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Poesias-->Passado Passado -- 21/04/2002 - 19:30 (André da Silva Galvão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Em minha cabeça um sol tórrido desliza rigidamente

como o bonito desenho de um caleidoscópio acompanhando-o

um fragmento de céu azul depois de algumas sacudidelas

ele se imobiliza fico todo iluminado por dentro de que

momento especial esse brilho se destacou subitamente

deixo-me resvalar no passado paro um instante em um

ponto brilhante espero sinto meu coração bater vasculho

com o olhar a praça deserta não vejo nada levantou-se

um vento bastante forte enganei-me não tenho pressa

em recomeçar a minha busca não tenho nenhum desejo a

não ser talvez o de adormecer profundamente contudo

nos braços de Morfeu nunca eu coube vivo no passado

recordo tudo o que me aconteceu toda a minha história

é bastante bela dou-lhe uns retoques e o que fica é uma

sequência de momentos perfeitos então fecho os olhos e tento

imaginar que ainda vivo dentro deles não tive aventuras

aconteceram-me fatos incidentes histórias tudo o que se quiser

mas não aventuras não é uma questão de palavras começo a entender

sob a ótica pouco objetiva de um insone que manobra o tempo

em idéias há algo que eu prezo mais do que todo o resto sem

perceber muito bem não é o amor nem o sucesso nem a riqueza

pobre de mim quando tento narrar tudo muda as coisas acontecem

num sentido e eu narro em sentido inverso o relato prossegue

às avessas os instantes deixam de empilharem-se uns sobre os

outros foram engolidos pelo fim da história que os atrai e

cada um atrai por sua vez o instante que o precede o mundo das

explicações não é o mundo da razão quero pensar sem palavras

sobre os acontecimentos com os acontecimentos quem sabe quando

eu chegar a formular nada eu encontre o sol desse meu momento feliz

de tarde antes de tomar café eu me assentava ao pé de uma jaboticabeira

tendo em minhas mãos uma pequena coleção de figurinhas lembro-me de minha infância

coberta de doçuras lembro-me dos passarinhos e das flores minha mãe contava-me

histórias enquanto imprimia movimentos suaves numa imensa rede com

estampas coloridas sempre a sombra sempre a dor como uma serpente à espreitar

difícil escurecer a minha infância que vejo agora no fim de um túnel

muitas vezes um sentimento de frio sacode minha alma como se tudo estivesse

perdido para sempre caminhando para as mais profundas trevas sinto agora que

percorri enorme caminho para o nada mas desconfio que toda essa digressão é

feita apenas para adiar a pobreza dos fatos que ocorreram na minha

vida transgredir porém os meus próprios princípios é além de pobre

muito raro os preconceitos que possuem as raízes mais profundas que os

princípios vão formando uma escada em caracol para o centro do inferno

abrirei as portas do inferno e libertarei todos os demônios de que eu

for suficientemente forte para suportar os terríveis hálitos entre os mais

terríveis demônios o mais odioso é aquele que costuma por maldade

esconder-se como uma sombra entre o que sinto e o que busco no meu

passado esses agressores transformam-se em formas estranhas borrões

agitados ferozmente numa corrida frenética sangrenta em minha direção

acabam finalmente se diluindo numa escuridão e tranqüilidade absoluta

nos olhos de uma imagem de madeira nasci de um sonho coração barroco

e alma perfeita neoclássica sonhos de nuvens e casa de areia minha casa

é o meu corpo sempre foi de tanto chorar aprendi a falar e de sonhar

aprendi a sorrir e nunca mais chorei cresci como crescem os fungos e

as ervas daninhas e brincava como brincam também os cachorrinhos morri

de uma noite bem dormida de que não vi a lua e nem o sol pela manhã nunca

mais permutei por sorrisos minha amizade e guardei minha inimizade numa

caixa de titânio cansei-me dos sorrisos carrancas de hipocrisia a filosofia

abriu-me a caixa de titânio e eternizou o nada a filosofia é o próprio Deus

que nasceu de si próprio para sentar à direita de si próprio maldita caixa aberta

maldita filosofia e maldita vida de representações baratas no Asilo em que estive

antes de morrer vejo agora algumas vagas lembranças felizes mas eu estava tão velho

