Às vezes quando cai a noite começo a ficar com saudades. É um sentimento novo, bom e doído que vem me invadindo aos poucos, sem me dar conta. Nessas horas, ligo o rádio baixinho(num volume menor que os meus pensamentos) e venho aqui escrever sobre ela.
Até me parece um pouco de insanidade mesmo, porque não é uma saudade de pessoas, nem mesmo de momentos que vivi. Pelo contrário, é algo que me domina por completo e me faz pensar em tudo que gostaria de ter feito e vivido, mas, que por inúmeros motivos não aconteceram. E olhe que eu gosto da minha vida como é! Mas, é alguma coisa que não controlo, e começo a sentir e a imaginar, a casa em que não morei, os amigos que não tive, as risadas que não dei, as cidades em que não conheci, os mares em que não naveguei. E de repente, por mais absurdo que pareça ao leitor incrédulo começo a sentir uma dorzinha feliz que vem lá do fundo e se espalha por tudo. Viajo numa dimensão desconhecida de tempo e espaço e vivo um pouquinho de tudo isso. Depois desse ritual de deixar a mente voar longe, por vezes, tenho uma sensação inútil de felicidade, algo difícil de explicar, e creio que não vai mais voltar a acontecer. No entanto, algo sempre parece conspirar, nessas horas, até as músicas que ouço me retornam as lembranças. E fico assim, absorta em tudo isso, sem saber como pensar ou agir. Presa por vontade própria num misto de loucura e mais pura liberdade.
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