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Cronicas-->Gregorão não teve culpa -- 14/04/2000 - 03:05 (Rafael "Sol" Cruz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Gregorão não teve Culpa

_"Você tá preso, meu chapa! Você tá preso"! E com esta afirmação tiraram-no o sono na noite do acontecimento.
E lá fui ele, com toda a sua inocência, indo para a boca do lobo, do lobo faminto, descendo a masmorra, cavando a própria tumba. Primeiro, o barramento braçal, um tapa no peito da liberdade. O susto que faz você querer desenterrar, buscar na camada mais profunda de si, o seu você que pensa. O problema é que quando se chega na profundade almejada seu brinquedinho preferido já está nas mãos de um simples brasileiro cumprindo seu dever.
"Chame o supervisor!". Disse o pobre pro sem dinheiro. "Opa! Estamos subindo de escalão, hoje eu quero olhar no olho de Deus", pensou consigo. Ahh! Como ele queria estar são. Naquele momento quem chegava era o diabo de blazer, numa de suas performances mais memoráveis de todos os tempos. Depois de olhar pro brinquedinho do nosso amigo Gregorão foi ele, o diabo de blazer, o autor da frase que tirou-lhe o sono na noite do acontecimento, e disse mais: "Só não vou te algemar porque vai ficar ruim procê!" Agora sim, e só agora, o tal do eu racional vem a tona, sem entender muito bem a história ainda, como se ele, Gregorão, tivesse chegado agora no seu próprio flagrante e tentando entender como ele tinha sido burro o suficiente a ponto de entregar, de mão beijada, o brinquedinho preferido dele, e da galera.
Depois de deixar de sentir o chão, pensou na figura da gaiola cheia de carniceiros, e depois na idéia do carceri onde já há cama no teto mas sempre cabe mais uma boneca, que ele seria, com certeza, dividida pelos noivos do cubo do crime. Pensou de novo na gaiola e teve que aceitar a idéia de que ela queria lhe abraçar. A sua volta só havia gente conhecida, um grupo de amigos logo ali na frente tentava fazer algo mas não faziam nada além de manter uma distància e espalhar a notícia. Infelizmente o boato se espalhou por causa dos "amigos".
Sua vida nas mãos do diabo de blazer que lhe dava cinco minutos para falar e ele só sabia enrolar a língua e dizer que era um artista e que ele, o engomado, ainda iria vê-lo na televisão. A imagem da sua princesinha, da menina que ele queria beijar aquele dia, que apareceu, seguindo o boato verdadeiro que espalhou depressa, e o olhou com decepção, reprovação. Aquele olhar disse muita coisa. O retrato da delinquência naqueles cachos loiros e atrapalhados que é como o cabelo do Gregorão é, a possibilidade de perder suas asas de prata que é, até hoje, uma das coisas que ele mais ama na vida, as asas do desconhecido, do impossível, do inatingível, do que o mundo não conhece,... da sua imaginação.
Gregorão, o sempre bem intensionado, deu sorte que naquele dia, o diabo de blazer estava elegante também por dentro, talvez inspirado por estar em um ambiente escolar gostoso, talvez por estar estreiando seu blazer novo...
O fato é que fora o susto, nada aconteceu a Gregorão. Quando sua mãe foi buscá-lo, exigência que fizeram questão de fazer, ela, no diálogo que teve com o temido elegante, fez questão de agradecê-lo e engrandecê-lo pela boa ação do dia:
_ Nossa moço! Obrigada, viu! O senhor é um anjo que veio pra ajudar meu menino. Alguém estava precisando mesmo dar uns conselhos pra ele. Vou rezar muito pro Senhor!
E essas palavras sinceras botaram ponto final na história. Gragorão se foi com sua mãe pra casa _mais rápido do que um foguete. E ele, o diabo de blazer ficou com o sorriso estampado no rosto o resto do dia, gostou de ser chamado de anjo.
_E agora menino? Me explica essa história! Aquilo era seu?
_Não mãe! Era da minha namorada. Ela não tinha bolso, então eu guardei aquela caixinha de chicletes compridinha dela comigo.
_Namorada? Você nunca me falou que tinha uma.
_Pois é mãe! Era a Flavinha. Ela nem deu sinal de vida na hora do meu sufoco. Mas depois do que ela fez comigo hoje, eu não quero mais saber dela.
_Isso mesmo meu filho! Essa menina é uma pilantra!
Gregorão é mesmo um cara de sorte. A culpa ficou com a namorada que nunca existiu.
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