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Contos-->PERFÍDIA -- 16/03/2002 - 10:28 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Era já um finzinho de tarde, daquela quinta-feira inesquecível. A temperatura amena, causava um certo langor que tornava as coisas mais lentas e o tempo mais moroso para passar.
Ele se preparava para sair à noite e por isso caprichara no banho e havia até engraxado os sapatos, coisa que raramente fazia. Seus irmãos e pais não sabiam para onde ele ia, mesmo porque seria até desinteressante a comunicação de tal fato.
Mas estava ansioso e feliz ao mesmo tempo. mal sabia o que lhe preparava o destino.
Na rua, as pessoas moviam-se apressadas em direção às suas casas, depois de um longo dia de labuta estressante. Alguns homens conversavam, produzindo um vozerio retumbante, narrando com indignação as injustiças sofridas.
Saiu para a calçada e andando pelas sombras procurava não amassar sua calça cáqui e a vistosa camisa branca. Com a prodigiosa imaginação com que, por força e obra da graça divina, fora agraciado, via-se antecipadamente tomando-a nas mãos e beijando-lhe os lábios sedutores.
Igual a Mané Garrincha, Pelé e Pepe, que num ataque relâmpago, punham a seleção adversária em desvantagem no marcador, ele driblando os bólidos motorizados, sentia-se vencedor quando sobrepunha mais uma quadra à soma das já percorridas.
Era inacreditável, mas conseguia ouvir "From me to you", daqueles cabeludos excêntricos que enlouqueciam as garotas, nos rádios concomitantemente ligados, em determinados trechos do caminho.
Quando chegou ao local combinado, viu-a exuberante, envolvida por uma aragem amena. Seus cabelos esvoaçavam. Sua mini-saia azul, que permitia a visão de pernas alvas e bem definidas, destacava-a dos demais passantes. Estava linda.
Eles se tocaram nas mãos. Abraçaram-se e se beijaram. Poucas palavras foram ditas.
Depois de não menos que vinte minutos de amassos e chupões ela dispensou-o dizendo que faria algo a mando de seu pai. Ele queixou-se, mas não adiantou. Ela saiu e deixou-o só. Agoniado então, pôs-se no caminho da volta.
Quando chegou defronte sua casa, um amigo de futebol, o Edbar, esperava-o com algumas novidades.
Edbar perguntou por sua namorada e quando ouviu que ele acabara de chegar de um encontro com ela, convidou-o para voltar lá de onde viera. Tinha que lhe mostrar algo.
No caminho foram conversando assuntos da copa do mundo do ano anterior. O Brasil tornara-se bicampeão mundial lá no Chile.
Quando chegaram no local viram a namoradinha jovial, com sua mini-saia azul, de mãos dadas com um mauricinho afogueado e bem nutrido.
As duplas se entrecruzaram ao largo. Ela não o fitou. Enrubesceram, e palavra nenhuma, sem constrangimento, foi pronunciada pelos dois amigos que voltavam da empreitada.
Quando chegaram ao boteco da esquina e sorviam a coca-cola gelada, Edbar contou o que sabia sobre a garota: era de programa. parecia gente de família boa, mas na verdade quase todos os namoradinhos que tivera, alcançaram a felicidade de pousar uma noite na sua casa. A mãe sabia de tudo e até estimulava a filha, com medo que a repressão sexual pudesse por a perder os miolos da menina.
E assim em nome da pretensa higidêz mental provocada pela libertinagem, a mocinha, que já aportava na casa dos trinta, via-se passando de mão em mão, sem que seu sonho de casar de véu e grinalda se concretizasse.
No rádio velho do botequim enodoado, enquanto o pedreiro ao lado queixava-se de uma inflamação no nervo "asiático", os quatro malucos de Liverpool esgoelavam "She loves you".
Aquilo só podia ser brincadeira!
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