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Contos-->Esses estranhos novos tempos -- 01/03/2002 - 19:16 (Julio César Amorim de Oliveira Mulatinho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“Sou apenas uma pessoa de 22 anos em busca de alguém ao lado de quem vencer a solidão. Detesto (não consigo) ficar sozinha. Quero construir algo. Quero alguém que me compreenda e a quem eu possa compreender.
Se você se interessar, escreva-me.
Helena”


Parecia a Fernando que estava lendo sua própria descrição, por isso decidiu que escreveria a ela. “Os opostos se atraem”? Lenda.

Trocaram ainda alguns e-mails e telefonemas antes de se encontrarem naquela noite. Era um bar pouco movimentado, simpático. Ela não era linda mas Fernando sabia que isso não importava. Eram duas pessoas tentando, juntas, vencer a solidão.

- Por que você pôs o anúncio na internet? – perguntou ele.

- Porque tinha esperança de que alguém respondesse. O que, por sinal, aconteceu.

- Perguntei isso porque achei que foi um ato de coragem da sua parte. Hoje em dia as pessoas só querem ficar, passar uma boa noite de sexo e mais nada. É difícil encontrar alguém que queira mais do que isso. Além disso, você encarou a solidão de frente, e isso é raro.

- Outro dia eu disse para minha mãe que me sinto muito solitária, e ela disse que estou muito nova para me sentir assim. Eu acho que ela tem um pouco de razão.

- Também acho. Mas o mundo anda muito individualista, as pessoas não se acham mais, não conversam mais. É difícil não ficar solitário assim. – concluiu Fernando.

- Mas o mais estranho é que tenho muitos amigos e amigas, e mesmo assim sinto falta de algo.

- Sei como é isso. Acho que acontece porque há coisas que não dá para compartilhar nem com os melhores amigos.

E assim prosseguiram conversando durante cerca de uma hora. Descobriram várias afinidades, como o fato de ambos morarem sozinhos e gostarem dos mesmos tipos de música. Discordaram em algumas, como estilos literários favoritos. Perceberam que podiam tentar ficar juntos, porque essa é uma vida de tentativas: muitas dão errado, mas há aquelas que dão certo.

- Você conhece uma música dos Engenheiros do Hawaii chamada “Piano Bar”?

- Não, por que?

- Porque há um trecho que descreve bem como estou me sentindo agora. Diz o seguinte: “Eu conheci uma guria que eu já conhecia. De outros carnavais, com outras fantasias. Ela apareceu, parecia tão sozinha. Parecia que era minha aquela solidão.”

- É belo. Parece-se também com o que estou sentindo.

Beijaram-se. Não foi o melhor beijo da vida de nenhum dos dois, mas foi um beijo muito esperado. O beijo de duas pessoas que queriam seguir em frente juntas.

E seguiram. Namoraram durante 4 meses até que resolveram morar juntos. Ficaram assim durante mais 1 ano e 8 meses até que ela resolveu que era hora de terminar:

- Preciso seguir meu caminho. Não sei bem que caminho é esse, mas preciso seguí-lo.

Fernando percebeu que seria um estupidez insistir para que Helena ficasse, e ela partiu. “É tão estranho esse inconformismo do ser humano”, pensou ele.

Hoje estão ambos por aí, procurando alguém ao lado de quem vencer a solidão.
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