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Artigos-->GENERAL ABREU E LIMA -- 23/12/2005 - 13:45 (Wilson Vilar Sampaio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


GENERAL ABREU E LIMA

MILITAR, ESCRITOR, HUMANISTA E MAÇOM-

Por:Wilson Vilar Sampaio- do Instituto Histórico de Olinda





José Ignácio de Abreu e Lima nasceu no Recife, em 06 de abril de 1794. Era filho do grande revolucionário pernambucano de 1817, José Ignácio Ribeiro de Abreu e Lima, mais conhecido como “ Padre Roma”.



O nome Abreu e Lima vem sendo muito lembrado por estes dias em virtude do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ter ido visitar seu túmulo, localizado no Cemitério dos Ingleses, em Santo Amaro , no Recife, e por causa da refinaria de petróleo a ser instalada no porto de Suape, em terras pernambucanas.



Mas quem foi este brasileiro, reverenciado por um presidente venezuelano, herói na Colômbia e Equador, e enterrado em cemitério de ingleses aqui no Brasil?



O General Abreu e Lima foi um homem especial, desses que só nascem de tempos em tempos. Com efeito, tão logo terminou os estudos preparatórios em Olinda, ingressou no curso militar de artilharia, em 1811, na mesma cidade, e também recebia do pai aulas de literatura e grego.



No ano seguinte, 1812, foi enviado para a Academia real Militar no Rio de Janeiro, recebendo em 1816 a patente de Capitão e sendo designado para servir em Angola.



Em dezembro do mesmo ano volta ao Brasil, para a cidade do Recife, onde se mete em um motim ou briga ainda não muito esclarecida contra alguma autoridade, talvez - como assim alguns autores indicam- o próprio Ouvidor de Olinda, o que não era muito provável por ser Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, Maçom.

Por causa disso foi preso, processado e remetido para a fortaleza de São Pedro, em Salvador-Bahia.



A deduzir por uma carta que Abreu e Lima envia em 1868 ao general venezuelano José Antônio Paez, sua prisão tinha ligação com a revolução que estava se formando e que eclodiria no 1º trimestre do ano seguinte.



Realmente, estando Abreu e Lima preso, acontece a Revolução Pernambucana de 1817 e seu pai, o Padre Roma, participante ativo da revolução, recebe dos revoltosos a incumbência de conseguir adeptos em outras províncias com o fito de fortalecer e expandir a revolução.



Tendo saído das Alagoas, onde visitou muitas vilas e fez vários discursos inflamados contra a monarquia, freta uma balsa e ruma para a Bahia, com o mesmo propósito. Todavia, o Conde dos Arcos já sabia da revolução e da missão de convencimento à causa revolucionária encetada por alguns pernambucanos nas vizinhas províncias e, por isso, deu ordens severas às suas guarnições de prender qualquer patriota que ali aportasse. A balsa do Padre Roma foi descoberta em 26 de março, sendo a tripulação presa e o Padre Roma reconhecido por portugueses que haviam fugido do Recife.



Três dias depois, em 29 de março de 1817, o Padre Roma foi arcabuzado e o Conde dos Arcos sabendo tratar-se do pai de um dos presos, o capitão Abreu e Lima, manda o jovem ser levado para assistir a execução do pai!





Esse acontecimento trágico moldou o caráter do jovem Abreu e Lima de tal maneira que, ao fugir do cárcere em outubro de 1817, conseguindo sair do país com o auxílio da maçonaria( foi para a Filadélfia, nos Estados Unidos), já estava imbuído do propósito de lutar pela libertação dos povos explorados e subjugados por países colonizadores.



Em novembro de 1818 a oportunidade de lutar surge, finalmente, na Venezuela, pois Abreu e Lima lá estava quando o general Simon Bolívar regressava de uma malsinada campanha em Caracas. Simpatizando de imediato com a causa defendida por Bolívar, Abreu e Lima se oferece para lutar e após ser aceito, em pouco tempo fazia parte do Estado Maior das forças revolucionárias das possessões espanholas da América do Sul.



Seu prestígio junto a Bolívar crescia ano a ano, a cada batalha, a cada estratégia, a cada contra-ataque. E as vitórias iam se acumulando e os países sendo libertados.



Abreu e Lima recebeu a patente de General e os títulos de Libertador da Nova Granada e de Membro da Ordem Militar dos Libertadores da Venezuela, bem como foi comissionado em missões diplomáticas representando a recém independente Venezuela junto aos Estados Unidos da América.



