"Silencio - vazio - escuridão... É noite dos cristais.
Gota a gota corre o champagne derramado na mesa.
Tantos discursos, e tantas perguntas ao vento; cores brotam da terra, azuis, vermelha, lilás – e o campo floresce.
Corpos flutuantes passeiam na manhã púrpura luzida de esplendor; floresce, então, a noite, na terra de morte.
Mãe de todos. A negra escuridão atende gritos dos sufocados – todos escondidos!
deuses, filósofos, abortados, desiludidos, endeusados, moralistas, desbravadores, ídolos, soldados, soberbos e valentes, gigantes, anjos e feiticeiros, velhos e crianças, sufocados, o maligno, o derrotado e o vitorioso – onde estão?!
Ainda que o Hades desse todas as suas almas, e, ainda a eternidade o fizesse, certamente, prevaleceria o vazio.
Ainda que a “moral” sufocasse o “espírito” (estão digo, o espírito liberto da falsa ideologia e do falso raciocínio), nenhuma palavra seria ouvida neste lugar, nesta terra de “estranhos conhecidos” (digo, aqueles que conhecem a boa verdade escondida); os falsos que o digam:
- Junte – se aos bons e se tornará um deles.
Há ainda aqueles que se sentem sufocados com Wagner, ora diga “O Crepúsculo
Dos Ídolos” em “Marcha Fúnebre”, o sopro de seus instrumentos permanecem dentro de minha memória, gravados em meu cérebro; não se pode negar o óbvio.
Ora diga Fiorelli entre tantos esquecidos pelos tantos “montões iludidos” com o barulho destruidor de “almas puras”.
Há... Os mortos, que segredos eles escondem!
Há... Segredos, encobertos pela morte que vence a vida e que faz seu caminho na eternidade silenciosa, que é o caminho inevitável da escalada, montanha a cima, caminho que leva a Nietch e sua morada, a cima de moradas.
Todos nós morremos dependurados numa cruz, e é, com nosso próprio sangue que pagamos pela liberdade.
E, se pelo sangue não se conseguir alforria, não se preocupe, certamente haverá quem derrame lágrimas; se ainda sim, não houver contentamento do espírito, filósofos, deuses, soberbos e valentes, e todo tipo de ser repugnante lhe farão as honras da morte.
Então, seus segredos continuarão seguros, ainda.
Surge uma nova manhã primaveril, nunca se viu flores tão alegres e sorridentes, jamais se sentiu tamanho perfume arrebatador nos ares e um brilho tão cintilante das pétalas carregadas de água da chuva gelada que caiu ainda de noite.
A beira do lago, um caloroso bom dia da multidão de patos completa a alegria do milagre da vida”.
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