Ai, Aline! Sei que um dia,
cansada de tanta farra,
esquecerás essa barra
e até as noites de alegria.
E com interna armonia
e secreta contrição
procurarás a emoção
do santo lar, tricotando,
com teu marido ajudando
nas tarefas de fogão.
Teu marido, um bom senhor
beberá com seus amigos,
tu, sozinha, sem testigos,
o esperarás com amor.
Sem angústia e sem temor
tu darás banho nas criança
e ele virá com confiança
sabendo-te mulher fiel;
vida de casado é mel
que a felicidade alcança.
Eu, que nada sei de sexo
(virgem vivo e morrerei)
se de sexo nada sei
disso não tenho complexo.
Minha poesia é sem nexo
e de Balzac Honorato
nada sei (oh, triste fato!)
Pra mim a Comédia Humana
da vida comum emana
e o destino é seu retrato.
Mas não me leves a sério,
Aline, mantém a calma;
a salvação duma alma
é inescrutável mistério.
Recebo triste o impropério
que me envias, oh senhora!,
minh´alma é alma que chora
quando se ofende uma dama.
Nem protesta, nem reclama.
Isso sim: perdão implora.