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cronicas-->Pára o mundo que eu quero descer! -- 08/01/2002 - 22:43 (Taitson Alberto Leal dos Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


É noite. A frase acima traduz fielmente o que sinto. Penso em pór fim a minha existência. Não há, para mim, alimento nem abrigo neste mundo, tudo me parece estranho e sem sentido.
Não sou deste tipo de homem que queixa-se da vida, da solidão, da falta de sentido. Mas, nos momentos em que o vazio se apodera de mim, tudo é possível. E à lamúria me entrego.
Ademais, creio ser positivo este vazio; na verdade, só o acho quando este se vai (temporariamente, pois ele sempre regressa). Creio que é justamente o vazio que faz com que nos apalpemos, fazendo-nos sentir vivos, ou melhor, existentes. O vazio como que joga-nos num abismo, e, quando nele precipitamos, nos damos conta de que não temos sentido algum, e que fomos como que abortados neste mundo.
Neste funesto momento, onde aguardo o raiar que porá fim à angústia, surge-me aos lábios verdades eternas, com intransigentes expressões, arraigadas em minhas entranhas:

"Nada sou nada além de uma das criaturas contidas no vómito de Cronos.
Meus irmãos receberam dons especiais e foram rotulados de deuses;
eu, somente tenho a visão apurada.
Sei que a realidade não passa de ilusão, sou verme, não,
o verme é algo, e eu não sou; eu só estou.
O resto dos fracos não sabem disso, é por isso que são felizes.
Vivem de lembranças futuras.
Acham que são especiais, e que foram criados.
Tolos!"

Faço parte do grupo dos suicidas, este é o único grupo do qual poderia participar. Concebo o suicida não somente como o que põe termo à sua existência, mas o que vive sua morte a cada dia, aquele que se sente somente como existente, ou antes, alheio à existência. Sou suicida de acordo com sua própria essência, fazendo parte de meu ser, pois ainda não atentei contra minha vida.
Por que não o faço? Por medo. Não medo da morte, da não-existência, mas da possibilidade de o fazer. A porta está sempre à nossa frente, basta abri-la e escapar. É justamente esta facilidade, esta proximidade, que me dá angústia e medo. Causa-me vertigem a existência e aflição o seu desfecho.
Contudo, algo dentro de mim, insiste: "Espera mais um pouco...". Mas tal espera jaz num prazer pelo sofrimento.
Preciso parar de escrever por hoje, não me sinto bem. Vazio!


Em comunhão de espírito com Manuel Carneiro Mendes-Sá - Maputo - 15 de dezembro.

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