Rumo às altivas torres de pedra,
Encrustrada nas altas montanhas,
Voava calado o anjo negro,
Agitando suas asas medonhas.
No encalço de uma virgem entristecida
Enlutada pela morte de seus entes.
Mantinha o corpo, quase nú, aquecido
Na pele inerte de seus animais dormentes.
O anjo negro, esta criatura devassa,
Atravessou as portas do celeiro lacradas.
A virgem, em pânico e surpresa, horrorizada,
Tentava em vão gritar, embora sufocada.
As garras do demônio envolviam
A garganta frágil da moça de pranto ardente.
A ferina língua do anjo percorria seu corpo
Conduzindo à última dança, mortalmente.
Já jorrava o sangue pelos ombros trêmulos
Tingindo o feno seco de rubro carmim.
A virgem, com os olhos torpes, gritou ao anjo:
-Voa, anjo, para longe, mas não te esqueças de mim. |