57 usuários online |
| |
|
Poesias-->UM AMOR NAVEGANTE -- 25/05/2002 - 23:29 (Walter da Silva) |
|
|
| |
UM AMOR NAVEGANTE
Navegar neste curso.
Escolher uma bússola
e astrolábio assistente
que de modo paciente
possa orientar.
Optar por canoa
de madeiras de lei
aviar uma carta
ilegal ou insuspeita
alfarrábio soturno.
Singrar mares inertes
quase sempre em teu nome
ancorar imersível
minha imensurável
consciência una e vau.
Uma bata, um disfarce
qualquer leito, chão quente
que perdure leniente
um segundo, um sem tempo
sob tua identidade.
Recolher-te nas sobras
do labor concluído
felpa, farpa indolor
carne adentro rompendo
imperfurado amor.
Se de subitamente
ao leme esvai controle
é que inconsciente
esqueci do meu nome
cambiei pelo teu.
Tatuadas trafego
tantas marcas, patentes
no convés impropério
deste vaso sem quilha
sem calado, sem ti.
Nos elísios instantes
vendavais virtuosos
recolhi os teus olhos
sob o olhar de Netuno,
finquei-os no mar.
Sereia persecutória
desde um porto anterior
cujo canto enervante
afogara-me cedo
minha verve, este medo.
São trovões, tempestades
sobre quem erra adiante
em teu nome imolar-me
e este amor viajante
me empurrara pro fundo.
È provável que siga
em qualquer intempérie
calmaria insolúvel
desde que te haja vida
inda que me abrevies.
Barco leve esse corpo
essa alma tão fluida
cujo estaleiro em obras
acolheu permitida
minha vida em teu mar.
Eis porque esse canto
que me sabe a sereia
fere, instala e permeia
meu sóbrio navegar
dês que estejas à tona.
Vem amada salvar-me
neste oceano pacífico
onde ancoraste um tempo
remodelado em nós outros
reconstruindo-o além-mar.
Walter Silva
Salamanca, fev. 2002.
|
|