A conjuntura política atual da América Latina nos remete a algumas reflexões.
Há um movimento desse povo aguerrido que contesta a globalização desenfreada da economia e do capitalismo como fonte única e certa de bem-estar social. Esse sofrido povo americano que sempre teve suas veias abertas quer mais. E vem demonstrando em diversas eleições por esta vasta e amada América. Esses homens e mulheres querem ser livres como o vôo do condor e desfrutar dos belos vales, montanhas e da pampa como seu mais legítimo dono. Parodiando a música “esse povo não quer só comida”.
No Brasil, na Argentina, na Venezuela e no Uruguai elegeram-se candidatos que traziam na sua bagagem política propostas de mudança. Propostas de cunho popular. Fundamentalmente, propostas de distribuição de renda. Nesse último domingo a socialista Michelle Bachelet venceu a eleição no Chile.
A eleição de um índio para presidente da Bolívia foi muito significativa. Um novo alento à esperança. Evo Morales tomará posse no dia 22 colocando para a América um novo dia do índio. Evo é um contraponto ao Consenso de Washington e ao neoliberalismo. Que consenso é esse? Essa é a resposta que os povos indígenas e demais latino-americanos desejam.
Evo está recebendo algumas críticas por não seguir os protocolos e vestir-se informalmente. Particularmente não me incomodo com isso. O mundo muda e muda para quebrar paradigmas. No Brasil, um índio que se elegeu deputado vestia-se como branco e andava com um gravador a tiracolo. Foi um fracasso como legislador.
Nesse ano ainda teremos eleições no Brasil, Nicarágua e México com reais possibilidades de vitória de candidatos de esquerda. Ou melhor, supostamente de esquerda.
Esse momento político é profícuo para colocarmos em pauta e refletirmos sobre a ideologia. Sobre política. Sobre a democracia. E sobre tudo o que é melhor para o conjunto da humanidade.
É importante para a esquerda, nesse momento, tão desacreditada e combalida sofrendo ataques virulentos, que haja governos verdadeiramente populares, honestos e transparentes. Voltados aos interesses públicos, dos humildes e dos excluídos. Assim, dentro dos princípios mais puros e profundos da democracia, teremos um equilíbrio entre as forças que convencionamos chamar de direita e esquerda no mundo. Inclusive, esse equilíbrio é bom para a paz na Terra.