Usina de Letras
Usina de Letras
129 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62181 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50584)

Humor (20028)

Infantil (5425)

Infanto Juvenil (4757)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140792)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->PROFESSOR OSWALDO GONÇALVES de LIMA -- 23/12/2005 - 13:41 (Wilson Vilar Sampaio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PERNAMBUCANOS QUE NÃO DEVEM SER ESQUECIDOS

PROF. OSWALDO GONÇALVES DE LIMA

Por Wilson Vilar Sampaio





O Professor e Cientista Oswaldo Gonçalves Lima, nasceu em 7/11/1906, no Recife(PE). Cursou o tradicional colégio jesuíta Nóbrega e fez todo o curso superior na Escola Nacional de Química, no Rio de Janeiro, formando-se em 1928. Ressalte-se que não havia no Recife, à época, curso superior de química.



Regressando ao Recife e já professor de química na Escola de Engenharia, casou-se com D. Honorina de Souza Lima, professora universitária de geometria descritiva, nascendo dessa união os filhos Clausius, Clarissa e Sônia.



Oswaldo foi um verdadeiro sábio, na exata acepção da palavra. Seu nome não é apenas conhecido no Brasil e em Pernambuco, nos meios Universitários e Acadêmicos, mas igualmente em países como Japão, México, Estados Unidos, Alemanha etc.



O Professor Oswaldo Gonçalves de Lima é o responsável por isolar do Ipê-Roxo uma substância, a qual chamou de Lapachol, que revelou-se um poderoso agente anti-cancerígeno, com eficácia comprovada por cientistas de todo o mundo, a exemplo do Dr. Jonathan Hartwell que na qualidade de Assistente Extraordinário do National Cancer Institute, órgão do govêrno dos Estados Unidos, constatou a eficácia do Lapachol como tendo ação anti-câncer.



A Revista " O Cruzeiro " divulgou em outubro/1967 a seguinte notícia: " Está cientificamente comprovado que o Lapachol( naftoquinona), substância abundantemente encontrada na entrecasca do ipê-roxo e isolada pelo professor Oswaldo Gonçalves de Lima, tem ação anti-câncer, já em fase de experimentação pré-clínica nos Estados Unidos, conforme comunicação oficial do Dr. Jonathan Hartwell ".



Mesmo com a declaração positiva do Dr. Hartwell, o prof. Oswaldo Lima, fiel à verdade científica, aos seus princípios e não se deixando levar pelos aplausos, declarou à mesma revista " O Cruzeiro" que: " Há muito venho trabalhando em substâncias antimicrobiana, sobretudo em relação ao Lapachol e derivados encontrados abundantemente no Ipê. Cheguei a descobrir que a planta, sob a forma de extrato, apresenta ação antimicrobiana, sendo o Lapachol a substância que mais fortemente apresenta esta forma de reação. Afirmei na exposição que os nossos estudos em relação à atividade anti-câncer dos extratos da parte de líber(entrecasca) e do cerne(casca) do ipê revelaram resultados inconclusivos, isto é, inibições em tumores experimentais, resultados inconstantes e marginais, resultados estes que não podem ser cientificamente divulgados". Com tal declaração, O prof. Oswaldo insistiu em dizer que as pesquisas deveriam continuar e seria prematuro, naquela ocasião, atestar a eficácia do Lapachol no combate ao câncer. Poucos pesquisadores teriam essa honestidade científica, mormente quando contrária à afirmação de um centro de pesquisa mais adiantado do que o nosso, apesar de ter sido ele próprio que descobriu a droga sob enfoque!



O Lapachol, que é o nome de marca do princípio ativo isolado pelo Prof. Oswaldo, pertence ao Lafepe desde 1978 e hoje é reconhecida sua ação antiinflamatória, analgésica e principalmente antineoplásica contra tumores malignos(ou benignos), notadamente o câncer da próstata.



O Prof. Oswaldo Lima, nos seus estudos, descobriu ainda outra substância eficaz no combate ao câncer : a Actiomicina D.



Do exato tamanho da sua capacidade de trabalho, era a sua modéstia. Cientista respeitado em tantos países, julgava-se um eterno estudante e fazia da sua simplicidade motivo de admiração dos seus contemporâneos.



