Eles são raízes de um mesmo tronco. Um pai comum, de mães diferentes. Filho primogênito de Abraão com a sua escrava egípcia Agar, Ismael foi o pai dos árabes, de cuja linhagem descendeu o Profeta Maomé. O segundo filho de Abraão, com a sua esposa Sara, chamava-se Isaac, que gerou Jacó e posteriormente foi chamado de Israel. Ele foi o pai das doze tribos de Israel, de onde descendeu Moisés. Portanto árabes e judeus, a rigor, são primos; um só povo.
A história registrou as lutas fratricidas destes povos, ora pela posse das “terras santas”, outras vezes pela obscuridade religiosa, da intolerância, do preconceito e do fanatismo. Na época de Abraão, os bens do patriarca eram herdados pelo filho primogênito. Os árabes argumentam que Ismael era o filho primogênito de Abraão, e assim as terras sagradas de Canaã, conquistadas pelo velho patriarca, deveriam ser herdadas por eles. Os judeus, por seu turno, não aceitaram este argumento e alegaram que Ismael era um filho bastardo e que o primogênito, verdadeiro, era Isaac. E os palestinos, que lá estavam antes da chegada de Abraão, e, portanto, dos árabes, reclamam o seu direito de ter o seu Estado. Esta é a origem histórica de toda esta inquietude que está ocorrendo naquela região. A recente vitória do grupo palestino Hamas nas eleições legislativas do dia 25 do corrente, que conquistou 76 das 132 cadeiras do Parlamento palestino, foi uma surpresa no cenário político do Oriente Médio e provocou uma grande expectativa sobre os rumos dos entendimentos para um acordo de paz entre Hamas e o estado hebreu. Agora só resta aguardar o primeiro movimento das peças neste tabuleiro complicado. Que a direção dos ventos da discórdia se transforme em uma brisa suave, para que os entendimentos entre estes povos tão sofridos possam caminhar em direção à paz.
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