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Cartas-->EPOPÉIAS - CARTA A PROF. EM PORTUGAL -- 17/02/2001 - 10:06 (Diógenes Pereira de Araújo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
EPOPÉIAS


Prezado Prof. Jorge Garcia Fernandes:

Escrevo para parabenizá-lo por dois motivos.

Parabenizo-o, por primeiro, por sua iniciativa em conjunto com outros profissionais da área de Educação pelo estímulo investido na integração entre estudantes de países de Língua Portuguesa - de início Portugal e Brasil - e já também despontando Moçambique.

Referido projeto começou com correspondências, postas em comum, em partilha, através da Internet

(http://educom.fct.unl.pt/proj/por-mares/index.htm)

e já prosperou no desdobramento de visita de Professores e Alunos Portugueses a Professores e Alunos Brasileiros, e vice-versa.


Em carta recente me escreveu Jorge Fernandes: "...de facto eu também estou de acordo que será de todo importante que os jovens dos nossos países compreendam que o que une os países de língua portuguesa é muito e que a diferença existindo, na sua diversidade apenas enriquece este enormíssimo património cultural e humano formado pelos povos que falam português. Eu próprio no Brasil não me senti estrangeiro, e amo o Brasil, Angola, Timor, Moçambique, Guiné, Cabo Verde, Goa ou S. Tomé, tanto como amo Portugal. E acho que a maioria dos portugueses sentem como eu. Talvez seja uma coisa muito emocional, porque afinal todos os povos são meritórios e iguais e todas as culturas são apaixonantes. Ou então é um chamamento do sangue e de laços antigos que de alguma maneira estão presentes nos meus genes."


O segundo motivo por que me alegra parabenizá-lo é a publicação do seu trabalho: "GUIA DE LEITURA DE `OS LUSÍADAS´, em CD-Rom, multimídia, pelas Edições ASA, obra esta premiada pelo MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO DE PORTUGAL.


Epopéia é poema extenso sobre ações heróicas, não necessariamente
guerreiras, muitas vezes marítimas, de forte significado para um povo.

A epopéia era, em teoria, considerada o mais elevado dos gêneros literários até o século XIX, mas na prática, após a Renascença o gênero epopéia cedeu seu posto nas preferências para o romance. A mais antiga epopéia de que se tem notícia se intitulou Gilgamesh, terceiro ou quarto milênio a. C. As mais conhecidas: Ilíada e Odisséia, de Homero; Eneida, de Virgílio; Cantar de Mio Cid, de autor espanhol; Chanson de Roland, autor desconhecido; Orlando Enamorado, Boiardo; Orlando Furioso, Ariosto; Divina Comédia, de Dante; Jerusalém Libertada, Torquato Tasso e Os Lusíadas, de Luís de Camões, esta a narrar a narrar os descobrimentos marítimos em torno das proezas de Vasco da Gama.


Através do referido CD se podem ver desenhos de Soares dos Reis, ouvir músicas da Época de Camões e locução de excertos do poema épico, bem como mais dois poemas de Camões, um de Bocage, dois de Fernando Pessoa e um de Jorge de Sena, bem como tomar contato com os deuses da Mitologia Grega intervenientes no Poema.


Se bem entendo, OS LUSÍADAS foi a última epopéia escrita.


Tendo-se em mente que em algumas epopéias a autoria foi coletiva, anônima me pergunto e desejo: Não seria o tempo de se escrever, - com a própria vida -, uma epopéia cujos heróis fossem os povos de Língua Portuguesa, sejam descendentes dos heróicos Navegadores, sejam ligados a eles por partículas minúsculas provindas da Linguagem Comum? Quem sabe - me retraio! - não os povos, na sua totalidade, mas os jovens que falam a Língua Portuguesa? Os jovens que trazem sempre desfraldas as velas da esperança e do impulso para se superar, para crescer?! Sabe-se que em algumas epopéias a autoria foi coletiva, anônima. Utopia de minha parte? Sim: utopia. Talvez seja utopia. Talvez não seja.


Utopia, com certeza, seria pretender que certas soluções necessárias venham a ocorrer sem o empenho, o "engenho e a arte" de muitos. Vou me explicar um pouco melhor, ou quem sabe: ampliar a área de eventual debate.


Em Filosofia se sabe que três perguntas: "quem sou?", "de onde venho?" e "para aonde irei?", motivaram e algo angustiaram o filosofar durante décadas, mesmo durante séculos. Tais perguntas foram substituídas por uma outra mais simples, mais prática, mais ligada aos meios de ser útil à coletividade e ganhar a subsistência: "Que serei?". Refere-se tal pergunta à futura profissão. Quando eu era jovem se ouvia dizer: "Estuda que Você terá o futuro garantido". Já não se pode dar essa garantia aos estudantes. O estudo é cada vez mais necessário, porém cada vez menos suficiente para garantir os meios de subsistência. Fico pensando se não seria de conveniência substituir tal pergunta: "que serei?", por uma outra: "como sou?", em termos individuais e depois, em termos de âmbito familiar e depois, em termos nacionais, ou até coletivo dos que falam a mesma língua. O "como sou?", não dará garantia de subsistência, mas poderá dar meios para um relacionamento pessoal, de qualidade: com Deus, consigo e com o próximo. Pergunto: não é fato que as pessoas se relacionam de maneira precária? Será algo assim como um navegar para dentro e depois um navegar para o outro. Li uma frase - infelizmente muito feliz - dada em uma entrevista por José Saramago: "O homem descobriu como chegar à Marte, mas não descobriu ainda como chegar ao outro". Que tal se propuséssemos tal navegação: primeiro a navegação para dentro de si - "como sou?" - e depois para o outro? Necessitamos para isto conhecer o conhecer a si próprio. Para tal navegação, os capitães, imediatos, pilotos, marujos serão os Ministros Religiosos, os Professores, os Pedagogos, os Profissionais da Área Psíquica, os Professores e Críticos de Literatura e também os Escritores. Ah! Sim: também os poetas.


Diógenes Pereira de Araújo

fast.to/poema

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