Nos seminários de tropicologia realizados no Recife, em 1966 e 1971, destacou-se como Membro efetivo da comissão(1966) e Comentador do tema " Poluição e Trópico" desenvolvido pelo conferencista biólogo Aluízio Bezerra Coutinho, na VI reunião ordinária acontecida em 26/10/1971.



Participou, como sócio fundador, da Academia Pernambucana de Ciências fundada em 7 de janeiro de 1978, que funcionava provisoriamente na sede do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, situado na rua da Concórdia 372, sala 46, sendo um dos 34 cientistas convidados para congregar na academia , a nata do pensamento científico e filosófico pernambucano.



Contribuiu para a consolidação da UNB- Universidade de Brasília- criada em 1963, quando no conturbado ano de 1965, aceitou coordenar o Instituto de Química daquela Universidade, organizando o projeto que mais tarde gerou frutos e fez do Instituto de Química da UNB um dos melhores do Brasil.



Foi o Fundador e Diretor da Escola de Química de Pernambuco e Fundador do Instituto de Antibióticos da UFPE, que a partir de abril de 1968, pelo Decreto nº 62.483, passou a ser Instituto Oswaldo Gonçalves de Lima. Posteriormente, em 21 de setembro de 1989, ao Instituto foi acrescido o nome "Departamento", com o intuito de prestar uma homenagem póstuma ao fundador do Instituto, atendendo proposição nesse sentido do prof. Fernando José da Costa Aguiar.



Suas pesquisas no campo da fermentação e da microbiologia fizeram com que seu nome fosse conhecido e respeitado nos grandes centros de pesquisa científica como o Instituto Max Planck da Alemanha e National Cancer Institute, nos Estados Unidos, e o credenciaram a uma cadeira na Academia Brasileira de Ciências, fundada em 1916, com sede no Rio de Janeiro.



Seus trabalhos sobre técnica de fermentação, expressos em livros e monografias, ainda hoje são citados e debatidos por profissionais da área, e seu livro "Pulque, Balchê e Pajauaru, na etnologia das bebidas e dos alimentos fermentados" editado em 1975 pela UFPE(e do qual recebi em 1992 um exemplar das mãos de sua filha, a poetisa Sônia Gonçalves de Lima), é considerado um clássico dentro do tema escolhido. Esse seu livro, abarcando a história e evolução dos fermentados através dos tempos e das civilizações, as mais rudimentares inclusive, foi dedicado " à memória dos grandes indianistas Marechal Cândido Rondon e Noel Nutels, pela defesa intransigente dos nossos aborígenas" . Com essa dedicatória, prestava o grande cientista brasileiro Oswaldo Gonçalves de Lima uma homenagem àqueles povos que dominavam desde o período pré-colombiano, a técnica e o culto aos fermentados, muitos dos quais contêm nas suas fórmulas à cura de doenças e mazelas que ainda hoje afetam à humanidade e estão à espera de um pesquisador abnegado como era o prof. Oswaldo G. de Lima para descobrir suas aplicações. Para se ter uma idéia da abrangência do livro, são feitas referências a 1.135 autores abarcando vários séculos de estudos sobre bebidas primitivas, desde cervejas, vinhos, sumo de frutas e hidromel até curas mágicas do balchê.



Ainda sobre os fermentados, escreveu um tratado sobre pulques, quando lecionava no México na qualidade de professor do Instituto Politécnico Nacional. Assim o livro "El Maquey y el Pulque em los Codices" foi considerada pelos colegas mexicanos de grande valia e importância para o entendimento e preservação dos fermentados astecas.



Um dos episódios que mais demonstram a competência e o conhecimento do Professor Oswaldo Gonçalves de Lima, aconteceu em Brasília, quando numa conferência sobre "Química e Câncer", conforme nos conta Luiz de Magalhães Melo: " Diante de um plenário superlotado de médicos, parlamentares e secretários de saúde, Oswaldo Gonçalves de Lima falou durante mais de duas horas. Ao terminar, foi aplaudidíssimo e franqueada a palavra para os apartes, ninguém quis se aventurar a qualquer consulta ou reparo ".



O Prof. Oswaldo Gonçalves de Lima partiu para à luz eterna em 21/09/1989, ou melhor, como todo bom e velho químico, não morreu...apenas deixou de reagir!

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui