MINHA SAUDADE
Minha saudade tem o aroma
das manhãs de domingo
e deste café coando,
perfumando o ambiente
ainda quente do vapor
e pensamentos ebulindo,
que povoam minha mente.
Minha saudade, não nego,
tem o sabor amargo
deste cigarro que trago
enquanto me entrego,
entre um gole e outro de café,
a lembranças remotas,
traçando com a fumaça
tua silhueta no ar.
Minha saudade constante
tem o som hilariante do teu riso,
sarcástico, solto, circunspecto,
ecoando nesta sala
como um espectro
infiltrado nas paredes
que nos serviram de abrigo.
Minha saudade reprimida
tem o sentido da partida,
da ferida que ficou aberta,
do lugar à mesa vazio,
do rosto dissipado no espaço,
do riso suspenso no ar...
Minha saudade
e a tua
me dão um ultimato
que me apavora:
Preciso, sem demora,
do toque, do teu tato
em minha pele nua,
o que, de fato,
me torna tua
de corpo e alma.
Apenas isso me acalma...
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Val - 24/05/02
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