e fraco que por certo minha memória deve ter falhado já não culpo aquele demônio

nesta fase de minha vida em que relembro agora pois foi ele para mim um anjo

nesta fase em que as sensações são raras e as lembranças fartas O relógio ruidoso

martela minha cabeça enquanto a maçaneta da porta transfigura-se em muitas formas

pela vermelha luva do abajur que embrulha as revistas e livros na ponta de um grande

artefato de bambu e barbante num baloiço e num sonoro rugir de mil inseguranças do

dia desperdiçado com outros barulhos e luzes inocentes barulho de chamas de velas

infernais e batismo de mil estrelas que já morreram esmagadas pela sua própria existência

não amanhecerá até que amanheça enquanto for noite e a noite não acabar e o dia não chegar

e as trevas não se dissiparem e o sol não se fizer presente e as pessoas não começarem

a falar e a andar e não amanhecerá enquanto o relógio não se calar e esta luz vermelha

do abajur não intimidar-se e enquanto eu não parar de girar em espiral em torno desta

escada maluca que não vai dar em nada se o nada for realmente o vazio em que mergulharam

todas as coisas que nada significam onde está o fim do filme quando a tela se apaga

tudo continua e o filme não faz sentido e é maçante como os velhos filmes mas não há

como escapar desta cena trágica e torturante como se meus olhos não tivessem pálpebras

e a tela não tivesse fim onde está o sol que invade meu quarto e o barulho da rotina

e o cheiro do café e das torradas um homem somente precisa de café e torradas de onde

veio esta lembrança destes odores e sensações suaves vem também a idéia maluca de uma

mesa com asas e de uma vassoura de capim um cavalinho de barro e uma planta com grandes

folhas roxas louça é isso mesmo uma velha louça qualquer que já se partiu na lei da

degradação universal um velho espelho de cristal uma mulher de papel e bolores de cor

