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Artigos-->MÁFIA DO APITO: JOÃO PAULO ARAÚJO FOI CONVOCADO -- 28/09/2005 - 09:23 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MÁFIA DO APITO: JOÃO PAULO ARAÚJO FOI CONVOCADO





Ele faria contatos com a alta cúpula da arbitragem brasileira





O ex-árbitro de futebol João Paulo Araújo, 53, de Piracicaba, chegou a ser sondado para fazer parte do esquema de compra de jogos de futebol. Ele ganharia entre R$ 20 e R$ 30 mil por semana e seria o responsável por fazer o contato entre o grupo de apostadores e a alta cúpula da arbitragem brasileira, que incluiria até o presidente da comissão de arbitragem da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Armando Marques. Araújo rejeitou o convite, mas disse ter ficado receoso com a conversa.

O ex-árbitro, que hoje trabalha na Escola de Engenharia, não soube o nome do autor da ligação e nem como funcionaria o esquema. Detalhes sobre a fraude poderiam ser conhecidos num possível encontro entre Araújo e o homem, que foi evitado. "Não mancharia meus 16 anos de arbitragem com esse tipo de corrupção", afirmou.

Durante o telefonema, Araújo descobriu apenas que todo o esquema de compra de jogos envolvia ainda empresários e personalidades de Piracicaba, mas os nomes nunca chegaram a ser ditos. Para o ex-árbitro, que apitou de 1980 a 1997 e foi ex-secretário de Esportes na gestão do ex-prefeito José Machado (2001-2004), esse tipo de corrupção no futebol não é novidade e, para coibi-la, seria necessário a profissionalização dos árbitros.



JOÃO PAULO ARAÚJO conta como aconteceu o contato entre ele e a máfia: "Estava, há quatro meses, no trabalho, quando recebi um telefonema. Nesse telefonema, um homem começou a falar comigo, perguntou se estava tudo bem, que me acompanhava há algum tempo e percebi que ele sabia muita coisa da minha vida, fez elogios ao meu trabalho como árbitro e secretário de Esportes e até que eu estava a fim de comprar um carro, e estava mesmo. Cheguei a ir em alguns estacionamentos e disse que ao invés de ficar atrás de carro de R$ 20 mil eu poderia andar de Mercedes. Falou até dos meus filhos. A partir daí, afirmou que eu poderia lucrar muito e iniciou a conversa sobre o esquema, dizendo que tinha uma proposta a fazer e que ela envolvia apostas em jogos de azar. Perguntei que tipo de proposta seria. Ele disse que era representante de alguns empresários, pessoas conhecidas em Piracicaba, que estavam envolvidas nessas apostas, e queria formar um esquema de acerto de jogos de futebol."



JOÃO PAULO ARAÚJO fala qual seria seu papel no esquema: "O homem falou que, como sou uma pessoa respeitada e conhecida na cidade, teria que conversar com os supervisores das arbitragens em São Paulo e com o presidente da arbitragem no Rio de Janeiro, o Armando Marques. Ele perguntou se eu o conhecia e se ele me receberia; respondi que sim, já que até trabalhamos juntos. O mesmo para o pessoal de São Paulo. Essa pessoa achou ótimo e disse que já sabia que isso seria possível e por isso o grupo me contatou. Eles queriam que eu fosse até os responsáveis pelas arbitragens e propusesse para ao menos alguns deles, aqueles que eu tivesse mais acesso, que fizessem parte do esquema de acerto de jogo. Perguntei o que queria dizer com acerto de jogo e quem seria beneficiado, se seria algum time querendo ser campeão, mas me respondeu que seriam apenas jogos de azar."



JOÃO PAULO ARAÚJO explica quais seriam as vantagens que ele teria: "O grupo queria que eu fosse até o pessoal da CBF, ao Armando Marques, e oferecesse a ele R$ 80 mil por semana. Eu receberia entre 20 e 30 mil por semana para ir lá conversar. Recusei a oferta e falei que não sairia daqui para ir ao Rio de Janeiro ou São Paulo fazer esse tipo de coisa. O homem disse então que eu não precisava viajar, mas poderia telefonar para a CBF e para os árbitros que eu conhecesse, já que eu conhecia quase todos, e pedisse para receber o grupo, que seriam amigos meus, e eles próprios se encarregariam da conversa. Queriam que eu abrisse as portas.



JOÃO PAULO ARAÚJO conta tudo: "Eu disse que fui árbitro durante 16 anos e nunca houve problemas com a minha imagem. Não seria agora que eu parei de apitar que participaria desse esquema, mesmo por esse dinheiro que me ofereceram."



JOÃO PAULO ARAÚJO diz sobre a identidade do corruptor: "Ele falava da minha vida e a conversa foi indo. Eu não identifiquei a voz, mas é alguém que me conhece. A pessoa também voltou a insistir se eu queria participar do esquema. Disse que não e perguntei quem era ele e quem mais estaria por trás disso. Ele me falou que se aceitasse conversar pessoalmente, falaria como funcionaria tudo direitinho e quais as pessoas que estariam envolvidas para eu não ficar às escuras. Mas preferi nem aceitar conversar com ele porque não iria participar desse esquema. Minha índole não permite que eu fizesse parte de uma coisa destas. Tenho dois filhos, até agora dei bom exemplo para eles e quero continuar dando bons exemplos. Tenho um bom nome para zelar e jamais iria manchá-lo.



JOÃO PAULO ARAÚJO não acredita que o esquema foi criado em Piracicaba: "Jamais pensava que partisse daqui. Quando ele falava que havia empresários de Piracicaba por trás dele, pensei que pudesse ser alguém com essa intenção, mas não que partisse daqui. Também achei que estavam me procurando para começar o esquema, quando na verdade queriam ampliar ainda mais, por isso queriam saber se eu tinha bastante contatos. Pediram para eu fazer a abertura com outros dois árbitros já em fim de carreira.



JOÃO PAULO ARAÚJO ficou bastante feliz: "Quando terminamos a conversa, sai da escola bastante preocupado e olhava as motos que passavam pela rua, já que falaram sobre minha vida pessoal. Sai daqui totalmente receoso, mas quando vi na televisão que o Edilson Pereira de Carvalho havia sido preso por causa disso aí, eu fiquei bastante feliz. Acho que foi um dos dias mais felizes da minha vida, porque aí eu vi que poderia ter sido eu se tivesse participado do esquema. Não aceito essas coisas, hoje os árbitros estão todos suspeitos, mas a maior parte deles é super honesta. As laranjas podres devem ser tiradas do meio do futebol. Acho que só assim vamos acabar com este tipo de fraude e moralizar o esporte mais popular no Brasil. Gostaria de deixar claro também que existe muitos árbitros honestos nos quadros da Federação Paulista de Futebol e Confederação Brasileira de Futebol.



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