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cronicas-->A GRANDE FILA -- 26/12/2001 - 15:43 (Ingrid Valiengo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Não quero sofrer por antecipação, pensando no engarrafamento no Rio de Janeiro. As obras da ponte Rio-Niterói já começaram e estou pronta para encarar toda fileira de carros e ónibus que já existiu. Saio de casa e no ponto de ónibus um sujeito diz que o trànsito está insuportável. Como não tenho escolha, o melhor é fazer o sinal para o veículo e esquecer da vida, ouvindo Ed Motta no walkman.
A quantidade de carros que vejo é algo impressionante. Difícil descrever. Só para ter uma idéia, por hora, na ponte Rio_Niterói, passam 4 mil carros, se não me engano. E hoje parece que estou vendo quase todos.
Á medida em que as horas passam, as pessoas vão desistindo de trabalhar e saem do ónibus. Uma mulher está tão irritada que sai para fumar um cigarro. O motorista resolve tomar um café, pois ainda não chegamos nem perto da entrada da ponte. Um sujeito começa a distribuir partes do seu jornal com o resto dos passageiros e brinca: Cada parte do jornal é um real. Página de esportes, "dois real". Meu ouvido está latejando de tanto ouvir música e enfim, o ónibus chega na ponte.
Há jornalistas, policiais e seguranças por toda parte. Todos com a feição não muito relaxante. Um senhor ao meu lado dia que está atrasado e não se conforma com tanto engarrafamento. Nesse instante fico pensando naquele trabalhador que mora em São Gonçalo e trabalha na Barra da Tijuca. Aposto que está bem mais angustiado que eu.
Então, deixo que meu corpo se acomode no banco e mudo meu pensamento. Não quero mais pensar na fila infinita de carros ou no homem que geme de ódio atrás de mim. Penso no ótimo final de semana que tive. No dia de domingo no cinema, na cama aconchegante da minha casa. Me desligo do mundo e só penso em coisas boas.
Já estou no meio da ponte. Agora a loucura maior já acabou. Olha para o ónibus ao lado e muitas pessoas estão de pé, quase dormindo de tanto esperar. Por um momento uma mulher começa a rir bem alto e conta que foi a piada que ela ouviu no rádio. Agora, toda a insatisfação está se diluindo como o engarrafamento.
Estou no Rio de Janeiro, quase chegando no trabalho. Não há quase ninguém mais no ónibus e tudo parece voltar ao normal. Desço e vou tranquila para o trabalho. Muitos perguntam como saí viva do engarrafamento e penso que não foi tão ruim.
Sei que as filas estarão lá amanhã e o congestionamento estará me esperando como um bom namorado, mas quer saber? Não estou nem ai. Meu pensamento já está mudado.

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