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Artigos-->A falência da Educação -- 06/12/2005 - 10:59 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A FALÊNCIA NA EDUCAÇÃO.



GLACY CASSOU GOMINGUES.



Lendo no jornal O POVO de ontem – 01/12/2005 – um artigo sobre a “falência” do ensino público, principalmente no primário, lembrei dos meus tempos de professora desse setor.



Formei-me em Curitiba, na então Escola de Professores do Paraná, e fui nomeada professora em uma escola em uma escola isolada*, na serraria de meu pai. Dez quilômetros distante da sede do município de São Mateus do Sul, numa clareira aberta na mata de pinheiros para construir a serraria e as moradias dos empregados, foi feita também, uma casa para funcionar como escola para os filhos dos empregados e moradores dos arredores.



Sem nenhum quesito estrutural pedagógico ou de arquitetura, tinha apenas minha mesa, carteiras para os alunos, um quadro negro e um mapa do Brasil. Como era reconhecida no plano educacional do município, TODO material didático era fornecido pelo município. NUNCA faltou caderno ou lápis para as crianças, embora no raio de 10 km não houvesse onde procurar socorro. O município provia à CONTENTO as necessidades da escolinha.



Eram mais ou menos umas 30 ou 40 crianças das mais diversas idades. Iam daquelas que mal sabiam “combinar” as letras para formar palavras, outras sabiam contar e fazer cálculos de cabeça, porque não sabiam grafar os algarismos – chamavam “conta de barbaquá”* . E outras, a maioria, não sabiam NADA.



Fui professora um ano nessa escola e depois passei para o Grupo Escolar de São Mateus. E mais. Naquele tempo no Paraná, havia os Inspetores de Ensino que TODOS OS MESES, inspecionavam os grupos escolares e as escolas isoladas do interior do estado. O que inspecionava São Mateus, era um sádico que quando era anunciada sua visita, muitas professoras de escolas como a minha ou do grupo da cidade, adoeciam de medo.



No início do ano, ainda imbuída de métodos pedagógicos aprendidos na Escola, tentei usá-los com MEUS ALUNOS. Foi o mesmo que malhar em ferro frio. Em bem pouco tempo, entendi que TINHA que ser no a,b,c, b+a=ba. Pois boa parte nem isso sabia.



Mas, sempre houve material suficiente para atender às necessidades da escolinha. O, HOJE, tão falado e reivindicado LAZER, era ABSOLUTAMENTE resolvido na hora do recreio. Meus vencimentos NUNCA atrasaram. . Aproveitava as datas nacionais para passar um pouco de História do Brasil, e como geografia, falava de outros lugares. Um dia falando de Curitiba, disse que havia prédios que era como se as casa fossem construídas umas sobre as outras. Um menino, mais corajoso reagiu com um sorriso maroto e disse: “ Ah, isso não professora. Já é muita lorota”



Podem não acreditar, mas consegui que não muitos, mas alguns, terminassem o ano sabendo ler e escrever um bilhete legível, e ainda alguns não precisando mais da “conta de barbaquá”*.



Hoje, conforme li no jornal – e concordo plenamente com o articulista – os alunos pobres, em geral , não gostam mais de estudar. Os 1.000 planos mirabolantes e alternativos propostos pelos setores encarregados – desconfio do propósito – prometem e malversam impunemente as verbas para educação, só despertam nas crianças o sonho de ser jogador de futebol, ator ou atriz global, bailarinos, cantores, modelos e outras profissões semelhantes.



Ao em vez de aparelhar DIGNAMENTE uma escola, preferem com as lideranças comunitárias, encher as cabeças das crianças de sonhos que mais facilmente lavarão a grandes frustrações. Haja plano de CIDADANIA, DIREITOS DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA, e outros projetos para futuros frustrados, que absorvem os recursos destinados à EDUCAÇÃO PARA A VIDA E O TRABALHO DIGNO, que esvaziam as escolas e ainda contribuem para o DESMANTELAMENTO das mesmas , e o desemprego dos verdadeiros PROFESSORES, E é com esse futuro contingente de brasileiros mal preparados, e com a FALÊNCIA do ENSINO BÁSICO, que os fanfarrões do desgoverno pretendem preparar a futura geração de brasileiros.





* Escola com só uma professora que atende todos os graus do primário. Não sei se ainda existem.



* Cálculos que eram feitos com o processamento da erva-mate para ser consumida.







Grupo Guararapes Feminio - Fortaleza, Ceará

























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