Nesse gostoso ritual de sons e sentidos,
nos despimos dos pêlos ao amanhecer
sem deixarmos resquícios da noite de lua cheia
e em várias sextas-feiras
ensaiaremos nossas danças bemcabras
deixando que a caçadora pense que somos presas
logo eu lobo solitário
que saio nas noites sem o rosário
a cantar e a dançar contemplando luas
[que hei de encher]
me vestindo de pêlos
[que hás que arrancar aos dentes]
nos nossos deliciosos desejos indecentes...
Daí iniciam-se várias festas
penetro com olhares nas frestas
procurando o teu corpo de loba
que na ânsia de amar baba feito boba
enquanto animalescamente
deito-te o meu dente
[canino]
e em ritmo de parto
atraco-me a ti de quatro
no balançar de rabichos alados
que giram na névoa lunar
ante a olhos noctívagos
que não entendem no nosso livre atracar
e penetrado em ti
os meus gozos começam onde terminam os teus
e só nos desatracamos quando de forma instintiva
presenciamos a concepção de novos lobos ou lobas
e preenchida a loba ainda cheira o lobo
enquanto as vestes em pêlos
misturadas às velas ao chão
silenciam os saciados lobos
que voltam às tocas
ou no singrar da manhã
a quebra do feitiço.
Indicaram o nome da minha querida amiga LEILA MÍCCOLIS para o Prêmio Echo de Literatura, pelo trabalho que ela vem desenvolvendo em Blocos. Se você achar que vale, e eu afirmo que vale, vote: http://pub29.bravenet.com/vote/vote.php?usernum=2408817175&cpv=1