Um leitor nos enviou um e-mail questionando a respeito daquelas tradicionais agendas, com horários, datas e páginas estruturadas, que se encontram à venda nas papelarias e nos são oferecidas de presente no final do ano. Realmente, no século XXI, elas estão superadas. Numa época de sucessivas e rápidas mudanças, abastecer uma agenda com compromissos fixos, em horários imutáveis, à tinta indelével, torna-se difícil ou quase impossível. Pode-se até conservar uma agenda assim para compromissos tomados a longo prazo, para não se esquecer datas de aniversário, casamentos e outros mais, ou ainda para saber quanto vale, em centímetros, uma polegada. Mas, para administrar o dia a dia, uma agenda do Século XXI tem que ser prática, facilmente acessível, portátil e mutável. Folhas de papel sulfite, por exemplo. Alguns usam o PC, ou melhor ainda, um notebook, onde deletar um dado, alijar um compromisso, mudar um outro, ou ainda reclassificar de importante para urgente fica muito fácil. O essencial é entender que as agendas, nos dias que correm, têm e devem ser alteradas, todas as vezes que os acontecimentos determinem a alteração de prioridades. E quanto mais política a função de alguém, tanto mais mutável e sujeita a alterações a sua agenda diária. Um técnico, seja um engenheiro ou um químico, tem menos chance de ver sua agenda diária alterada, pois seus trabalhos e suas atividades são centradas em objetivos a longo prazo, atingíveis em etapas a serem rigidamente cumpridas. Um administrador de empresas, um jornalista ou um político, sentem a importância de compromissos agendados mudarem com uma velocidade incrível, alterando-se, inopinadamente, as urgências e prioridades. No caso dos jornalistas, vivi uma experiência muito interessante. Estava esperando um grupo de jornalistas da Globo que iria fazer a cobertura de uma visita presidencial à Embraer. As horas passavam, e eles não chegavam. Telefonei para São Paulo. Haviam saído da capital paulista para São José dos Campos duas horas atrás. O Presidente decolou e eles não haviam chegado. Minutos depois, o chefe de reportagem da Globo me ligou. Havia aplicado uma suspensão no repórter que chefiava o grupo. Acontece que eles haviam chegado até Jacareí e tinham sido obrigados a voltar porque tinha ocorrido um terrível acidente na Dutra, um monumental engavetamento, com dezenas de mortos e feridos, impedindo a passagem. O pior acidente da estrada, com carros incendiados e tudo o mais. Trouxeram a matéria do acidente? – perguntou Laerte ao repórter.- Não. Estávamos pautados (agendados) para fazer a matéria do Presidente na Embraer, respondeu o repórter, aturdido, percebendo, só então, que tinha “pisado na bola”. Tomou uma punição por não ter percebido a importância de mudar a agenda.
Agenda tem que ser importante, mas não pode ser imutável, principalmente no mundo em ebulição do novo milênio que já estamos vivendo, onde tudo é incerto e onde só temos uma certeza; a de que tudo vai mudar muito rapidamente.
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