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Artigos-->A BURRICE COLETIVA -- 12/01/2006 - 23:02 (Magno Matheus da Rocha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DIÓGENES e a teoria da burrice coletiva





Os homens, quando saudáveis, são dotados de inteligência. No entanto, o grau de inteligência é variável e obedece, especialmente, às condições de vida de cada um, como o meio, o nível de educação e mesmo o exercício contínuo do cérebro, de tal modo que o intelectual, que estuda, escreve, trabalha em setores que exigem raciocínio, desenvolve mais sua inteligência do que os trabalhadores braçais.

DIÓGENES (413?-323 a.C.) foi um filósofo grego, discípulo de Antístenes e adepto da Escola Cínica. Pregava o desprezo pelo mundo e é conhecido como aquele que tinha como casa um simples barril, criticando os hábitos da sociedade.

Contam alguns historiadores que, em discurso proferido para uma multidão, a céu aberto, como era de costume, ouviu os aplausos dos ouvintes e perguntou: “Eu disse alguma besteira?”

NELSON RODRIGUES, conhecido escritor brasileiro já falecido, dramaturgo, teatrólogo, comentarista e, sobretudo, sarcástico, talvez tenha aproveitado o cinismo de Diógenes para dizer que toda a unanimidade é burra. Não é preciso, no entanto, uma unanimidade: basta a maioria ou mesmo um grupo de pessoas reunidas para tomar uma decisão.

O homem é um ser individualista. Faz parte de sua natureza em não querer dividir suas idéias, seus sucessos, embora goste de dividir os fracassos. Assim, para tomar uma decisão individualmente, que lhe exigiria grande responsabilidade, como a de governar um país, ele pensa e sopesa os prós e os contras. No entanto, quando a decisão é coletiva, cada um dos componentes deixa de tomar os necessários cuidados, deixando para os outros a tarefa de pensar. E isso é tão verdadeiro como intrigante, sabendo-se que a decisão a ser tomada, se incorreta, abrangerá o prestígio de todos igualmente.

Ora, o governo é um conjunto de pessoas designadas para administrar os destinos de uma nação, e não uma pessoa isolada, de modo que suas decisões são decisões de governo. Portanto, uma decisão colegiada ou coletiva, ou mesmo de um grupo por menor que seja, dependendo da matéria tratada, não é uma decisão do Chefe de Governo, mas do Governo. E sendo a decisão coletiva, não podemos esperar uma decisão sábia ou, pelo menos, inteligente, o que poderia acontecer se fosse a decisão de uma só pessoa, se essa fosse plena de razão. As conseqüências são as piores possíveis para o povo, que vê as ações de governo como, no mínimo, inadequadas ou erradas, atingindo de modo negativo grande parte da população. E é o que temos visto.



A reunião de sábios e as decisões burras





A compreensão da pergunta de DIÓGENES, admirado pelos aplausos que recebera, se baseia no fato de que o homem, por mais inteligente e culto que seja, pode ver comprometida sua inteligência e cultura se a ele se juntarem outros homens, mesmo com os mesmos graus de saber, para tomarem uma decisão, conforme já observamos acima.

Supondo que uma pessoa tenha um Quociente de Inteligência (Q.I.) no grau mais elevado e a eles se juntarem outras pessoas com o mesmo Q.I. para tomarem uma decisão que requeira sabedoria: certamente a decisão não será sábia, ou tão sábia, se fosse tomada por uma delas somente. Ou seja: quanto maior o número de pessoas, o nível intelectual sofre uma baixa significativa, na proporção do número de pessoas reunidas.

Para exemplificar, suponhamos o Q.I. de um homem. Se a ele se juntar outro com o mesmo Q.I., ao tomarem, em conjunto, uma decisão, o Q.I. será dividido ao meio: 2,5 para cada um. Se a esses dois se juntarem mais dois, o Q.I. 5 será dividido por quatro. E assim por diante, de modo que, se um grande grupo de pessoas de elevado Q.I. se reunirem para tomar uma decisão, essa decisão não será, jamais, de uma inteligência 5.

É preciso observar que os cálculos acima não têm precisão científica, mas servem para mostrar o desgaste intelectual de um grupo.

Esse fenômeno explica o termo “massa”, para designar um número grande do povo, representativamente importante e constantemente manobrado pelos políticos. A “massa” não raciocina, e por isso serve como meio de manobras políticas que visam levar alguém ao poder. É bem conhecida a expressão “massa de manobra”.

DIÓGENES podia ser cínico e anti-social (como hoje são chamadas as pessoas arredias à sociedade), mas era um filósofo cuja inteligência e saber não podem ser desprezados. E sabia desse fenômeno psicológico, muito antes da criação da ciência Psicologia.

Na verdade, o homem é essencialmente psicológico, pois que suas atitudes, seu comportamento e seu próprio pensamento emanam do cérebro. Psicológico vem de psique e lógico, ou a lógica da psique e que deu origem à Psicanálise (SIGMUND FREUD, 1856-1939).

E agora, a pergunta: que tem a ver o governo ou governos com tudo isso?

Respondo: tudo a ver com a situação de cada país, conforme veremos no Capitulo III. E mais: tudo a ver com as questões sociais que, no Brasil, em vez de melhorarem, pioram a cada dia.

Há homens que se distinguem da sociedade por sua visão ampla das coisas e fatos que se passam em seu redor. Não são todos, infelizmente, pois a mediocridade impede essa visão de tal modo que um ser medíocre não tem a capacidade do destaque: é um homem sem personalidade.

JOSÉ INGENIEROS (1877-1925), argentino, já proclamara em seu livro “O Homem Medíocre” que, “individualmente considerada, a mediocridade pode ser definida como uma ausência de características pessoais que permitam distinguir o indivíduo em uma sociedade. Esta oferece a todos um mesmo fardo de rotinas, preconceitos e domesticidades. Basta reunir cem homens para que eles coincidam no impessoal. [Juntai mil gênios em um concílio e obtereis a alma de um medíocre]. Estas palavras denunciam o impessoal que existe em cada homem, o que, somado ao impessoal de muitos se revela através do baixo nível das opiniões coletivas”. (Ob. cit., trad. de ALVANÍSIO DAMASCENO, p. 36).

Eu, no entanto, vou mais longe e destaco que, ao lado da mediocridade caminha aquilo que chamamos de “burrice” quando, coletivamente considerada, pode provocar as maiores catástrofes sociais.



MAGNO MATHEUS DA ROCHA

12/01/06
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