERSON PEIXOTO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
As Máquinas



As máquinas são muito importantes para o homem, isso ninguém pode negar. Há quem não consiga viver sem elas, seja por capricho ou necessidade mesmo. Mas não se pode confiar demais nelas, estas criaturas digitais, metálicas, repletas de fios, pois quando menos se espera elas podem nos deixar na mão. Quantas vezes já tive de espremer laranja na mão, como se fazia nos tempos de vovó, porque o maldito espremedor elétrico resolve pifar; clássicos do futebol que perdi, em razão da televisão no prego; sem falar nos automóveis, esses sim, máquinas traiçoeiras, capazes de nos abandonar nas piores situações. Mas o modelo de máquina que me tirou do sério nesta noite foi uma maquininha muito importante, que tira muita gente de algumas enrascadas, o caixa eletrónico. Grande invenção. Muitos espalhados pela cidade em pontos estratégicos. Simples: Insira o cartão, digite sua senha, confirme sua senha, insira o cartão outra vez e por último o final feliz, retire seu dinheiro. Prático. Isso quando ele não resolve engolir o teu cartão e não querer devolver mais, aí é quando se aprende a não confiar em máquina.
Dez da noite. Sábado. Festas e mais festas acontecendo em Fortaleza. Eu todo arrumadinho, inaugurando roupa nova, com energia para me divertir noite a fora. Paro em supermercado na Avenida Santos Dumont e me dirijo ao caixa eletrónico localizado na entrada. Tranquilo, abro a carteira, pego o cartão para realizar meu saque, para garantir que não faltará nada nesta noite. Insiro o cartão e aguardo, como me orienta a mensagem na tela do aparelho. Aguardo, aguardo... e nada. Nada do meu cartão voltar. Começo logo a ficar desconfiado e nervoso. Aguardo mais um pouco, apertando inutilmente tudo quanto é tecla a que tenho direito. Nada do meu cartão. Então inicio o trivial procedimento quando uma máquina não funciona corretamente, o método do tapa. Uns três safanões seguros na lateral do caixa, depois uns socos nas teclas, até chegar aos pontapés, já chamando a atenção de todo mundo no supermercado, inclusive dos seguranças, que trataram de manter a ordem, indo saber de mim o que estava acontecendo.
- Nada. Apenas esse maldito caixa engoliu meu cartão! - A esta altura eu já estava exaltado.
- Fique calmo senhor, batendo na máquina é que não vai resolver, aguarde um pouco.
Se existe uma coisa que me irrita é alguém dizer: "Aguarde um pouco senhor". Aguardar nada, eu queria o meu cartão, fosse por bem o por mal. Caso fosse preciso eu colocaria aquela maldita máquina abaixo, mas não sairia dali sem meu cartão. Reiniciei o método do tapa, todo mundo a me olhar com ares de reprovação. Queria ver se essas mesmas pessoas que estavam me condenando estivessem no meu lugar. Eu não tinha um centavo no bolso, estava pronto para sair e me divertir e uma maldita máquina me impede, é de tirar qualquer um do sério.
- Senhor, poderia, por favor, parar com isso. O senhor está destruindo um património privado. - Agora era o gerente da loja que me repreendia, acompanhado de três seguranças, claro! Com a raiva que eu estava, ele no pé do meu ouvido falando besteira, sei não.
- Meu amigo, eu acho que você não entendeu. Essa maldita máquina engoliu o meu cartão de crédito e eu o quero de volta. Está claro agora? - eu já suava.
- Se o senhor não parar, serei obrigado a lhe deter e chamar a polícia. - Falou o gerente. Escondendo-se atrás dos guarda-roupas que lhe garantiam a moral.
- Polícia? Você tem que chamar é alguém que saiba abrir esse troço e tirar o meu cartão, ora polícia, dane-se você, seus seguranças e a polícia! Eu quero o meu cartão!
A confusão então tomou maiores proporções, o gerente mandou os guarda-roupas me levarem, um me pegou pelo braço, o outro veio com um negócio de me agarrar por trás. Por trás o caramba, não gosto de homem fungando no meu pescoço. Reagi. Uma briga foi iniciada, eu em grande desvantagem, mas não me rendi fácil, me estrebuchei até quando deu. Sopapo pra lá, tapa pra cá... Um senhor ia passando e nos chamou a atenção. O conflito teve uma trégua.
- Moço, o seu cartão saiu, olha lá.
Não é que a maldita máquina devolveu meu cartão. Os sujeitos que travavam uma batalha comigo sorriram, eu então, de orelha a orelha, o gerente até tapinha nas costas me deu. "Que sufoco, hein?!" Ficou tudo numa boa. Ambos nos desculpamos. "O que é isso", " Besteira, precisa se desculpar não", "Ainda bem que deu tudo certo para o senhor". Tudo havia se controlado, a maldita máquina não tinha conseguido criar uma discórdia maior entre os homens, prevaleceu a serenidade humana. Depois daquele incidente nem quis mais sair para lugar nenhum, voltei para casa e fui indiferente a qualquer tipo de máquina, apenas o carro tive que utilizar, só para chegar em meu lar, naquela noite nem a televisão tive vontade de ligar. Não se pode mesmo confiar nas máquinas.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui