Usina de Letras
Usina de Letras
80 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62159 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22530)

Discursos (3238)

Ensaios - (10345)

Erótico (13567)

Frases (50571)

Humor (20027)

Infantil (5422)

Infanto Juvenil (4752)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140790)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6182)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->A conspiração, por Ubiratan Iorio -- 27/09/2005 - 15:20 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A “conspiração”



por Ubiratan Jorge Iorio (*) em 27 de setembro de 2005



Resumo: Em qualquer país sério, nosso atual presidente já teria sofrido o impeachment, se não por participação no esquema, pelo menos por negligência e incompetência.



© 2005 MidiaSemMascara.org





Confesso que é dose para elefante nenhum colocar defeitos! Um colega da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ convidou-me para participar como debatedor, em uma conferência com o título bastante esclarecedor de: “Porque devemos nos preocupar com as desigualdades”. Como sempre, o argumento foi o de que eu seria um bom contraponto para as idéias da professora palestrante e dos demais debatedores, todos esquerdistas, alguns raivosos, outros um pouco mais domesticados. Até o fim dos anos 80 eu teria aceitado o convite, mas hoje, sinceramente, recuso-me a servir de interlocutor em conversas onde não querem ouvir o que eu digo e em que não pesa a força dos argumentos, mas a fraqueza dos chavões mais batidos do que pedras que servem de quebra-mar. Se hoje me interesso por algum tipo de contraponto, é por aquele em que Bach foi mestre, embora me interesse por duas modalidades de fugas, as bachianas e aquelas em que me recuso a participar desse tipo de farsa.



Como a UERJ e as universidades públicas são a cara da intelligentzia tupiniquim, passemos dela ao Brasil.



Não é que os festejados “intelectuais” de meia tigela do PT e dos demais covis esquerdopatas – para os quais pensar é, parafraseando Napoleão, mot que n´existe pás dans le dictionnaire – vêm soltando os gritos típicos dos que agonizam, que merecem ser comentados, não por seu conteúdo lógico, mas por sua espantosa expressão do que o marxismo e seus derivados são capazes de produzir em termos de aberração mental e de agressão à racionalidade.



Que essa turma de adoradores do Estado-Elefante sempre usou métodos semelhantes não é novidade para quem possui mais do que um neurônio, mas acontece que sua repetição, em pleno ano de 2005, torna-se absolutamente intolerável, oitenta e oito anos depois que os comunistas tomaram de assalto o poder na Rússia dos tzares, cinqüenta e sete depois que Mao roubou a liberdade dos chineses e quarenta e tantos após o Grande Carniceiro do Caribe ter abolido a propriedade privada em Cuba, transformando-a em uma bela ilha particular, mas de propriedade dele e de seu séqüito de bajuladores.



Pois não é que as nossas “esquerdas”, que de tão enferrujadas mais parecem fuligem, vêm tentando apregoar que a crise terminal por que passa o governo petista seria uma “conspiração” das “elites”, da mídia e da direita em geral, que desejariam manter-se no poder para conservar seus privilégios e impedir assim as tão propaladas “mudanças”?



Esse discurso chega a causar – para não escrevermos palavras do calão à altura dos que o regurgitam – cócegas nos dedos diante do teclado, tamanha a vontade que provoca em quem quer que tenha um mínimo de bom senso de escrever toneladas de argumentos desnudando-o, desmascarando-o e expulsando-o definitivamente de qualquer discussão mais séria sobre a saga de nosso pobre país.



Conspiração? Golpe? Coisa de conservadores inconformados com o governo “popular” comandado do ar, diretamente de seu Airbus, pelo semi-analfabeto ex-metalúrgico e tocado na terra – até que fosse pilhado pelo affair do “mensalão” – pelo sr. Dirceu e, agora, pela ex-guerrilheira Roussef? Aqueles mesmos pretensos argumentos que usaram em 1964, quando Jango e sua gangue tudo fizeram para cubanizar o Brasil? Essa turma, avessa ao trabalho (principalmente às verdadeiras tarefas intelectuais), poderia, pelo menos, ser mais criativa, pensar em novos chavões, introduzir palavras de ordens mais atualizadas, parir ratos menos pestilentos.



