Quando abriram-se-lhes, os olhos, conscientizou-se de que tornara-se, então, um adolescente. Entretanto, algo extremamente perturbardor chamou-lhe a atenção: a derredor espalhavam-se as trevas e o silêncio.
Também não podia mover-se ou gritar. O pânico destituia-lhe qualquer esperança: só restava morrer.
Sentia uma angustiante sensação de confinamento. Sua respiração torna-se cada vez mais ofegante e o ar parecia cada vez mais rarefeito.
Sem forças para lutar, entregou-se ao seu trágico destino. Nesse instante, apoderou-se dele uma indescritível sensação leveza e paz. Uma luz brilhante irradiou e à sua frente surgiu a imagem de Cristo, crucificado, vertendo lágrimas.
De repente, o clarão desfez-se e as trevas e o silêncio sepultaram-lhe novamente.
Sentindo-se desamparado, amaldiçou àquela imagem, quando um forte estrondo fêz-se ouvir.
Amendrontado, arrependeu-se e pediu perdão. Nesse instante, o clarão irrompeu, novamente e o jovem aprecebeu-se aonde se encontrava: em seu quarto.
Levantou-se, ainda, trêmulo e fechou a janela, ao som de mais um trovão, para impedir que a chuva adentrasse seu quarto. Ajoelhou-se aos pés do Cristo crucificado e orou pedindo perdão.
Na manhã do dia seguinte, acordou bem cedo e dirigiu-se, em meio à uma densa neblina, ao local onde transcorreram-se os sinistros eventos descritos no sonho da noite anterior.
Apesar da neblina, não teve muita dificuldade para localizar o local onde, em seu sonho, estaria fincado o tronco seco, à margem da estrada. Lá, não havia nada que denotasse as imagens daquele sonho, exceto, a verdejante planície, salpicada de cores vivas.
Lançou, então, sobre a terra, no exato local, a semente de um fruto que saboreara, em desjejum e partiu ao encontro de seu destino...
Salvador, 18 de Novembro 2001.
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