ainda penso ainda tento narrar eu não consigo e nem conseguirei não consegue ninguém nem mesmo a própria vida consegue viver sem ser narrada ou rotulada
eu sou mais um rotulador um desgraçado de um rotulador eu não mereço encontrar nada e por isso devo não ter encontrado e ninguém encontrará e todos sentem e
não poderão tocar nada do que sentem é a maldição da vida é a porra da vida dessa merda de mundo de coisas psicológicas impegáveis e sentíveis mais tudo isso
que eu disse não adianta meu corpo é nau abandonada ao vento porque a insônia continua e nada muda o dia ainda não amanheceu e eu reviro e reviro minha embarcação e
nada encontro nas trevas do meu quarto
quero levantar-me desta vida
aposentar-me destas buscas
sair do mundo de Alice
mergulhar no vazio e desaparecer
rolar mar afora sem pensar em nada
não há o que buscar
nada há para se encontrar
viver mediocremente e comer das migalhas
Deus nos dá migalhas e caga de rir
eu me contento para diminuir-lhe o deleite
eu sou uma partícula do tudo que é o todo
apenas um tolo
já não digere bem o dentro do meu dentro pois vejo uma massa repulsiva
acumular-se pelo lodo negro do meu piso são grãos de arroz e massa de pão
mal apodrecidos contendo larvas e uma delas tornou-se minha amiga chama-se
larva é tão gorda e bonita que sinto sua falta quando mergulha no grosso
tapete de lodo e fungos de meu piso dei-lhe um pouco do meu ópio misturado
com um pouco de vômito e contei-lhe a minha vida e como fui feliz na infância
quando minha mãe embalava-me numa rede e cantava baixinho como era suave suas
canções contei-lhe minha vida de mentiras também e as vantagens habituais das
mulheres que eu tive e outras mentiras que a larva absorvia com grande desinteresse
até que começou à inchar e morreu de tão gorda ou ficou tão cheia de comida que
desmaiou minha pobre amiga larva o dentro do meu dentro começa também a inchar
sinto que não tenho muita escolha levanto-me e tento alcançar a porta mais não
existe porta nem mesmo um buraco somente em sonhos vejo uma saída mas esta saída
é para a sala e a sala não tem saída para a rua porque a rua é utopia somente
meu corpo como casa minha mente doentia vaga por toda minha morada e não sai do
quarto
navio perdido na escuridão
singrando pelas ondas vai tão só
marujo e capitão
alimento e tripulação
ilusão e ventos nas minhas velas
não existe mais terra alguma
das minhas paredes escorrem lembranças como um rosário e vou percorrendo um
por um cada conta como se eu fora um catolaico ou jeovaca mais não vejo nada
como resultado felizes daqueles que acreditam em algo porque encontram nas suas
ilusões alguma resposta é também um ópio como o meu negro ópio que é tentar
encontrar a parte brilhante da minha vida
a vida não tem razão
ela é vagabunda
palhaço de quem leva algo a sério
tudo é quimera
o único sentimento que importa é a vontade de encontrar a felicidade sou
pedra bruta enquanto não olhar nos olhos do último dos capetas deste grande
inferno e nada encontrar então entro e começo a cavar na lava quente e se nada
encontrar eu volto e desisto de olhar para meu passado e torno-me o próprio
deserto ele também tem sua beleza os momentos começam a desencontrarem-se em
minha cabeça como um caleidoscópio restringem-se em sua beleza de refletir e
aparentar doçuras eu começo a entender eu devo ter algum sentido nesta desorganização
e devo também brilhar em algum ponto distante é difícil ver eu mesmo porque meus olhos
ficam muito pertos de mim mesmo andei em voltas concêntricas até me encontrar e
encontrando-me não pude encarar-me porque tudo é movimento e se eu me encontrar de
vez eu torno-me Deus e então dou uma banana para o mundo não devem permitir que
isso aconteça são borrões esses demônios o mundo é do Capeta e Deus é anjo rebelde
por isso tudo eu fui barrado na porta da criação e rotulado de rebelde esses cães
negros e malditos que se esbarram como grandes pedaços de pão e grãos de arroz pelo
piso de trevas do meu quarto quando movidos pelas larvas .........................