Todos sabemos que faz parte de seu limitado arsenal a velhíssima tática de imputar sem a menor cerimônia aos inimigos exatamente os crimes de que são acusados, que é conhecida como diversionismo, mas - gente! - estamos no século XXI e esses calhordas não mudam? Pensam que somos cento e oitenta milhões de idiotas?



Não vou escrever toneladas de argumentos; apenas três, para não cansar o leitor e não me irritar mais ainda. Primeiro, o que é elite? Não é preciso ler os Ensaios Sociológicos de Raymond Aron para sabermos que esta expressão é tão relativa que chega a desaparecer, é etérea! Em uma sala de aula, os melhores alunos são a sua elite; em um time de futebol, é o seu craque; em um grupo de garçons, é o maitre; em uma casa de tolerância, é aquela senhora que a explora... Por acaso Lula não é – há bastante tempo – integrante de uma elite? E Dirceu, Delúbio, Silvinho, o falso Genoíno e tantos outros estrelados também não o são? Quem inventou o mensalão não foram eles? Que governo, em toda a nossa história – seja a republicana, a imperial ou a colonial –, “roubou e deixou roubar” tanto e tão descaradamente quanto esses trânsfugas da ética? Ora, por que não vão cantar berceuses para boi dormir?



Segundo, quando tentam pôr a culpa na mídia, fingem sem qualquer cerimônia desconhecer que esses mesmos meios de comunicação sempre estiveram ao seu lado, seja praticando a desinformação, seja forjando fatos e feitos, seja aderindo abertamente às suas famigeradas políticas culturais, seja fiscalizando permanentemente qualquer político ou artista que não fosse de esquerda. De cada cem jornalistas, podemos sem medo de errar afirmar que noventa simpatizavam – e muitos continuam a demonstrar isso – com o PT e seus assemelhados vermelhos. E, se a mídia agora parece voltar-se contra eles, é porque não tem outro jeito, é assim que funciona e deve funcionar nas sociedades abertas. Bem que o governo tentou, há cerca de um ano, calar a boca da imprensa quando tentou criar o Conselho Nacional de Jornalismo, mas a reação da sociedade foi tão firme que inviabilizou aquela tentativa. Será que não percebem que cantam para um teatro quase sem platéia?



Por fim, falar em “conspiração” da direita é um argumento tão batido que não mereceria resposta longa, mas vamos lá: que “direita”? Onde está a direita brasileira, se nas últimas eleições presidenciais tivemos que “optar” entre seis candidatos, todos de esquerda? Nossa direita até existe, mas é fisiológica, tanto que setores expressivos dela alinharam-se, desde o início, com o governo petista.



Qual procela insopitável que exacerba os mares, provocada pelos ventos da arrogância e do atraso, os intelectuais de esquerda de hoje tentam, sem a menor chance de êxito, repetir os mesmos argumentos que levaram o povo a crer que a contra-revolução liderada pelo presidente Castello Branco foi um golpe. Muitos creram nisto. Poucos ainda crêem. Basta, como já escrevi acima, ter pelo menos um neurônio para rechaçar esse pretenso argumento.



O mar, apesar de toda a crise política, está calmo. Ninguém pensa em golpe, em conspiração ou algo semelhante. A democracia está aí, imperfeita, mas aí está. Para ficar e ser aperfeiçoada. É isto o que deseja a imensa maioria de sofridos brasileiros.



E, se no caso de Collor o impeachment não foi um golpe, por que o seria no caso de Lula? Por ser o primeiro de “direita” e o último de esquerda? Qual dos dois governos roubou mais?



Em qualquer país sério, nosso atual presidente já teria sofrido o impeachment, se não por participação no esquema, pelo menos por negligência, incompetência ou excesso de deslumbramento!





(*) Doutor em Economia (EPGE/FGV), Vice-Presidente do Centro Interdisciplinar de Ética e Economia Personalista (Cieep) e Professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. www.ubirataniorio.org









Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui