Foi ela quem me ensinou a pecar. Tinha um pé de café no fundo do quintal, ao lado de uma laranjeira, e eu ficava colhendo os grãozinhos vermelhos, bem doces. Havia um velho torrador de manivela, um fogão de lenha, muitas histórias e uma ciência que só as mulheres eleitas por Deus conseguem ter. O processo era longo, um dia desses vou descrevê-lo. Ela me assava queijo na palha de milho. Mas, o importante, o que me fica mais forte hoje na lembrança, é minha vó Vitalina bebendo o café no bico do bule. Delicadamente. Como se fizesse amor.
Vou agora fazer o meu.
Antes que a noite acabe e a lua se vá.
|