Bem longe de mim deverá existir alguma coisa que seja melhor do que esta minha busca
mas esta é a minha busca é minha como uma vaca ou uma porca aceito esta busca até
encontrar o vazio completo vou estar lá e nada vai mudar além de tudo o que existe de
podre ou não porque tudo fede é questão de tempo neste bailar das larvas e objetos eu
continuo observando sem medo ou receio cada camada de vômito deteriorado que borbulha
deste grosso tapete o mundo dos bonecos reprodutores deve ser legal estes zumbis que
percorrem o meu pensamento doentio parentes zumbis preocupados ou agastados grande merda
todos eles e estes objetos eu vivo neste mar roxo azulado de pintas verdes e mofo e seres
deformados como imagens barrocas loucas e tortas são os demônios que nos fazem esculpir
anjos e santos
maniqueísmo maluco e ridículo e daí e eu sou um arroto assombroso um ser horrível um merda
mas pior estes zumbis que são além dessa porra toda pela sacos e me incomodam com gritos e remédios
e um monte de sacodidões e choro coisas patéticas como ladainhas e sermões extrema unção e benzedeiras
com cheiro de buceta mal lavada e ervas cor de sei lá o que com um cheiro horrível puta que pariu para
estes filhos de Deus Deus é um bosta um bostão me sinto tão bem em dizer e pensar que um dia até ele vai
se foder todo vai levar no tobas eu prefiro queimar no inferno do que ficar como estes zumbis cagando de
medo e escandalizando e escandalizando se ele me matasse já seria um meio de encontrar algum sentido para
minha busca o poder do mais cacetudo quem saberá se não é o meio melhor de explicar rotular filhodaputar ou
qualquer coisa merdar bostar embostiar tudo o que existe nesta merda de arco íris cor de cinza e roxo e negro
o grande buraco no meio do vazio cujo nome é Poder do mais fraco e vitória do perdedor culto de todas as culpas e
veneração dos coitadinhos eu desprezo todo homem todo fraco ensaboado ou zumbi de cruzinha eu sou o celibato em
pessoa o manto negro é veste da alma e minha doutrina é só minha porque somente existe o meu quarto e eu até as
larvas se cansam e voltam ao lodo mas os zumbis vão e eu estou novamente neste meu navio rumo ao mundo de Alice
sem volta ou a Terra do Nunca quem dera chegar mas nada existe nada se encontra nada nada nada nada nada nada nada
e digo com todo a minha alma com todo o meu ser minha voz em mais alto tom sem medo ou vergonha Deus me ajude me ajude a sair
deste navio horrível me mostre sua face será que embalará minha alma como minha mãe fazia suas mãos suaves em minhas costas me
deixe ver seus olhos me deixe te abraçar e afagar suas barbas e cabelos e dormir em seu colo segurando suas mãos eu quero ficar
com meu Deus e perguntar quem toma conta de minha vida quem sou eu porque eu estou neste deserto mas nada acontece e o dia não amanhece e
tudo adormece menos eu que nunca durmo eu desmaio eu acordo e desmaio novamente até os pernilongos dormem que pena que dormem eles são alegres
são bonitos Deus é um pernilongo que vem sugar meu sangue ele é bom faz-me tão bem senti-lo perto de mim fazendo uma zoeira danada mas o dia não
amanhece por causa dele ele é um confortozinho um bostinha feliz Achei a palavra é feliz eu sou feliz eu sou feliz é isso mesmo é bom dizer que
sou feliz How beutiful could a being be but the night never end and I still with my gloomy and my God
vômito
vômito
vômito
vô-mi-to
bendita é a bosta fedorenta na privada
vômito
vômito
vômito
vô-mi- to
que a puta que o pariu esteja convosco
ela esta no tobas de vós
merdem
tililim tililim tililim tililim
cordeiro currado tende o raio que te parta
merdem
vômito
vômito
vômito
vômito
meu abajur reflete a vermelha sombra da noite a lâmpada é pusilânime e
o meu quarto pequeno o cheiro das doçuras da infância entram pela fresta das
janelas com uma repentina brisa que vem adoçar-me o coração é calmaria nas trevas e
tudo esta calmo e suave a minha mente vaga sobre um tempo muito distante lembro-me
do corpo de uma mulher sobre o meu pequeno corpo mãos fortes que davam-me segurança
em terra firme os seios fartos e um sorriso molhado que tocava-me o peito e a barriga
espalhava calor molhado em meu corpo e orgasmo em toda a minha alma levantava-me no
espaço e o poder daquele corpo sensível junto ao meu frágil tempo de saborear tanta
sensualidade de agora que se restringe ao meu cérebro se resumia em uma superfície de
sexo espalhada em tudo o que era de meu mas me foi arrancado aquele corpo e jogado diante
de um sermão barato de um filho da puta que fala tanta porcaria que até hoje o hálito do
maldito fede à bosta e todos se ajoelham perante as suas castrações mais terríveis e se
espalham como um câncer essa virtude dos fracos que se restringem em tudo o que é natural
ou melhor dizendo saboroso ou particularmente pensando todos eles sãos uns bostas eles são os
zumbis deles é que falo dos zumbis que muito vêm até o meu corpo derreado falando e gritando
sacudindo e chorando estes zumbis mortos vivos mais mortos do que vivos pregando e moralizando
fodendo-se mutuamente em nome de Cristo nosso Senhor pois são casados e eu sou a desgraça em que
eles tem que por hipocrisia acharem-se preocupados que se fodam na puta que os pariu eu quero a
solidão e não os esculápios e os urubus que ficam vindo me encher o saco eu quero que Deus, esse
Deus dos bostas socialmente aceitos morra afogado em tanta hipocrisia e como é triste a morte assim
no meio destes cadáveres que andam e vão por aí pregando e pregando uma moral pobre e ridícula eu sei
que errei o caminho em algum lugar pois encontro agora um abutre sobre um monte de lixo olho e nada
vejo além de escombros lá vem novamente um vento terrível é hora de recomeçar a minha busca pois nada
encontro para pegar ou agarrar de real nesta paisagem inóspita eu estou agora em um dilúvio afundo e
volto novamente até a tona é um vendaval devo estar amanhecendo ouço vozes dentro de mim é o dia é real
é somente um farol de carro que passa rapidamente nada mais que um farol...