verde e cinza

um velho castiçal

uma fé e bolores de cor verde e cinza

santos feitos de barro e porcelana sobre a mesa

uma gaiola de bambu contendo livros e receitas de doces

uma tubulação de plástico e muitos musgos no meu teto

uma mulher de fantasia e a cabeça confusa

um futuro observável

um mofo negro no piso do meu quarto

onde está este momento feliz eu quero agarrar e abraçar e engolir e

tornar engolir e engolir e engolfar e tragar e possuir e me

torná-lo e sê-lo ele mesmo como uma transformação espetacular e fanática

uma transformação milagrosa de água em pura água e de corpo em devaneios

agora um enorme abutre de sombras ronda minha cabeça torneado de odores

saponáceos roncando como uma cachoeira de centenas de quedas e de águas

espumantes milhares de sons e vozes de frases desencontradas e lembranças

de faces em relâmpagos de imagens e pernas e bundas e seios e olhos e

sorrisos e sexo e mulheres de papel e fungos verdes que vão formando degraus

em escaladas profundas até outros lances de escadas que vão definindo uma

mescla vermelha de louças e cavalos e mesas e virgens nuas sobre uma urna

funerária de tamanhos cósmicos e galáxias de perfumadas vaginas cabelos e

pentelhos de aço que envolvem um redemoinho de trevas e de tampinhas de garrafa

e moedas da cor do cobre e do verde que brota deste cobre da cor do vermelho

que envolve como uma luva a ponta de um navio com um mastro de espiral um

homem de palha e demônios de sombras com hálitos de sabão e barulho de

silêncio demônios que se escondem e aparecem com a velocidade de um raio

intempestivo da janela um monstro vampiresco surge com seus caninos afiados

e um enorme serrote de bambu em que vejo as farpas percorrerem meus olhos

com o peso de uma pluma e a velocidade de uma lesma que se arrasta vazando

meus globos oculares enquanto a seiva escorre escura e melosa pelo piso negro

do meu quarto vou como um zumbi e como um cachorro e como um louco procurar o

ópio que penetra nas minhas veias e como uma seiva em árvore desaparece leitoso

por meu enorme vazio uma praça e um vento forte e um navio encalhado no centro

desapareço de vez e apareço novamente em um enorme balanço minha mãe balança e

eu sinto a brisa no meu rosto e nas costas suas mãos mais suaves que a brisa e

o balanço para no ar e eu caio no vazio no inferno no escuro mais escuro de um

abismo sem fim

A noite vai cair

mal agouro

toda a vida é dia

antes da noite

mal presságio

um sentimento alegre percorre gélido o meu corpo é o sol mas o sol se apaga era

um farol de um carro até o carro é alegre como um pernilongo é alegre mas o

pernilongo cala-se e o farol apaga-se e o sol continua e nunca acaba mesmo nas

trevas ele continua e continua como um mar de calor em minha cabeça uma noite

gélida desliza frouxamente enquanto os meus dedos percorrem o macio do travesseiro

e uma sineta toca e o cheiro do café e das torradas surgem enquanto vou entrando

dentro de minha armadura de carne e ossos doloridos é dia que nasce dinamicamente

e a meus pés caminham ávidos de abrir a porta mais a porta não existe e eu ainda estou

na cama e o cheiro não existe e a rotina não existe é miragem estou no mar e a sineta é

galhofeira e maldosa e os abutres pousam em meus olhos e eu adormeço fatigado eu desmaiado

vejo nuvens negras e pápulas rubras na tela escura que o ar se tornou é o sangue e a carne

das trevas que cobrem o mundo dos insones aqui é o mundo onde tudo é importante o dinheiro

e a vaidade rodopiam e todos os seres que tem olhos podem ver e sentir sua presença entrando

na carne como um punhal de láudano e destruindo as últimas fases da consciência adormeço

finalmente

Adormecer é uma forma de morrer

Nada nunca morrerá para sempre

Nada nunca morreu

Nada adormece completamente

A sombra continua

paisagens fantásticas e lugares exóticos animais de todos os tipos plantas de todas as cores

correntes de ventos e mares e areia e mulheres pretas e tangas meu pescoço dolorido me faz

mergulhar novamente em meu quarto e vejo o vazio sinto o tédio e o dia não amanhece eu ando

em voltas concêntricas e encontro eu mesmo no centro sossegado e sorridente cada vez que

encontro-me caio de costas e vejo ratos e aranhas feitas de sombras vindas das paredes e ouço

alaridos e vozes em coro dubladas pelo silêncio e entrecortadas pelo vazio vejo agora uma onda

percorrendo a parede e nela um rato surfista e uma mulher tomando banho de sol e tudo se apaga

sob um navio de mastro em caracol que segue um velho farol vermelho que se encontra longe

na praia e um grande mar de trevas inunda tudo e o navio naufraga e eu grito violentamente

enquanto borrões agitados vão tomando a forma humana e batendo-me no rosto e de repente eu

apareço em um mundo cartesiano e seres equivalentes e nervosos e inquietos que logo somem

novamente aparecem trazendo um líquido incolor dentro de um cone de vidro sem tampa e que escorre

por um tubo dentro de meu dentro e somem de vez e eu apareço novamente na escuridão escuriforme

e desencontrada é o mundo dos loucos de que eu tenho os dois pés e um dos braços e a barriga

atolados

Morfeu

Morfina e marasmo

marujo sem nau

mar de ópio e loucura

marulhos

um chinelo espia-me ouço vozes e não saio da cama eu aperto os olhos e mergulho no passado

vou por trilhas que voltam quando eu vou então ando de fasto e vejo grandes degraus que

desaparecem rapidamente quando tiro-lhes o pé passo a manhã o dia e a tarde na cama em busca

fanática e a noite cai eu percebo que a noite voltou eu não consigo andar para a porta meu

piso tornou-se esteira e meu quarto quatro paredes sem porta e o teto e o piso estou murado

neste inferno de busca eu quero pegar a felicidade e tragá-la e engoli-la e sê-la e tornar-me

ela própria mas eu fui tragado

Vaidade de criança

buscar alhures

viver é jogar fora a vida

buscar é perder

viver é não encontrar

quem quer morrer quer ir para o céu mas não há céu não há nada quem busca quer

encontrar mais nada pode abarcar os fantasmas que lá existem e que não são estarei

sozinho tornando-me pasta e terra e musgo e nada e nada e nada e nada ...

