Vocês, que se atropelam nos fins de semana prolongados, que dizem gostar da natureza, que vêm sacudir seu bolor junto da mata, dos rios, do mar.
Vocês, que nem sabem aonde vai a merda que cagam em seus apartamentos, nem os cabelos que caem no ralo dos seus banheiros. Vocês, porcos que enlameiam tudo onde tocam.
Gostam da cidade? Então fiquem por aí mesmo. Empanturrem-se de shoppings e de cinemas, de teatros e de barzinhos,
Mas, quando chegar o fim de semana, as férias, ou o que seja, deixem-nos em paz. Vão gastar seu rico dinheirinho em fliperamas ou coisa que o valha.
Por que vêm até aqui, se seus pezinhos delicados não suportam o menor pedregulho? Se acham que terra é sujeira, e chuva atrapalha a vida? Vão todos se catar, seus suínos mal-resolvidos!
Fiquem aí com seus asfaltos e deixem a gente aqui em paz, com nossa terra. Vão curtir seus comerciais de TV, seus leites desnatados, seus apartamentos de cobertura, ou de porão.
São todos detestáveis, gente que suja tudo onde pisa, que criam filhos ensinando que frango nasce em supermercado, que fruta boa é a cheia de desinfetante. Vão comer suas rações bem longe daqui!
Vocês não sabem o que é natureza, nem como se comportar diante dela. Sabem apenas qual o carro do ano, o vídeo mais recente, ou um best-seller de algum idiota como vocês.
Poupem-nos de sua convivência podre e imbecilizada. Vão vestir suas grifes a dois mil anos-luz daqui, homens afeminados e mulheres frescas. São totalmente desnecessários por estas bandas, fiquem nas suas, bem longe daqui.
Vão plantar batatas e colher jabuticabas no supermercado mais próximo dos seus covis!
São seres descartáveis, como tudo o que comem.
Quer ter mais contato com a natureza? Então vá fazer churrasco na lavanderia de sua casa, ou no salão de festas de seu edifício. Faça o que quiser, mas deixe o carro na garagem, junto com suas bermudas floridas e seus guarda-sóis.
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