Enquanto o carro esta esquentando na garagem acendo um cigarro de maconha e dou profundas tragadas
Resolvo então tomar um café e me sacrifico em encarar os meus parentes.
O dia pela frente tem o ânimo de um monstro destruidor e eu sinto que cada parte do meu corpo esta
dolorida e minha cabeça pesa para um dos lados...
_Marianinha ligou, disse que vai te telefonar mais tarde !
_ Obrigado, mãe
Penoso é carregar os enormes globos oculares, pedunculados apoiam-se sobre os ombros e para não balançarem apoio-os
com as mãos O sol quente deixa os enormes sacos conjuntivais vermelhos e as lágrimas correm copiosas molhando o rosto e
o peito do monstro. Marianinha sente piedade e desfere uma forte bofetada com a bolsa sobre os meus olhos e caio no chão
e contorcendo-me de dor e me masturbando violentamente e constrangendo a mulher
-A multidão começa a apedrejar -me e corro em direção ao esgoto e o esperma vai respingando pelo chão.
Falei dos cabelos e dos lábios e ela não sorriu. Outra notou o constrangimento da amiga e criou o embaraço nos olhos meus que buscaram o chão.
A tarde vai tornando rubro o céu e tudo vai escurecendo na boca da noite. Nos horizontes o peso do fracasso incerto. Repete em minha mente os
fatos tentando alterá-los. Raramente um sorriso e logo depois o contorcer das mãos ao redor da boca indicando dúvida e o cansaço leva-me ao pessimismo de maneira cíclica.
Ela não se lembra dos versos, não se lembra de mim e nem de nada alheio aos seus afazeres, sei pelos passos mansos que a levou para longe, o rosto enfadado e o balançar dos
braços que moveram-se tranquilos em trajetórias opostas entre si Quem será esta mulher que nos meus delírios me torna um caçador quero saber se dela farei um medicamento
para minha angústia mesmo que ela nunca saiba que eu existo ou mesmo que ela não exista como um ser que come e que defeca como um tatuzinho também mas como uma inspiração
para minhas masturbações ou mesmo como minha amada gueixa quando a lâmpada azul da melancolia avermelhar pela porta do tédio o potente tédio tem o poder de fazer uma mortal
defecante obter o brilho dos livros de José de Alencar será que esta aí o meu destino tão incerto a fantasia adocicada de Alencar o efeito dúbio de ser princesa e cheiro de
sovaco me traz ainda mais mistérios sobre Marianinha um brilho estranho se faz na janela do meu quarto pela difração da luz é um fiapo de luz vindo de algum farol é um simples e
cinético farol cor de merda nenhuma medica-me farol de uma figa desta minha podre treva como o potente e negro mofo que se espalha pelas paredes deste cubículo e penetra-me nas
veias como se fora um mar negro invadindo cada sentimento de culpa e me faz um bem terrível dentro do que representa o próprio mal o bem que porra todos estes conceitos me faz desmaiar
o que é bom será que eu estou virando gente até sinto voltar o minha circulação e ouço o meu coração feito tambor é saúde não é coração bate mesmo ou será que baterá tão forte estou melhor
melhor sinto até fome quero um copo de água Marianinha Marianinha Marianinha mas não há esta não há o ópio esta
tornando-se fraco pois acordei e me sinto dolorido e fatigado sinto-me contrair os músculos do pescoço e arde-me a nuca DOOOOOOOOOOOOOOOOORRRRRR
DOOOOOOOOOOOORRRRRRRRRRRRR
TEEEEEEEEDDDDDDDDDIIIIIIIIOOOOOOOOOOOOOOO
eu quero levantar-me mas existe um abismo e eu me sinto cair cair socorro Marianinha socorro Larva gorda e amiga eu vou cair e vou morrer
Vagabundaaaaaa.... me ajude ajude-me sua vacaaaaa....