olhar para um lado é renunciar ao outro

viver é como naufragar

não existe praia e nem ilhas

pior se existissem

leio os livros começando pelo fim paro a leitura e leio agora algumas páginas do

centro e do início nada encontro além de frases soltas desarticuladas

a vida é frase solta

minhas orações são insubordinadas

meus períodos compostos por descoordenação

A linguagem é labirinto e eu me perdi também mas me encontrei na porta da sala

e vi meu quarto atrás de mim eu consegui pelo menos sair do meu quarto nunca mais

entro lá mas então todo o mundo vira o meu quarto e o meu quarto torna-se a saída

e eu volto e nada encontro além do escuro vazio em que me deito e novamente começo

buscar um momento feliz

não existe saída para quem busca

viver e voar

nadar ou andar

tudo é ilusão

palmatórias e livros dependurados no meu quarto meu eu somente meu corpo velhos

adágios e mulheres de papel e bolores são as folhas verdes do manto funerário que

cobrem a cabeceira meu navio que singra pela escuridão agora sem formas e desnuda

de qualquer compaixão uma oração apodrecendo na porta do velho guarda roupa adquire

aparência sinistra são os demônios que nos fazem construir os santos nossos demônios

nos torturam e brotam de nossas mãos formas angelicais e grandes enredos e nada e muito

de nada de pouco em pouco do que sonda a velha lava do vulcão apagado de onde brota das

trevas a lava quente e vermelha que cobre a minha maçaneta e enovela o meu navio como um

farol sinistro quanto perderei ainda por buscar ainda não sei ser muito pouco nesta vida de

tropeiro que busca um gado celeste e de rédeas sem rédeas amorfas a um tempo a massa alimentar

que desce por dentro do meu dentro não toma outro rumo se não voltar e uma circunferência

negra percorre meus aparelhos de ver que ficaram como dois montes e nas noites um ser chora

em meu redor e por devaneios bate-me forte na parte frontal mais alta e por nada de mais violento

o escuro passa ou transforma-se são feridas da noite que caiu dentro de minha alva alma de outrora

de longe da vida e perto das estrelas mais decadentes que penetram pela mansarda do meu quarto sem

mansarda e sem porta e sem janela somente o ópio e a névoa da mais terrível escuridão que

é o vazio penetram em meu corpo que é meu quarto que é minha casa meu navio sem mar sem nada só

navio sem tripulação nem sei se é navio mesmo ou não pode ser deserto ou qualquer coisa imóvel ou

rasteiro que não corre mais vive ou não vive mais sofre

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ainda penso ainda tento narrar eu não consigo e nem conseguirei não consegue ninguém nem mesmo a própria vida consegue viver sem ser narrada ou rotulada

eu sou mais um rotulador um desgraçado de um rotulador eu não mereço encontrar nada e por isso devo não ter encontrado e ninguém encontrará e todos sentem e

não poderão tocar nada do que sentem é a maldição da vida é a porra da vida dessa merda de mundo de coisas psicológicas impegáveis e sentíveis mais tudo isso

que eu disse não adianta meu corpo é nau abandonada ao vento porque a insônia continua e nada muda o dia ainda não amanheceu e eu reviro e reviro minha embarcação e

nada encontro nas trevas do meu quarto

quero levantar-me desta vida

aposentar-me destas buscas

sair do mundo de Alice

mergulhar no vazio e desaparecer

rolar mar afora sem pensar em nada

não há o que buscar

nada há para se encontrar

viver mediocremente e comer das migalhas

Deus nos dá migalhas e caga de rir

eu me contento para diminuir-lhe o deleite

eu sou uma partícula do tudo que é o todo

apenas um tolo

já não digere bem o dentro do meu dentro pois vejo uma massa repulsiva

acumular-se pelo lodo negro do meu piso são grãos de arroz e massa de pão

mal apodrecidos contendo larvas e uma delas tornou-se minha amiga chama-se

larva é tão gorda e bonita que sinto sua falta quando mergulha no grosso

tapete de lodo e fungos de meu piso dei-lhe um pouco do meu ópio misturado

com um pouco de vômito e contei-lhe a minha vida e como fui feliz na infância

quando minha mãe embalava-me numa rede e cantava baixinho como era suave suas

canções contei-lhe minha vida de mentiras também e as vantagens habituais das

mulheres que eu tive e outras mentiras que a larva absorvia com grande desinteresse

