Barrão e borrão
Receber visita em casa, ainda que por uma passagem breve, era de nos
deixar de cabeça leve. Mesmo que viesse a faltar a cobiçada fatia de
bolo - por falta do tempo, ou da farinha - consolo já tinha. Sentar-se na
sala em meio à gente grande: ouvir-lhes a conversa, muitos daqueles
assuntos eram sonora novidade e ficar observando trajes e trejeitos
para comentar depois, na surdina, a três, quatro, ou a dois...
E foi numa tarde de sábado ou domingo que, nos remotos rincões do
vilarejo do Brumá, mal retornávamos de um passeio ao campo, eis que
no portãozinho de nossa casa nos deparamos com um antigo amigo de
papai, que vivia em São Paulo, o Barrão que pelo traje - sem sacanage,
ou Bocage -tava mais para Baron, todo enfarpelado em seu terno
marrom, porejando confiança e abastança.
E nos refestelamos na expectativa de um papo prolongado, mas mal
nos acomodamos nos sofás e cadeiras, e de repente, sentiu-se no ar
aquele odor repelente. Das narinas, o mal-estar começou a se espalhar
e o que seria prosa gostosa, se esboroou no empestado ar, em meio à
desconfiança sem meios de aos alheios o dedo apontar.
Com a partida prematura - e rápida - do Barrão, e de um amigo que o
acompanhava, foi só quando fui ao banho, estranho, que descobri onde
a merda estava. Mas roupa suja em casa se lava. |