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Discursos-->Ode a uma deusa -- 24/10/2001 - 02:19 (Alberto D. P. do Carmo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quando éramos estudantes do ginásio, íamos à cantina e o pedido era sempre o mesmo: sanduíche de mortandela e guaraná caçula.

Agora, mortandela virou mortadela, parece coisa sem gosto. É muito mais gostoso comer mortannnnndela, soa mais apetitoso. O "tan" é o segredo dessa iguaria. Experimente um dia ir a um buteco, e pedir com "tan". Você vai comer com muito mais prazer, vai até repetir.

Vai me dizer que não gosta de sanduba de mortandela? Ora, conte outra! É a mesma coisa dizer que não assiste ao programa do Sílvio Santos. Deixe de frescura e assuma. Melhor uma mortandela que um hamburger com gosto de papelão cozido do McDonalds.

O apelido da senhora "tan" também era peito de peru. Quem, em sã consciência, e que já tenha uns quarenta pares de tênis bamba bem gastos, nunca comeu um "peito de peru ao vinagrete na chapa"?

É assim: pão francês, tipo "na barca", um centímetro e meio, bem medido, de mortandela, aqui com seu codinome "peito de peru" que, diga-se de passagem não tem nada a ver com isso, cortada bem fina, tão fina que até gruda uma na outra. Depois, vai à chapa. Quando estiver chiando de gostosa, feito mulata na avenida, o chapeiro retira cuidadosamente, coloca na barca, e completa com o vinagrete. Aí tampa com a outra metade do pão francês, coloca de volta na chapa, e cobre com uma tampinha hermeticamente colocada.

Aí vem aquele aroma, aquele buquê. Se levar ao escritório, a salivada é geral, da secretária ao office-boy. E tem que comer na raça, sem medo de se atracar.

Vão correr algumas gotas queixo abaixo. Se você usa bigodes, vão ficar impregnados com a delícia. Só beije a namorada nesse momento se ela também estiver na mesma barca. Só não vale chupar o dedo, porque quebra a etiqueta, e hoje em dia etiqueta é coisa nobre.

E quando a gente compra na padaria, sempre fininha, quer coisa mais relaxante que ficar tirando a pimenta dela com a ponta da faca? O atendente da padaria lá de onde eu morava dizia que era só ele começar a cortar umas duzentas gramas (sim, eu me recuso a masculinizar as gramas, que sempre foram femininas. Só depois da atual era de bichice geral é que masculinizaram as gramas). Pois bem, era só ele começar o ritual do "fiap-fiap", que a fila aumentava. E todos pediam o quê, o quê? Ela, a insubstituível mortandela.

E por falar em bichice, vocês viram que inventaram a mortandela light? Que sacrilégio! Aonde nós vamos parar? E nem tem a pimenta redonda, essencial. Aquilo deve ter gosto de... de... de... sei lá! Vou deixar uns espaços, e quem já comeu esse treco por favor preencha, ou "fill in the blanks", como se dizia nos livros de inglês: .............. (acho que já dá).

Nessas padarias high-tech de hoje em dia, quando a fila está grande, todo mundo fica na mesma batidinha: presunto e queijo. Mas basta um corajoso pedir trezentas dela, que a suruba é geral. Todo mundo aproveita e vai dizendo: - Corta duzentas pra mim também, mas bem fininha, viu!

Pois é, o que falta neste mundo é personalidade, é ver menos TV. Mas basta um bom comercial, mostrando algum yuppie, alguma modelo de bunda quente, ou um estilo elegante, que a bichinha logo entra na moda, e acabam criando até barzinho com mil variações mortandelescas. Já aconteceu com a pinga, que dirá com ela. Classe média é mais manipulada que receita na Veado de Ouro.

Seja como for, ela vai reinar solene, você goste ou não goste. E se você, caso seja do tipo fresco, um dia sucumbir a ela, peça como se deve. Peça com o "tan", bem nasalado. E peça em gramas femininas porque, há algo melhor do que elas?




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