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Artigos-->A loucura das loucuras -- 13/10/2005 - 12:15 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A loucura das loucuras



Paulo Sant ana



Porto Alegre, 11 de outubro de 2005. Edição nº 14658

Jornal Zero Hora.



Como esta questão do desarmamento nos dividiu!Eu me apanhei ontem jogando no lixo 40 discos do Chico Buarque, vejam a que ponto cheguei: passei a desprezar o meu maior ídolo porque ele está fazendo propaganda do desarmamento na televisão.



Agora não tenho mais dúvida: o maior compositor brasileiro de todos os tempos foi mesmo o Noel Rosa.



* * *



Esta campanha do desarmamento nos dividiu dentro dos nossos lares, nas escolas, na universidade. Eu me apanhei punindo os meus conhecidos e amigos que são a favor: decidi não ler as colunas da Rosane de Oliveira e do David Coimbra durante três dias. Como pena pelo sacrilégio intelectual que cometeram ao escrever a favor do desarmamento.



Imperdoável.



* * *



Chamei ontem a um canto da Redação o Luiz Zini Pires, a Dione Kuhn e o Luiz Antônio Araujo, talvez as minhas últimas esperanças, e lhes lancei um apelo: "Não sei o que vocês pensam, mas, se vocês forem a favor do desarmamento, não me digam. Guardem isso em segredo, eu não quero me decepcionar com vocês".



* * *



O que nunca vão entender os desarmamentistas é que nós defendemos as armas para que elas não sejam usadas. Nós defendemos o direito de ter uma arma em casa durante 30 anos sem tocá-la, como tranqüilizante, como teórica última instância de defesa.



Mais de 98% dos brasileiros que possuem armas nunca as usaram. Mas as mantêm como salvaguarda derradeira, diante da hipótese remota, mas não desprezível, de que um dia ponham-lhes as portas de seus lares abaixo e eles não possam esboçar, imbecilmente, um só gesto de defesa à incolumidade física, moral ou sexual de suas mulheres, de suas filhas, de si próprios.



É para não as usar que queremos as armas, se fosse para usá-las, nós seríamos reles e prepotentes bandidos.



* * *



Mas entre todos os desarmamentistas, o que mais me causou revolta foi o deputado federal Tarcísio Zimmermann (PT-RS).



Ele declarou, num dos inúmeros debates de que vem participando nos meios de comunicação, que fiquem tranqüilos os gaúchos que vivem no meio rural, os agricultores, os pecuaristas, os camponeses: logo que passar o referendo, claro que com vitória do SIM, que este é um referendo armado e tecido e sordidamente engendrado pelos desarmamentistas, coroado por uma capciosa e desonesta pergunta que vão fazer aos eleitores, que logo depois que for vitoriosa a causa da infâmia de desarmarem todo um povo para deixá-lo à mercê dos assaltantes, "nós", disse o deputado Zimmermann, "vamos fazer uma lei que dê direito às pessoas que vivam nos confins rurais do país para que possam vir a ter armas em suas casas".



* * *



Não pode ter dito de má-fé este gigantesco absurdo o deputado. Só pode ter sido por ignorância ou desinformação. Se passar o SIM, nem o deputado Zimmermann nem o Congresso Nacional nem o Supremo Tribunal Federal terão poderes para fazer tal lei, o referendo será soberano e só outro referendo, daqui a 50 anos poderá modificá-lo. E que será decidido neste referendo é que fica proibida para sempre a venda de armas e munições no Brasil.



O importante neste episódio é que o deputado Zimmermann e todos os desarmamentistas ficaram perplexos quando esta coluna, em primeira mão no Brasil, perguntou pateticamente: "Mas e como ficarão os milhões de brasileiros que moram no Rancho Fundo, bem pra lá do fim do mundo, onde a dor e a saudade contam coisas da cidade?"



Como ficarão os que vivem sem vizinhos, lá no meio do campo ou do mato, lá onde não há socorro, não há polícia, não há o mínimo agasalho ou proteção do meio social diante de um ataque de qualquer inimigo humano ou animal?



Como ficarão? Respondam. Sem uma arma para sua sobrevivência? Serão trucidados lá nas paragens longínquas do agreste? Isto é desumano, isto é irracional e só cabe em cérebros de tolos.



Depois do SIM vencedor em todo o Brasil, menos no Rio Grande, onde rechaçaremos com o NÃO esta miséria intelectual, intelectiva e cultural que varre o país neste referendo, nada mais restará para fazer contra esta catástrofe.



Mas, notem bem, o deputado Zimmermann e os desarmamentistas todos concordam que lá no meio rural é impossível viver sem uma arma. No entanto, vergonhosamente vão decretar esse descalabro.



Estão pregando um desarmamento que é inexorável para o meio rural, até mesmo porque será estupidamente proibida, a partir de 23 de outubro, a venda de munição. Ou seja, quem permanecer com as armas terá de jogá-las no lixo, não haverá mais onde comprar munição.



Depois não venham chorar e mostrar arrependimento por esta amazônica tolice que estão perpetrando.



Depois será tarde demais para reparar esta maior de todas as insânias, a loucura das loucuras.





psantana.colunistas@zerohora.com.br









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