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Artigos-->A fonte do caixa dois: impeachment de Lulla-já! -- 10/10/2005 - 11:10 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A fonte do caixa 2



CORREIO BRAZILIENSE



Operador do mercado financeiro escreve dossiê e revela quem e como foi levantado o dinheiro de oito fundos de pensão para abastecer a tesouraria clandestina montada pelo PT desde que chegou ao poder. (Ugo Braga, Enviado especial)





Rio de Janeiro (RJ) – Em meio ao mar de mentiras em que bóia a política brasileira, um cidadão chamado Alexandre de Athayde Francisco, de 58 anos, resolveu contar a verdade. Operador experiente do mercado financeiro carioca, Athayde afirma conhecer a fonte do caixa 2 do PT.

Segundo ele, o publicitário Marcos Valério de Souza, atual maior vilão nacional, cumpre um papel menor na trama do que lhe é atribuído. O grande escândalo, diz, são os milhões e milhões de reais tirados do patrimônio de oito fundos de pensão – Real Grandeza, Refer, Portus, Prece, Nucleos, Previ, Petros e Funcef – pelo grupo do empresário Haroldo de Almeida Rego Filho, conhecido no ramo pelo apelido de Pororoca. Os milhões serviriam a dois senhores: ao enriquecimento pessoal de uns e ao financiamento eleitoral de outros.



A chave da arca do tesouro dos fundos de pensão teria sido dada a Rego Filho pelo atual chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Luiz Gushiken, ainda na época em que era ministro da Secretaria Especial de Comunicação Institucional. Mas não só por ele. Para fazer Haroldo Pororoca chegar às tesourarias dos fundos, foi preciso tecer uma delicada rede de influências políticas, que, segundo o relato, passou pelo vereador Fernando Gusmão (PCdoB-RJ), pelos deputados Carlos Santana (PT-RJ) e José Dirceu (PT-SP) e por dois dirigentes do PT fluminense, Marcelo Sereno e Manoel Severino dos Santos. Sereno foi assessor de Dirceu na Casa Civil. Santos presidia a Casa da Moeda até um mês atrás.



Alexandre Athayde conhece Haroldo Pororoca há 37 anos. Viu seus filhos crescerem. Trabalhou com ele. Freqüentou a casa de praia da família em Angra dos Reis. Vislumbrou a Cidade Maravilhosa de cima, a bordo do Long Ranger preto, prefixo PT-YHA, helicóptero de US$ 1,2 milhão pertencente a Pororoca. Ganhou muito dinheiro e viveu feliz até meados de 2003. Nesta época, diz ter tomado um cano de R$ 2 milhões do antigo parceiro num negócio com ações da Bombril. Foi quando romperam.





O dossiê



Há um mês, Alexandre Athayde resolveu que era hora de revelar o que viu e ouviu nos tempos em que gozou da amizade de Haroldo Pororoca. Começou a escrever suas memórias em folhas de papel ofício. Acabou produzindo um documento com 37 páginas, a maioria delas manuscritas. Há documentos anexados e duas fitas cassete com conversas entre dirigentes petistas.



Após uma quinzena de negociação, no dia 3 de setembro, um sábado, Athayde concordou em entregar o dossiê à reportagem do Correio. Numa conversa de mais de oito horas em uma churrascaria do Leblon, explicou pormenores, complementou informações, incluiu detalhes que faltavam. Ao longo da semana, por telefone, esclareceu dúvidas e forneceu novos elementos. Lá, os dados não estão cronologicamente organizados — há coisas de 1985 a 2003.





O esquema



Não há como tirar dinheiro dos fundos de pensão sem cobertura política. E isso nunca faltou a Haroldo ou a seus filhos, Murillo e Christian. Murillo é amigo pessoal do vereador Fernando Gusmão, sucessor do atual prefeito de Nova Iguaçu, Lindbergh Farias (PT), presidente da UNE na década de 90. A amizade com um acabou aproximando-o do outro.



Quando Anthony Garotinho deixou o governo do Rio na mão de Benedita da Silva para sair candidato à Presidência, em 2002, Haroldo articulou-se com Marcelo Sereno, então secretário de Estado. Conseguiu emplacar um sobrinho, Carlos Eduardo Carneiro, na gerência de investimentos da Prece, fundo de pensão da Cedae, a companhia estadual de água. “Em quatro meses, eles tiraram R$ 40 milhões de lá”, escreveu Athayde em suas memórias. Daí sua ligação com o futuro assessor especial da Casa Civil.



“O Haroldo também virou amigo do Gushiken. Soube que o ministro foi homenageado com uma festa na casa de Angra. Embarcou no Ranger no heliponto da Lagoa”, detalha. “Foi por intermédio dessa turma que ele botou o pessoal dele nos fundos de pensão no governo Lula”, garante Athayde. De fato, há registros de passagem de gente ligada às pessoas citadas em vários dos fundos de pensão listados no dossiê.



Do ponto de vista financeiro, a coisa era às vezes simples, às vezes sofisticada. Nas simples, corretoras especialmente selecionadas compravam ativos no mercado ou em leilões primários realizados pelo Banco Central, que eram vendidos por preços mais altos aos fundos de pensão. O negócio saía com desconcertante facilidade porque era orientado, tanto na ponta compradora quanto na vendedora.



A descrição dessas operações coincide com a revelada pelo Correio na edição de 22 de julho passado. Ela ocorreu no Portus, fundo de pensão dos portuários. A corretora Cruzeiro do Sul, mencionada por Athayde, comprou um título público com gordo deságio no mercado e o vendeu com ágio ao fundo de pensão. Só nesse negócio, com um papel de segunda linha e um fundo pequeno, houve ganho de R$ 6,5 milhões pelos operadores. A Cruzeiro do Sul jura ter lucrado apenas R$ 100 mil.



Alexandre Athayde diz ter presenciado em pelo menos duas ocasiões o contínuo da família Almeida Rego, de nome Ricardo, portando mochilas com quantias exorbitantes de dinheiro para serem depositadas numa conta corrente do BankBoston, registrada em nome de Rogéria Costa Beber, mulher de Murillo. Na última sexta-feira, o Correio deixou recado na casa do casal, mas não obteve resposta. Duas horas depois, Alexandre Athayde disse ter recebido uma ligação de Murillo ameaçando-o de morte. Nenhum dos outros citados da família Almeida Rego quis falar.





Cifras são espantosas



As cifras de que se fala nas conversas são espantosas. A compra de R$ 150 milhões em CDBs do Banco Santos pela Fundação Real Grandeza, orquestrada pelo então gerente de investimentos Benito Siciliano, homem de Pororoca, teria vertido de R$ 40 milhões a R$ 70 milhões ao caixa do grupo.



Tem mais. Alexandre Athayde denuncia que, avalizado politicamente por Gusmão no PCdoB e pelo deputado Carlos Santana no PT, Pororoca ou seus filhos engendraram operações no mercado de índice futuro com dinheiro da Refer, fundo de pensão dos ferroviários. Teriam “remetido” outros tantos milhões em lucros para corretoras amigas. Isso, depois de tentarem aprovar a terceirização de uma carteira de R$ 1,4 bilhão em títulos federais, entesourados na fundação.



“Olha, posso confirmar pelo menos parte disso: durante um evento no Riocentro, o Murillo (de Almeida Rego, filho de Haroldo e dono da Arbor Asset Management) me ofereceu vantagens financeiras se eu topasse terceirizar a carteira”, atesta o ex-deputado Jorge Moura, presidente da Refer até junho do ano passado.





Lavanderia



Athayde conta que, uma vez realizado com as operações financeiras, o lucro era creditado em nome de laranjas. Um desses laranjas foi o próprio irmão do denunciante, Guilherme de Athayde Francisco, cuja boleta da Safic Corretora está anexada ao dossiê. A Safic era uma microcorretora que funcionava em São Paulo, pertencia a Haroldo, mas estava no nome de um terceiro e foi fechada a mando da bolsa, em 2002.



Dos laranjas, o grupo sacava com cheques endossados e o dinheiro seguia um caminho bifurcado. Parte engordava a fortuna da família Almeida Rego – esta era depositada, segundo Alexandre Athayde, na conta corrente número 21879110, da agência do BankBoston na Rua Olegário Mariano, Barra da Tijuca. E parte era entregue a Dario Messer, atualmente foragido no Uruguai, que punha o dinheiro na mesma lavanderia em que trabalhavam Antônio Oliveira Claramunt, o Toninho Barcelona, Raul Sraur, Alberto Youssef e Richard Waterloo, célebre time dos maiores doleiros do país. (UB)









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