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Artigos-->O MAC E OS NOVOS POETAS: A VISIBILIDADE DE NÍVIA MARIA. -- 29/08/2005 - 00:00 (Cleberton Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Oh! Bendito o que semeia

Livros... livros à mão cheia...

E manda o povo pensar!



(Castro Alves)





Invisibilidade é o título do primeiro livro de poemas de Nívia Maria (Nascida em Feira de Santana, 1980), lançado em 2002, pelo Museu de Arte Contemporânea de Feira de Santana, sob projeto editorial de Edson Machado. Professora de Redação e Literatura, graduada em Letras Vernáculas pela UEFS e participante do grupo de declamação “OsBocasdoInferno”, Nívia Maria é uma das vozes da nova poesia feirense publicada graças ao louvável trabalho editorial do fotógrafo Edson Machado.

O livro é formado por um único poema, razoavelmente longo, dividido em 39 estrofes, distribuídas em tercetos e dísticos de versos livres e brancos.

A epígrafe que antecede o poema, “O homem atrás dos óculos e do bigode” de Carlos Drummond de Andrade, já antecipa claramente a temática que funcionará como leitmotiv de toda a composição: o homem e suas máscaras.

Abre-se o poema:



O homem,

por trás de seus negócios,

de seus cansaços, de suas insônias,



por trás de suas agonias,

de seus desejos, de suas obstinações,

é tão somente um homem.



As duas primeiras estrofes já apresentam o tom filosófico de revelação: o homem é tão somente um homem.

Num ritmo leve e rápido, usando de várias repetições ( por trás, de sua, de seu) que dão ênfase sonora aos versos, o poema corre fluido como as águas de um rio tecido em palavras que dão visibilidade à invisibilidade do ser homem.



O homem-rio

que, quando descobre-se,

já não é o mesmo,



mas se deixa ser seguido

por seus afluentes



que são partes do mesmo rio

que o é sem sê-lo.



Nos versos acima o homem é metamorfoseado em rio e sua essência é filosoficamente o não-ser.

Assim, temos uma poesia que faz da linguagem uma escultura móvel, do ato poético uma reflexão sobre a invisibilidade do ser em uma sociedade como a nossa tão presa às aparências do TER e MOSTRAR, uma sociedade que aplaude os que exercitam ao vivo suas mais mesquinhas e sórdidas aspirações.

Eis aqui um livro que é vivo pela sua própria pulsão poética. E que nos revela um homem cravado de mistérios e sonho, grávido de esperanças e desesperos, que apenas almeja mostrar-se, e simplesmente ser aceito... homem.

Oh! Bendito seja o semeador de livros Edson Machado!







Cleberton Santos

Poeta e crítico literário. Participou dos Projetos Malungos e Poesia na Boca da Noite, ambos em Salvador.



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