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Artigos-->DESCANSE EM PAZ, CRISTIANO -- 20/10/2005 - 10:23 (FLAVIO DIAS SEMIM) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quarta feira, 5 de outubro de 2005, periferia de uma cidade pobre e distante, situada em um estado pobre e distante do pobre Brasil. Sol abrasador que gera um calor violento, prometendo mas não cumprindo uma esperada chuva refrescante. O lugar citado é o bairro Senhor Divino nesta cidade de Coxim no estado do Mato Grosso do Sul.

Os noticiários do meio dia nos rádios e televisores haviam terminados com as já enjoativas notícias vindas do distante Congresso Nacional, sempre citando valores astronômicos na casa dos milhões de reais, desviados por políticos e partidos, numa caça sem tréguas a provar o provado, mencionando depoimentos no velho estilo “negar sempre, confessar jamais”.

Naquele bairro, 14 horas, o carro funerário deixa o corpo de um jovem adolescente, acondicionado numa urna mortuária das mais baratas e a leva para os fundos de um lote, onde em um casebre que antes fora sua morada, hoje serve como local de exposição de seus restos mortais. Formando um cenário bucólico, sob a cobertura de amianto de uma varanda, entrada da casinha, seu corpo foi exposto à visitação, já que nem caberia no interior da modesta residência, sem forro, sem piso, sem revestimento. Centenas, talvez milhares de pessoas, quase todas jovens e a maioria em vestimentas simples, chinelos de dedo ou tênis surrados nos pés se acotovelam para ver o defunto de quem só aparece a face, já que a cabeça está encoberta por ataduras e o corpo por flores, escondendo o retalhamento feito pela retirada dos órgãos doados.

Na empoeirada rua de terra, chão batido, em frente à casa, muitos esperam para atravessar o terreno arenoso, águas servidas escorrendo na passagem, galinhas assustadas fugindo e assim poder visitar o corpo do conhecido. Na multidão espalhada pelo quintal muitos choram ostensivamente pela morte trágica do amigo. Um parente próximo grita indignado contra a atitude do policial que soltou o assassino, preso na delegacia após a ocorrência. Aliás, o que mais se nota é a revolta dos presentes contra a atitude do policial e não tanto com a tragédia ocorrida. Aos choros alguns reprovam a liberdade do matador, após estar nas mãos da autoridade policial, ocasião em que manifestam a falta da justiça no ato, confundindo ação policial com atividade judicial.

A morte trágica do moço aos 18 anos de idade fez a sua comunidade paupérrima externar, sem saber, suas dificuldades cotidianas, a desigualdade social, a falta de oportunidades, o desemprego, a violência, a humilhante situação de pedir ajuda sempre para obter um remédio, uma roupa e muitas vezes, comida, e mostrar que ali, naquela hora e dia da semana, não justificaria a presença de tanta gente, se houvesse ocupação para a maioria.

Enquanto isso, seus representantes nas Câmaras Municipais, Estaduais e Federal, assentados num confortável ambiente, traçam as metas da próxima sucessão, do potencial de votos de tal candidato, do indicado ao próximo Ministério ou Secretaria, tudo isso as escancaras, por que os planos das outras metas são obscuros, exercidos veladamente e tanto legislativo como executivo escondem seus objetivos interesseiros, suas vantagens pessoais, suas influências, seus enriquecimentos ilícitos, seus benefícios particulares ou troca de favores e concessão de empregos a parentes e amigos.

Por tudo isso, desejamos a você CRISTIANO, que descanse em paz e lá de cima nem se preocupe conosco, pois aqui estaremos a conviver por muito tempo ainda com autoridades displicentes, continuaremos apáticos com políticos corruptíveis, novamente nos entusiasmaremos com promessas de campanha e votaremos mal. Também nos conformaremos com gentes instaladas confortavelmente em virtuais redomas de vidro a quem, pagando e muito caro, receber sentenças injustas, demoradas ou ver recusada a sua satisfação. Para tudo isso existem exceções, é verdade, mas são tão poucas...

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