Fui agraciado esta semana uma obra literária de raro valor. Trata-se do livro Letras e História – Mil Palavras Árabes na Língua Portuguesa, concebido por Assaad Zaidan, integrante da rica colônia árabe brasileira, com prefácio de Milton Hatoum.
A obra tem entre seus objetivos fazer com que o grande público conheça a influência árabe sobre a multifacetada cultura brasileira tendo o cuidado de fornecer informações históricas de grande valia, desmistificando nestes tempos curiosos pós 11 de setembro a pecha de povos atrasados que boa parte da mídia ocidental tem procurado atribuir, incluindo alguns cronistas famosos como Arnaldo Jabor, aos povos árabes, que em outros tempos foram mestres dos europeus e responsáveis pelo brilho de inúmeras cidades ibéricas, inclusive ensinando aos cristãos como praticar a tolerância religiosa.
A primeira parte do livro de Zaidan contém dados preciosos sobre a cultura, a religião e costumes de modo geral do povo árabe.
A segunda parte contém material histórico tratando da imigração árabe para o Brasil, responsável pela riqueza culinária e intelectual. Para quem não sabe, os árabes foram responsáveis durante anos pela manutenção do pensamento clássico grego, influenciando diretamente as universidades européias, em destaque a de Paris.
Os árabes foram expulsos da Espanha pelos cristãos, junto com os judeus, não tolerados pela Igreja Católica após o ano de 1492.
Mas embora eu tenha sede por despertar polêmica, o autor não tem esta intenção, antes apenas querendo mostrar o valor da comunidade árabe para o crescimento do conhecimento latino.
Tomei conhecimento da obra através de uma aluna de jornalismo da Faro, Soraya Ata Mustafá, que já passou pelo Oriente Médio e pela Europa antes de retornar ao Brasil.
A colônia árabe brasileira tem um precioso documento, que foi apoiado pelo Governo do Pará, digno de ser utilizado nos meios acadêmicos.
Quem tiver interesse deve procurar informações junto à secretaria de cultura do Estado do Pará.