O próprio general Abreu e Lima, em carta ao general venezuelano José Antônio Paez, datada de 18 de setembro de 1868, companheiro de lutas na guerra pela independência do Peru e da Grã-Colômbia( um sonho de Bolívar de unir a Venezuela, a Colômbia e o Equador num só país), faz um relato dos combates que participou na América do Sul espanholas, citando lugares, comandantes e fatos com riquezas de detalhes. É nessa carta que Abreu e Lima , já velho e doente, finalmente diz ao general Paez que era rico quando jovem e ficou pobre, sobrevivendo sem ajuda do governo, às custas de um pequeno capital; Que tinha nascido no seio de distinta família de nobres, que havia tido educação de príncipe e que, desde jovem, lutava pelas nobres causas, dando como exemplo sua prisão em 1817 e como escapou por milagre, da prisão na Bahia!



Quando Simon Bolívar morre, em 1830, o general Abreu e Lima deixa a Colômbia e vai para os Estados Unidos, onde em 1832, tomando conhecimento da abdicação do Imperador D. Pedro I, resolve voltar ao Brasil e fixa residência no Rio de Janeiro.



Na capital do Império o general teve de lutar para recuperar sua cidadania, pois tendo aceito funções estrangeiras sem autorização, havia perdido seus direitos de cidadão. O general então protocola junto à Assembléia Geral do Império seu pedido de que fosse restaurada sua cidadania e reconhecida sua patente e honrarias militares e políticas, no que foi atendido pelo Ato legislativo de 23/10/1832 e Portaria de 12/11/1832.



Ainda no Rio , liga-se ao partido Caramuru, que desejava a restauração do governo de D. Pedro I, e por isso digladiou-se pela imprensa com o Cônego Januário da Cunha Barbosa , que era também Maçom, Venerável da Loja Comércio e Artes e pertencia ao partido oposto à restauração pretendida pelos Caramurus, ficando famosa a resposta dada aos “ Januários”, como eram conhecidos os adeptos do Cônego, através de um artigo titulado ”Representação” remetido à imprensa local , defendendo D. Pedro I dos agravos e injúrias que sofria dos “ Januarios “, e dando uma verdadeira aula de Direito Público Constitucional.



Foi no Rio de Janeiro que, pelo seu apoio aos movimentos populares, recebeu o apelido de “ General das Massas “.



Combateu ainda o regente do império, o Padre Diogo Antônio Feijó, fazendo publicar em 1836 o opúsculo “ O Raio de Júpiter” lançando a idéia de se passar a regência do Império às mãos da princesa D. Januária, irmã mais velha de Pedro II.



A contundência do artigo surtiu efeito e o regente Feijó retirou-se do poder em 1837!



O general delibera voltar ao seu Pernambuco e em 1844, depois de longa ausência, aqui chega e escolhe morar na cidade do Recife, de onde nunca mais sairá a não ser por um período a que foi forçado a isso.



Em Pernambuco, a fama que o acompanha direciona seu rumo à política, desta feita utilizando não mais a espada e sim a pena de escritor, atividade que manteria até o fim da vida.



Participa da redação do Diário Novo, órgão oficial do partido da Praia, sendo um dos grandes incentivadores, pela imprensa, da Revolução Praieira de 1848.



Fracassado o movimento, é preso e enviado para a ilha de Fernando de Noronha, na qualidade de prisioneiro político, onde ficou por 3 anos até ser anistiado em 1851, tendo regressado ao Recife.



Aliás, foi como escritor que o General Abreu e Lima mostrou-se um verdadeiro prodígio de intelectualidade, discorrendo sobre qualquer assunto que despertasse a atenção de sua inteligência privilegiada, como veremos mais adiante.



Exemplo disso podemos citar um trabalho médico intitulado “ Memória sobre a Elefancia “ publicado em 1838 no jornal “Correio Official”, e transcrito no mesmo ano na Revista Médica Fluminense, sob a justificativa que tratava-se de um dos melhores trabalhos já publicados a este respeito, “ pelo que a humanidade lhe deve ser muito grata“.



Escreveu em 1853 e com muito gosto a obra “ Notas do Código Criminal “ que remeteu ao Dr. Antônio Vicente Feitosa, respeitado jurista à época, que após ler, devolveu os originais acompanhado de extensa peça laudatória ao trabalho minucioso e meritório, acrescentando ter sido “ um grande serviço prestado ao nosso Direito Criminal “.



Assim, sem ser advogado ou médico, produziu monografias científicas sobre assuntos especializados nessas duas áreas, recebendo aprovação de ambas as categorias profissionais!