até que começou à inchar e morreu de tão gorda ou ficou tão cheia de comida que

desmaiou minha pobre amiga larva o dentro do meu dentro começa também a inchar

sinto que não tenho muita escolha levanto-me e tento alcançar a porta mais não

existe porta nem mesmo um buraco somente em sonhos vejo uma saída mas esta saída

é para a sala e a sala não tem saída para a rua porque a rua é utopia somente

meu corpo como casa minha mente doentia vaga por toda minha morada e não sai do

quarto

navio perdido na escuridão

singrando pelas ondas vai tão só

marujo e capitão

alimento e tripulação

ilusão e ventos nas minhas velas

não existe mais terra alguma

das minhas paredes escorrem lembranças como um rosário e vou percorrendo um

por um cada conta como se eu fora um catolaico ou jeovaca mais não vejo nada

como resultado felizes daqueles que acreditam em algo porque encontram nas suas

ilusões alguma resposta é também um ópio como o meu negro ópio que é tentar

encontrar a parte brilhante da minha vida

a vida não tem razão

ela é vagabunda

palhaço de quem leva algo a sério

tudo é quimera

o único sentimento que importa é a vontade de encontrar a felicidade sou

pedra bruta enquanto não olhar nos olhos do último dos capetas deste grande

inferno e nada encontrar então entro e começo a cavar na lava quente e se nada

encontrar eu volto e desisto de olhar para meu passado e torno-me o próprio

deserto ele também tem sua beleza os momentos começam a desencontrarem-se em

minha cabeça como um caleidoscópio restringem-se em sua beleza de refletir e

aparentar doçuras eu começo a entender eu devo ter algum sentido nesta desorganização

e devo também brilhar em algum ponto distante é difícil ver eu mesmo porque meus olhos

ficam muito pertos de mim mesmo andei em voltas concêntricas até me encontrar e

encontrando-me não pude encarar-me porque tudo é movimento e se eu me encontrar de

vez eu torno-me Deus e então dou uma banana para o mundo não devem permitir que

isso aconteça são borrões esses demônios o mundo é do Capeta e Deus é anjo rebelde

por isso tudo eu fui barrado na porta da criação e rotulado de rebelde esses cães

negros e malditos que se esbarram como grandes pedaços de pão e grãos de arroz pelo

piso de trevas do meu quarto quando movidos pelas larvas .........................

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Bem longe de mim deverá existir alguma coisa que seja melhor do que esta minha busca

mas esta é a minha busca é minha como uma vaca ou uma porca aceito esta busca até

encontrar o vazio completo vou estar lá e nada vai mudar além de tudo o que existe de

podre ou não porque tudo fede é questão de tempo neste bailar das larvas e objetos eu

continuo observando sem medo ou receio cada camada de vômito deteriorado que borbulha

deste grosso tapete o mundo dos bonecos reprodutores deve ser legal estes zumbis que

percorrem o meu pensamento doentio parentes zumbis preocupados ou agastados grande merda

todos eles e estes objetos eu vivo neste mar roxo azulado de pintas verdes e mofo e seres

deformados como imagens barrocas loucas e tortas são os demônios que nos fazem esculpir

anjos e santos

maniqueísmo maluco e ridículo e daí e eu sou um arroto assombroso um ser horrível um merda

mas pior estes zumbis que são além dessa porra toda pela sacos e me incomodam com gritos e remédios

e um monte de sacodidões e choro coisas patéticas como ladainhas e sermões extrema unção e benzedeiras

com cheiro de buceta mal lavada e ervas cor de sei lá o que com um cheiro horrível puta que pariu para

estes filhos de Deus Deus é um bosta um bostão me sinto tão bem em dizer e pensar que um dia até ele vai

se foder todo vai levar no tobas eu prefiro queimar no inferno do que ficar como estes zumbis cagando de

medo e escandalizando e escandalizando se ele me matasse já seria um meio de encontrar algum sentido para

minha busca o poder do mais cacetudo quem saberá se não é o meio melhor de explicar rotular filhodaputar ou

qualquer coisa merdar bostar embostiar tudo o que existe nesta merda de arco íris cor de cinza e roxo e negro

o grande buraco no meio do vazio cujo nome é Poder do mais fraco e vitória do perdedor culto de todas as culpas e

veneração dos coitadinhos eu desprezo todo homem todo fraco ensaboado ou zumbi de cruzinha eu sou o celibato em

pessoa o manto negro é veste da alma e minha doutrina é só minha porque somente existe o meu quarto e eu até as

larvas se cansam e voltam ao lodo mas os zumbis vão e eu estou novamente neste meu navio rumo ao mundo de Alice

sem volta ou a Terra do Nunca quem dera chegar mas nada existe nada se encontra nada nada nada nada nada nada nada

e digo com todo a minha alma com todo o meu ser minha voz em mais alto tom sem medo ou vergonha Deus me ajude me ajude a sair

deste navio horrível me mostre sua face será que embalará minha alma como minha mãe fazia suas mãos suaves em minhas costas me

deixe ver seus olhos me deixe te abraçar e afagar suas barbas e cabelos e dormir em seu colo segurando suas mãos eu quero ficar

com meu Deus e perguntar quem toma conta de minha vida quem sou eu porque eu estou neste deserto mas nada acontece e o dia não amanhece e

tudo adormece menos eu que nunca durmo eu desmaio eu acordo e desmaio novamente até os pernilongos dormem que pena que dormem eles são alegres

são bonitos Deus é um pernilongo que vem sugar meu sangue ele é bom faz-me tão bem senti-lo perto de mim fazendo uma zoeira danada mas o dia não

amanhece por causa dele ele é um confortozinho um bostinha feliz Achei a palavra é feliz eu sou feliz eu sou feliz é isso mesmo é bom dizer que

sou feliz How beutiful could a being be but the night never end and I still with my gloomy and my God

vômito

vômito

vômito

vô-mi-to

bendita é a bosta fedorenta na privada

vômito

vômito

vômito

vô-mi- to

que a puta que o pariu esteja convosco

ela esta no tobas de vós

merdem

tililim tililim tililim tililim

cordeiro currado tende o raio que te parta

merdem

vômito

vômito

vômito

vômito

meu abajur reflete a vermelha sombra da noite a lâmpada é pusilânime e

o meu quarto pequeno o cheiro das doçuras da infância entram pela fresta das

janelas com uma repentina brisa que vem adoçar-me o coração é calmaria nas trevas e

tudo esta calmo e suave a minha mente vaga sobre um tempo muito distante lembro-me

do corpo de uma mulher sobre o meu pequeno corpo mãos fortes que davam-me segurança

em terra firme os seios fartos e um sorriso molhado que tocava-me o peito e a barriga

espalhava calor molhado em meu corpo e orgasmo em toda a minha alma levantava-me no

espaço e o poder daquele corpo sensível junto ao meu frágil tempo de saborear tanta

sensualidade de agora que se restringe ao meu cérebro se resumia em uma superfície de

sexo espalhada em tudo o que era de meu mas me foi arrancado aquele corpo e jogado diante

de um sermão barato de um filho da puta que fala tanta porcaria que até hoje o hálito do

maldito fede à bosta e todos se ajoelham perante as suas castrações mais terríveis e se

espalham como um câncer essa virtude dos fracos que se restringem em tudo o que é natural

ou melhor dizendo saboroso ou particularmente pensando todos eles sãos uns bostas eles são os

zumbis deles é que falo dos zumbis que muito vêm até o meu corpo derreado falando e gritando

sacudindo e chorando estes zumbis mortos vivos mais mortos do que vivos pregando e moralizando

fodendo-se mutuamente em nome de Cristo nosso Senhor pois são casados e eu sou a desgraça em que

eles tem que por hipocrisia acharem-se preocupados que se fodam na puta que os pariu eu quero a

solidão e não os esculápios e os urubus que ficam vindo me encher o saco eu quero que Deus, esse

Deus dos bostas socialmente aceitos morra afogado em tanta hipocrisia e como é triste a morte assim

no meio destes cadáveres que andam e vão por aí pregando e pregando uma moral pobre e ridícula eu sei

que errei o caminho em algum lugar pois encontro agora um abutre sobre um monte de lixo olho e nada

vejo além de escombros lá vem novamente um vento terrível é hora de recomeçar a minha busca pois nada

encontro para pegar ou agarrar de real nesta paisagem inóspita eu estou agora em um dilúvio afundo e

volto novamente até a tona é um vendaval devo estar amanhecendo ouço vozes dentro de mim é o dia é real

é somente um farol de carro que passa rapidamente nada mais que um farol...

Enquanto o carro esta esquentando na garagem acendo um cigarro de maconha e dou profundas tragadas

Resolvo então tomar um café e me sacrifico em encarar os meus parentes.

O dia pela frente tem o ânimo de um monstro destruidor e eu sinto que cada parte do meu corpo esta

dolorida e minha cabeça pesa para um dos lados...

_Marianinha ligou, disse que vai te telefonar mais tarde !

_ Obrigado, mãe

Penoso é carregar os enormes globos oculares, pedunculados apoiam-se sobre os ombros e para não balançarem apoio-os

com as mãos O sol quente deixa os enormes sacos conjuntivais vermelhos e as lágrimas correm copiosas molhando o rosto e

o peito do monstro. Marianinha sente piedade e desfere uma forte bofetada com a bolsa sobre os meus olhos e caio no chão

e contorcendo-me de dor e me masturbando violentamente e constrangendo a mulher

-A multidão começa a apedrejar -me e corro em direção ao esgoto e o esperma vai respingando pelo chão.

Falei dos cabelos e dos lábios e ela não sorriu. Outra notou o constrangimento da amiga e criou o embaraço nos olhos meus que buscaram o chão.

A tarde vai tornando rubro o céu e tudo vai escurecendo na boca da noite. Nos horizontes o peso do fracasso incerto. Repete em minha mente os

fatos tentando alterá-los. Raramente um sorriso e logo depois o contorcer das mãos ao redor da boca indicando dúvida e o cansaço leva-me ao pessimismo de maneira cíclica.

Ela não se lembra dos versos, não se lembra de mim e nem de nada alheio aos seus afazeres, sei pelos passos mansos que a levou para longe, o rosto enfadado e o balançar dos

braços que moveram-se tranquilos em trajetórias opostas entre si Quem será esta mulher que nos meus delírios me torna um caçador quero saber se dela farei um medicamento

para minha angústia mesmo que ela nunca saiba que eu existo ou mesmo que ela não exista como um ser que come e que defeca como um tatuzinho também mas como uma inspiração

para minhas masturbações ou mesmo como minha amada gueixa quando a lâmpada azul da melancolia avermelhar pela porta do tédio o potente tédio tem o poder de fazer uma mortal

defecante obter o brilho dos livros de José de Alencar será que esta aí o meu destino tão incerto a fantasia adocicada de Alencar o efeito dúbio de ser princesa e cheiro de

sovaco me traz ainda mais mistérios sobre Marianinha um brilho estranho se faz na janela do meu quarto pela difração da luz é um fiapo de luz vindo de algum farol é um simples e

cinético farol cor de merda nenhuma medica-me farol de uma figa desta minha podre treva como o potente e negro mofo que se espalha pelas paredes deste cubículo e penetra-me nas

veias como se fora um mar negro invadindo cada sentimento de culpa e me faz um bem terrível dentro do que representa o próprio mal o bem que porra todos estes conceitos me faz desmaiar

o que é bom será que eu estou virando gente até sinto voltar o minha circulação e ouço o meu coração feito tambor é saúde não é coração bate mesmo ou será que baterá tão forte estou melhor

melhor sinto até fome quero um copo de água Marianinha Marianinha Marianinha mas não há esta não há o ópio esta

tornando-se fraco pois acordei e me sinto dolorido e fatigado sinto-me contrair os músculos do pescoço e arde-me a nuca DOOOOOOOOOOOOOOOOORRRRRR

DOOOOOOOOOOOORRRRRRRRRRRRR

TEEEEEEEEDDDDDDDDDIIIIIIIIOOOOOOOOOOOOOOO

eu quero levantar-me mas existe um abismo e eu me sinto cair cair socorro Marianinha socorro Larva gorda e amiga eu vou cair e vou morrer

Vagabundaaaaaa.... me ajude ajude-me sua vacaaaaa....

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