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Cronicas-->O emocionante mundo virtual -- 18/12/2001 - 16:58 (Wilson Gordon Parker) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


O universo virtual é como um pàntano.
Seus habitantes precisam estar sempre com o sexto sentido à flor da pele, porque a caminhada no mundo das aparências, nos deixa equilibrados à beira de um mundo desconhecido, no qual estamos sujeitos a sucumbir, atolados nos bancos de areias movediças que estão espalhados em toda a sua extensão.

Uma vegetação cerrada nos cortará o corpo, caso não tenhamos a sensibilidade necessária para ultrapassar suas garras.

Precisamos saber administrar a técnica de conservar oxigênio de reserva, para que não venhamos a morrer sufocados quando ele faltar.

Saber fechar as narinas, deixar de respirar, para não sermos intoxicados pelo cheiro podre dos gases que escapam do fundo das suas águas escuras e pegajosas.

Só sentimos o sol por entre as frestas das folhagens.
Precisamos estar com todos os nossos sentidos em estado de alerta. A densa neblina, não permite que a nossa visão focalize bem o que temos a frente.

Percebemos as pessoas por intermédio de uma sequência fotográfica que as vezes nos é mostrada.

Só visualizamos momentos que cortam a realidade da matéria.
Nossas mãos parecem apalpar corpos e coisas que não sabem exatamente o que são.

Nossa imaginação assume o comando dos nossos sentidos, para dar vida ao que não pode ser tocado, mas que está alí, estúpidamente jogado à nossa frente.

Escutamos vozes que saem de bocas que não vemos.
Beijamos lábios que não tocamos, mas nos esforçamos para sentir.

E sentimos.
Nossas mãos acariciam tecidos que parecem estar pegando fogo, mesmo que estejam com as almas congeladas.

Nossos ouvidos escutam vozes que sussurram uma alegre sinfonia de vida, mesmo que, no fundo, estejam atolados na escuridão de suas agónias.

Um susurro de dor e nostalgia, pode nos chegar aos ouvidos como sendo um grito alegre e sensual.

Nossos sentidos transformam tudo. Depende do que nós queremos sentir.

As vêzes entramos muito fundo no pàntano, e quando abrimos os olhos para a realidade, estamos completamente perdidos, e afundados em situações completamente absurdas.

É a hora em que o oxigênio começa a faltar. Estamos sufocados. Olhamos para cima, e não vemos nada.

Noite escura. Densa.

Saiu o sol, mas não veio a lua.

Aquela sensação de perdidos na escuridão do universo, toma conta de nosso interior.

Atolados.

Temos que parar, apalpar, escutar, para que os nossos sentidos transmitam para a nossa intuição, o melhor passo a ser dado. A ansiedade da incerteza nos invade a alma. Nunca tivemos um caminho, apenas a parte nebulosa de uma débil trilha.

A noite está sem estrelas, mas uma voz nos diz que elas estão no céu. Olhamos por entre as frestas estreitas que surgem nas folhagens das árvores, e observamos as estrelas nascendo. Brilham no céu. Acompanhamos o sussurro distante, e nos deliciamos com o firmamento inteiro a piscar.

No momento seguinte, que pode ser agora, depois, ou perdido na eternidade, a voz some, e com ela desaparece toda a abóboda celestial.

Novamente na escuridão.. A luz se foi.

Ficamos inertes, sem a mínima noção de onde estamos.

Dentro do peito, a palpitação da alegria, é substituida pelo sufocamento da perda. O cheiro de enxofre nos enjoa. A noção de distància que haviamos perdido, volta para o convívio da nossa realidade.
O longe que não existia, se transforma numa distància infernal. O atoleiro parece aumentar. Sem fim.

Depois de muito andar, perdidos na solidão do desconhecido, encontramos o caminho da realidade perdida.

Cansados e exaustos, olhamos em volta, e nada resta.

Arranhados e chamuscados, fechamos os olhos, e lembramos do trajeto que fizemos.

Uma ida alegre e prazeirosa, livre e descontraida. Cheia de emoções e esperanças. Coração a mil. Alma saltitante. Céu sem nuvens. Azul. Noites prateadas.

O mundo encantador do surrealismo dos sentidos.

Depois, sem mais nem menos, o declínio. A neblina densa e pesada. A perda de direção. O encontro com a vida nua e crua.

A realidade.
O fim.


Wilson Gordon Parker
30/07/2001 (Todas as segundas-feiras)
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