A Secretaria da Saúde do Município informou, por meio da assessoria de imprensa, que dos casos suspeitos notificados esse ano, sete foram confirmados. Além dos cinco integrantes da mesma família que morreram, duas suspeitas foram confirmadas em abril. A assessoria não soube informar onde essas duas pessoas adquiriram a febre maculosa.
O número de notificações dos casos suspeitos de febre maculosa enviadas à Vigilância Epidemiológica Municipal, nos 15 primeiros dias deste mês de setembro, é superior a todo o ano de 2004. Segundo dados da Secretaria da Saúde e da vigilância, no ano passado foram feitas 74 notificações e somente em setembro deste ano, foram 80. Entre janeiro e setembro últimos, os casos notificados (ao todo 150) também já superam em 105,7% os 74 acumulados em 12 meses do ano anterior.
Segundo a diretora da vigilância Márcia Viviane Ferrazo Liva, é normal que no mês de setembro, os números subam devido ao clima. Ela acredita, porém, que a explosão de notificações neste mês se deva ao problema da infestação de carrapatos-estrela (transmissor da febre maculosa) no campus da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz). O caso teria alarmado a população, que procurou a rede de saúde como precaução.
Viviane não acredita que o número de notificações tenha sido influenciado pela divulgação do Instituto Adolfo Lutz, que relatou que as cinco pessoas da mesma família que morreram no Jaraguá foram vítimas da febre maculosa. Na Esalq, em uma área de 5.760 metros quadrados foram encontrados 300 mil carrapatos. O campus tem 8.169.300 metros quadrados.
Para a diretora da vigilância, o registro de aumento das notificações é importante porque significa, segundo ela, que a rede não está deixando "passar" os casos suspeitos. As notificações são enviadas pelos hospitais, prontos-socorros, UBSs (Unidade Básica de Saúde) e pelo ambulatório da Esalq.
SUSPEITAS - O professor do departamento de Zootecnia e membro do plano de manejo, Wilson Mattos, disse que somente na Esalq, sete alunos fizeram exames com suspeita da doença. Segundo ele, a situação põe em risco as aulas. "A escola está um caos. Os professores não querem mais dar aulas no anfiteatro. Se a situação for grave os alunos podem até querer suspender as aulas nos experimentos."
O estudante de Ciências Agrárias da Esalq Alexandre do Amaral Varghas, 25, foi picado por um carrapato no campus há três semanas. Ele disse que começou a ter febre, dores de cabeça e de estômago e que fez o exame para confirmar a febre maculosa. O resultado ainda não saiu.
O coordenador do plano de manejo para o controle da superpopulação das capivaras do campus, Alvaro Fernando de Almeida, disse que o aumento das notificações significa que as pessoas estão apreensivas e preocupadas com a doença e querem se prevenir.
Segundo a diretora-regional da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias), Renata Caporalle Mayo, o órgão trabalha em parceria com a Vigilância Epidemiológica para avaliar o problema desde 2002, quando surgiram os primeiros casos suspeitos da febre maculosa. Ela disse que são necessárias duas sorologias para sair o resultado final do exame. Segundo ela, a primeira amostra de sangue é coletada na fase aguda da doença e a segunda após 15 dias.
