Manaus do Rio
I
Num fim de mundo, dentro do inferno verde da mata
é onde queimam os sentimentos dos homens
em sofrimentos refletidos n’água,
como diamantes de reluzente beleza.
II
E juntos têm-se pétalas de todas as flores.
A estrada e a vitória régia repartidas.; o Rio volumoso,
onde homens, peixes e barcos navegam, vagam,
flutuam com leveza, vagabundeiam
— numa unidade indisciplinada,
— mas decifrada como num milagre
que só é possível se se ver Deus,
ler a Caligrafia de Deus!
III
Com essa esperança abro uma folha de carnaúba
E vou passando os fios e fico me sentindo
decodificando palavras, versos, páginas.
De um livro mágico de onde saltam imagens dando vivas:
Viva a clorofila! Viva a celulose! Viva a
Vida! Viva o recreio das água! Vida de personagens.
IV
E vou tateado aqui, numa touceira ali
como quem mexe no corpo de uma mulher.
E lá vou eu feliz, passando as mãos mato adentro
de forma mais despudorada abrindo as clareiras
com mãos fortes e ternas de seringueiros,
descobrindo no olhar atento do Boi Caprichoso!
V
E vou me emocionando, deixando deflorar a menina
dos olhos, tomando de conta do belo horizonte
aonde a mãe d’água se deixa ver à margem
na margem do rio... em Manaus do Rio! E grita:
Viva a clorofila! Viva a celulose! Viva a
Vida! Viva o recreio das água!
Viva a cidade, viva Manaus do Rio!
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