Me confesso precipitado e até indigno pelo insultos que aqui sobre o Sr. inseri. Foi um golpe de loucura espontânea, completamente descabido e descabelado. Sou ainda muito jovem e caio com frequência no exagero. Me perdoe, caro Lúcio Jr., por esta vergonhosa carta aberta que publiquei. Estava enervado. Eu, sim, não farei mais destas imperdoáveis cretinices. Retiro tudo quanto escrevi e republico, pesaroso e envergonhado, a evidência da minha cretina juventude e falta de senso literário. Me desculpe, sim?
Lúcio Jr.,
reza a cartilha do ceticismo a máxima de que um cretino é um cretino tão-somente em virtude de sua falta de conhecimento. Devo dizer que não acreditava em tais dizeres, nunca fui muito afeto a máximas genéricas e/ou lugares-comuns, mas, Ser Desprezível, você é a consagração inconteste de tal aforismo: sua cretinice reside na sua falta de conhecimento e na sua arrogância megalômana e, não obstante, cômica! Você é passível de piedade, Lúcio Jr. Você é inadjetivável.
Seus argumentos são lastimáveis, sua argumentação é patética e sua estrutura dispositiva é asquerosa e descabida. Você não me incita raiva, Lúcio; talvez, se você tivesse alguma competência intelectual, eu o contemplaria como um adversário; mas seu disparate enseja-me tão-somente piedade e risadas. Seu embasamento histórico é ridículo, Lúcio! Stálin chegou ao poder em 1924, e não em 1929. E você, asqueroso cretino, vem me dizer que o conluio autoritário característico do stalinismo foi “conseqüência do processo histórico”? Rapaz, crie vergonha na cara! Furte-se a abrir a boca para proferir defesas argumentativas singularmente imbecis. E o que é que você me diz acerca do nazismo? Acordando com a sua pauta de raciocínio, poder-se-á inferir que a miríade de barbáries adornada pelo nazismo também foi conseqüência de um “processo histórico”? É esse o argumento do qual você lançã mão para justificar a morte de vinte e cinco milhões de pessoas? Ou estaremos falando de vinte e cinco milhões de “burgueses”? Refiro-me a camponeses, Lucio Jr. Camponeses, nativos de aldeias caucasianas e siberianas, comunidades de cinco mil pessoas, nas quais as brigadas de “spetsnaz” de Stálin e sua NKVD adentravam, portando galões de querosene: sim, Lúcio Jr., ELES INCENDIAVAM ALDEIAS INTEIRAS. Vinte e cinco milhões de pessoas ao termo de vinte e nove anos de barbáries. Você deveria fazer um favor ao mundo e por termo à própria vida. Você é asqueroso, rapaz. Como é que você lança mão de um arco teórico infundado para tomar a defesa de um regime que logrou o macabro êxito de superar o nazismo em barbáries?
Poderia eu, por bem, por termo à minha argumentação. Todavia, dir-lhe-ei: não ainda. Sua cretinice se supera, redime-se ante o próprio bisonhismo, e desenvolve seu bojo de disparates e asneiras! Lúcio, como é que você, Mestre em Filosofia, e, portanto – via dedução -, suposto portador de conhecimentos históricos pelo menos factíveis, incorre na imbecilidade de taxar o fascismo como o único responsável pela deflagração da Segunda Grande Guerra Mundial? Dir-me-á: você foi reprovado em História? Nunca folheou um livro de Nível Médio? Já ouviu falar em Hobsbawm? Qual o seu problema, rapaz: qualquer iletrado dotado de capacidade cognitiva ínfima tem conhecimento do fato de que a deflagração da Segunda Guerra foi possível tão-somente em razão do Pacto Molotov-Ribbentrop, com o qual Hitler e Stálin alinharam seus interesses tangentes à invasão da Polônia e à ocupação da Finlândia, dos Países Bálticos e da região da Morávia.
À guisa de repetição: seu senso de ridículo inexiste.
Deveras interessante a sua menção concernente à invasão e posterior ocupação alemã da Tchecoslováquia. Sublime, brilhante, cabal: após a anexação integral da Tchecoslováquia pela Alemanha, lograda em fins de março e princípios de abril de 1939, as “blitztruppen” alemãs cessaram com a ação dentro do território tcheco. E tais divisões de combate rápido – as “blitztruppen” – voltaram a agir tão-somente quando o governo soviético, em princípios de 1940 – portanto, após a deflagração primeva do conflito – solicitou junto à representação diplomática alemã em Moscou um “auxílio logístico” das “blitztruppen” no intuito de eliminar os dissidentes soviéticos refugiados em Praga que eram contrários à aliança germano-soviética. Em terminologia laica: os soviéticos pediram para que os alemães abrissem fogo contra os dissidentes soviéticos e quem quer que estivesse ajudando-os.
De etrusco já temos você, e penso eu tão-somente que há a possibilidade de que suas convicções intelectual e criativamente tacanhas e seus dizeres kitsch e eivados de sofismas popularizem-se em meandros aculturados. Devo, porém, dizer que tais ensejos são demasiadamente remotos. Um indivíduo insignificante e prolixo, ordinário e esdrúxulo, que, animi causa e gaité de coeur, se propõe a pilheriar Alexander Solzhenytsin só pode ser louco ou completamente estúpido. Não obstante, você afirmou ser o emérito autor soviético, laureado com o Prêmio Nobel de Literatura, um “fanático religioso” herdeiro de uma conduta que mais se assemelha a Rasputin do que a Tolstói. Lúcio, faça um favor a si mesmo: suicide-se.
Você deveria ser mais criterioso em suas inferências e observações, de modo a não vaticinar asneiras e prodigalizar palavras aos ouvidos que não as solicitaram. Isentando sorrateiramente as vertentes ideológicas do Lula metalúrgico e obeso das diarréias pseudo-revolucionárias que caracterizam o stalinismo, você ilustra quão infundada são suas críticas. Sem embargo, ninguém pediu-lhe uma citação de Lênin, e tampouco seus conhecimentos históricos acerca da história pregressa do movimento operário (até parece que você tem orgasmos quando pronuncia o termo “bolchevique”).
Abster-me-ei, todavia, de demais palavras. Calar-me-ei, a observar sua cretinice e pobreza talharem o arcabouço de patetice no qual você se atira. Levarei em conta a hipótese de que você é um ignóbil proselitista e intelectualóide frustrado que desconhece o fato de que a deflagração da Segunda Grande Guerra só foi possível em razão da aliança entre o nacional-socialismo e o comunismo. E deixarei você nutrir os ensejos debilóides de um Paraíso dos Trabalhadores. Quer saber de uma coisa, rapaz? Peça para o mundo parar e desça. Não se faz uma omelete sem quebrar os ovos? Baah.....a única coisa que tem que ser quebrada é a sua cabeça, pomar de vômitos e sofismas virulentos e ridículos.
Anexo: o desenvolvimento econômico da URSS só obteve êxito em razão da implementação basilar pregressa, viabilizada por Lênin e sua Nova Política Econômica – NEP. Poderia você perguntar-me: “E quanto aos feitos de Stálin?”. Eu os desconheço, cretino. Sei tão-somente que, graças a ele, Hitler encontrou a junção política perfeita para lograr seus planos expansionistas e partilhar a Polônia. Desenvolvimento econômico cabeado por Stálin? Baahh...mais vale uma batata na mão do que duas em um Plano Quinqüenal.