O general Abreu e Lima escreveu artigos dos mais variados assuntos nos jornais Diário Novo, Jornal do Recife, Barca de São Pedro e Diário de Pernambuco. Escreveu dezenas de livros entre os quais o “ Compêndio de História do Brasil “ em 2 volumes(1843); “ Sinopse dos Fatos Mais Notáveis da História do Brasil “ em 1845; “A Cartilha do Povo“ em 1849; “ O Socialismo” em 1855” (sendo um dos pioneiro na divulgação e análise desta nova doutrina); “ As Bíblias Falsificadas ou Duas Respostas ao Sr. Cônego Joaquim Pinto dos Campos” e “ O Deus dos Judeus e o Deus dos Cristãos” também em resposta ao citado Cônego Joaquim Pinto, em 1867, estes últimos os responsáveis pelo castigo que a Igreja lhe impôs post-mortis, conforme veremos mais adiante.



Como maçom e humanista , o general Abreu e Lima além de combater o despotismo fazendo da trilogia Martinista adotada pela Maçonaria “ Liberdade, Igualdade e Fraternidade” um dos objetivos de sua vida, também praticava com abnegação e contumácia a Caridade, como se depreende de um anúncio datado de 13/04/1853, que encontramos no Diário de Pernambuco e que dizia: “ Consultório Homeopáticos Gratuitos Para os Pobres- Na casa amarela no pátio do Colégio, primeiro andar, residência do general Abreu e Lima. Este consultório é dirigido pelo general Abreu e Lima, e nele dão-se consultas grátis aos pobres em todos os dias úteis desde às dez horas da manhã até uma hora da tarde. Pode ser consultado por outras pessoas a qualquer hora do dia ou da noite “.



Que espírito cristão! Quantos agem assim pelos seus irmãos menos afortunados? Pois o general Abreu e Lima, apesar de não ser rico, prestava essa assistência diária aos pobres e doentes que o procuravam.



Alguns meses depois, em 6 de agosto de 1853, o Diário de Pernambuco publica um aviso do general Abreu e Lima comunicando ao público que roubaram de sua casa, entre outras coisas, “ Um hábito e uma Cruz de esmalte roxo, contendo no centro um emblema como uma romã e de volta a inscrição- Libertador da Nova Granada- e no verso o nome do mesmo general “, roubaram ainda “ uma medalha de ouro de forma oval com a seguinte inscrição: - Vencedor em Puerto Cabelo ano 13- e também um passador de ouro para prender medalhas “ . O general termina dizendo: “quem apresentar estes objetos receberá um prêmio em dinheiro, ficando em segredo o nome da pessoa que o fizer” .



Ladrões tiraram do general objetos que lembravam suas lutas libertárias, seus ferimentos, suas vitórias no campo de honra, mas isso foi o de menos, pois seu heroísmo era reconhecido em todo o continente sul-americano.



O mais grave, no nosso entender, foi quando o general Abreu e Lima, após longa enfermidade, faleceu no dia 6 de março de 1869... ao seu cadáver foi negado pelo Bispo D. Francisco Cardoso Ayres a sepultura em campo santo no cemitério público a que, como cristão, teria direito o grande pernambucano, posto que em virtude da união da Igreja com e Estado, todos os cemitérios estavam sujeitos à Igreja Católica.



Ressalte-se que esse direito lhe foi tirado apenas por ter o general, em toda sua vida, se batido pelo direito à liberdade de crença religiosa e por coerência, ter defendido o direito dos protestantes poderem divulgar a tradução da Bíblia que utilizavam nos seus cultos, que afinal de contas era também Cristã! Por esse “ crime religioso “ que aos olhos do Bispo católico Francisco Cardoso Ayres foi cometido, os restos mortais do grande General das Massas José Ignácio de Abreu e Lima repousam hoje no Cemitério dos Ingleses.



A coragem, a bondade, o patriotismo e a fidalguia com que o general se portou em toda sua vida, ficaram assim realçadas pelo ato nada cristão de um Pastor de Almas , que negando-lhe a última morada católica, apenas aproximou-o mais do Criador!



O general Abreu e Lima não deixou descendentes e fez o seguinte pedido aos pernambucanos:



“ Algum dia os meus patrícios farão justiça às cinzas do meu pai, e aos meus grandes sacrifícios, à perda da minha fortuna, e às minhas intenções” .



Bibliografia: Livros

Abreu e Lima General de Bolívar – Vamireh Chacon;

A Maçonaria e a Revolução Republicana de 1817- Mário Melo;

História da Revolução de Pernambuco em 1817- Muniz Tavares;

Pernambucanos Celebres- Francisco Augusto Pereira da Costa





























































































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