Dotô Rubêno Macelo,
Só hoje vi teu Imêio
Perdôi a ingnorança
Desse preto véio e feio,
Qui é mei borocoxô
Mexendo in computadô
Ainda mais nos alêio
Ele é mêrmo um bom meio
De nós se comunicá
Ieu quebrei muito a cabeça
Mais cunsigui dominá,
Mais difunto arrenegado
Qui vaga asim infumaçado
Num tem jeito de comprá.
Puriço tenho qui usá
Os dos qui ainda tão vivo,
Qui são assim quiném Ieu
Improvisadô ativo
I é desses que remeto
As prosódias desse preto,
Meio morto, meio vivo.
Mi deu té um grande alivo
Sabê quitu num si assusta
Pois só posso visitá
De uma manêra justa
Apois num quero ajudá
Nimguém a impacotá,
Siria uma coisa injusta.
Agora sei qui nun custa
O dia de nois si Vê,
Vai sê grande a aligria
De pelejá cum vosmicê,
Só num como a rapadura
Pruqui minha dentadura
Num seve mode mordê,
Você vai Pudê inté Vê
Qui a bicha é toda branquinha,
Num tem um dente fartando
É compreta i tá interinha,
Mi orguio de sê tão bela
I Ieu inté comparo ela
Cum a di minha mãe Foinha.
A véia, já bem véinha,
Os dente inda alumiava
Era cum urina i cinza
Qui todo dia escovava,
A escôva era o dedo,
Escovava menhâ cêdo
I à noite, quando deitava.
Si Ieu pudesse num falava
Ni minha Mãe, Nem nim Bela,
As lágrima correm na cara
Quando mi arrelembro dela
Este é meu maió trumento
Quisera vê o momento
Di mi Í prulado dela.
Rubêno, minha novela
Parece qui num tremina,
Ô distino miserave,
Ô disgracêra di sina
Sei qui num drumo nem como
Hora nem minuto eu somo,
É isto qui mi azucrina.
É puraqui qui tremina
Este meu palavriado,
Sô um hôme ingnorante
Mais num sô maleducado
Cuma muito inscrevedô
Qui apezá de sê dotô
É um jegue Reencarnado.
Já tá dado meu recado
Vô cantá em ôtra fêra,
Prdôi minha insolênça
De inscrevê tanta Bestêra,
I a bença a tua Famía
Qui deve sê a aligria
De Nenzinha de Olivêra.
Um abraço desse prêto Véi azulado quiném nuve de chuva no sertão, i qui tem o fôigo de sete gato, Limeirinha do Tauá.
Limeirinhadotaua@yahoo.com.br
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