Quem assistiu ao filme “El Cid lembra-se, certamente, da cena épica do final da memorável película, quando o supremo comandante dos espanhóis enfrenta, depois de morto, amarrado o cadáver à sela de seu cavalo branco, os mouros, que fogem aterrorizados, em debandada. Pois é assim mesmo. Os verdadeiros líderes podem e devem delegar ao máximo a realização de atividades, mas não devem renunciar jamais à participação, envolvimento e chefia, nem depois de concluída sua missão, quanto mais durante. Delegar significa atribuir responsabilidades para a equipe, mas para que as pessoas ao redor cresçam e se desenvolvam, cada uma delas no seu nível, em seu trabalho e na própria liderança e atribuições. Significa também dividir, democraticamente, as responsabilidades e os ganhos.
Todavia, o verdadeiro líder, mesmo quando entrega determinado trabalho a seu subordinado permanece na coordenação, oferecendo apoio, esclarecendo detalhes que não ficaram bem entendidos, apontando e facilitando soluções para o problema, demonstrando sempre que continua comprometido com o sucesso de cada um dos componentes da equipe.
Imagine um técnico de futebol que não assista a partida e não acompanhe cada passo do jogo, não se envolva, não vibre com os gols de sua equipe, não sofra com um pênalti perdido e com jogadas erradas, não esteja atento substituindo os que não estão em condições de jogar e diga, ao final, que o resultado não é com ele e que já cumpriu toda sua missão nos dias anteriores ao jogo e no vestiário. Pode imaginar isso?
Há alguns pretensos chefes ou líderes que imaginam que são líderes ao jogar seus funcionários na fogueira ou em dizer para eles “vire-se”, “isso é com vocês”, “só fale comigo depois do trabalho realizado” , “não quero nem saber, é problema seu.”, e outras frases desse tipo.
Isso não é delegar, mas chama-se de abdicar, de renunciar ao trabalho maravilhoso de liderar e motivar pessoas. Quem delega precisa estar consciente de que não vai interferir a todo momento no trabalho para provocar aquela sensação de “estar pegando no pé” do liderado, mas também deve passar a sensação de que as pessoas poderão contar com ele, sempre que necessitarem.
Um líder que abdica, que entrega tudo e desce do cavalo branco da responsabilidade, gera tensão e ansiedade, além de insegurança , entre aqueles que lidera, além de não conseguir fazer com que os seus funcionários desenvolvam o potencial que certamente tem, como maravilhosos seres humanos que são.
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