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Artigos-->OS MORTOS DA PRAÇA -- 24/10/2005 - 11:34 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
OS MORTOS DA PRAÇA





Fernando Zocca





O desabamento do edifício Comurba em Piracicaba, no dia 6 de novembro de 1964, completará 41 anos. Morreram mais de 45 pessoas; toneladas de escombros demoraram anos para serem retirados do centro do desastre.

O plano da obra tinha, dentre seus mentores, os usineiros Raul Cury e mais 99 acionistas. Nos cálculos estruturais trabalharam engenheiros jovens e recém formados. O arquiteto João Chaddad, na época estava com 30 anos e, depois das mortes perdeu uns 4 ou cinco projetos prediais.

A estrutura foi concebida para suportar o peso de 12 andares, 54 apartamentos e uma caixa d água que serviria à população do empreendimento; cada laje da construção pesava 20 toneladas.

Durante o curso dos trabalhos, a direção do empreendimento, sob nova inspiração, resolveu acrescer mais 3 andares à estrutura. Com 15 pavimentos, a altura da construção passou para 40 metros. No térreo do edifício havia um cinema recém inaugurado. Era o cine Plaza, e possuía a capacidade para acomodar 1.300 pessoas.

No dia da ocorrência às 13:30, o cinema estava vazio. O filme, que seria assistido por muita gente, na sessão da noite chamava-se "A vida íntima de Christine Killer".

O ruído e a poeira produzidos pelo desabamento, foram percebidos a quilômetros de distância. O edifício Luiz de Queiroz ocupava a maior área construída no interior do Brasil: eram 22 mil metros quadrados. Em 30 segundos tudo veio abaixo.

O conselho coordenador das entidades civis de Piracicaba, criou uma comissão especial para compensar as vítimas. A entidade arrecadou 13 milhões de cruzeiros, entre dinheiro e alimentos. Aviões da Força Aérea Brasileira chegavam à cidade trazendo medicamentos e sangue.

Famílias inteiras morreram. O comerciante Francisco Candeias Coroa perdeu a mulher, 3 filhas e a sogra. Houve muita repercussão da imprensa do mundo todo. O papa Paulo VI enviou benções especiais.

O governador do Estado de S. Paulo Adhemar de Barros Filho desembarcou no aeroporto Pedro Morganti no dia 9 de novembro de 1964, segunda-feira e foi recebido pelo prefeito Luciano Guidotti.

No dia 10 de novembro O Diário de Piracicaba publicava o discurso do governador, levado ao ar no dia 9, pela Rádio PRD 6, hoje Rádio Difusora. Ele dizia: "Nós não vamos discutir o episódio lamentável. Não vamos lamentar as mortes. Vamos chorar e rezar por elas, além de providenciar, de tal maneira que o restante desse prédio não constitua uma ameaça para a população. Já determinei ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para examinar o restante do prédio. Nenhum de nós poderá dizer que foi ultrapassado o gabarito; se foi excesso de peso ou se foi material de segunda classe. Tudo isso quem vai dizer é o IPT. O que for necessário será feito."

Os engenheiros responsáveis pelos cálculos estruturais e obra decidiram pela interdição do local. As lajes pendentes, seguras por vergalhões de aço, ofereciam risco e amedrontavam. Ninguém sabia como retira-las. Um helicóptero da FAB sobrevoou os escombros para tentar cortar os ferros. Mas o perigo da operação impediu que um funcionário, sustado por uma corda, executasse o plano.

O esqueleto da obra assassina foi posto abaixo no dia 8 de novembro de 1971, exatos 7 anos depois do morticínio.

Hoje o arquiteto João Chaddad faz parte do governo do Sr. Barjas Negri, (PSDB) e com um projeto seu, a prefeitura modifica a praça José Bonifácio.

No dia 23 de novembro de 2003 o usineiro Raul Cury, na época presidente da Companhia de Melhoramentos Urbanos - Comurba - responsável pela construção do Edifício Luiz de Queiroz, em entrevista ao Jornal de Piracicaba disse que o assunto lhe trazia muitos dissabores e que o erro de cálculo causou a catástrofe. Sobre o que havia restado da tragédia depois de tanto tempo ele respondeu: "Tristeza, dissabor, desencanto e angústia de pensar o que poderia ter sido se a tragédia não tivesse acontecido.Quando passo lá olho, e a minha visão é a de um prédio bonito, um cinema bonito, as lojas, tudo. A queda do Comurba foi a grande mágoa da minha vida. Foi um traumatismo enorme, violento demais. Falar todo mundo falou. Todos viraram engenheiros e técnicos, mas na hora de fazer, ninguém faz.... Agora, quero ter um pouco de paz. Gostaria de esquecer e ser esquecido."

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