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Artigos-->A POETRIA -- 09/02/2006 - 20:33 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A POETRIA



Francisco Miguel de Moura *



Nome estranho, eu sei. Espero que ninguém vá ao dicionário. Não o encontrará. Nada mais ou nada menos que o nome de uma loja que vende livros exclusivamente de poesia e teatro, e é talvez a única do mundo. Montada por duas bravas guerreiras em Porto – Portugal, conforme noticiou o jornal “O Primeiro de Janeiro”, de 30.01.2006, daquela cidade lusitana. E continua de vento em popa. Nome das valentes guerreiras? Dulce Andrade e Dina Ferreira. Elas, desde o início, há uns dois anos, fazem esse movimento cultural fora de Lisboa, no interior, fique bem claro. Um acontecimento e tanto, nestes tempos negros. Os livreiros só expõem à venda best-sellers americanos ou de outras origens, baixa literatura (chamada de auto-ajuda). As duas mulheres começaram com palestras nas Bibliotecas e Escolas, passaram a oferecer descontos na entrada de teatros, depois invadiram a internete, contando com mais de 600 clientes no “saite”. A base principal compra livros com elas, os dados virtuais são-lhes muito úteis: Mandam convites de lançamentos e espetáculos, palestras e simpósios a esses e outros internautas e consulentes E agora, com todo direito, querem estender o livro-poesia ao público infantil, e, se possível ter patrocínio do poder público.

Quem pensar que não encontra dificuldades na produção e comercialização de livros – cultura de alto nível – está muito enganado. Mas os problemas estão aí para ser resolvidos. Quem quer facilidades vai vender banana na feira e não pente em terra de carecas. Precisa ser criativo e inteligente como as duas heroínas. Elas inventaram um cartão de “fidelização”: Quem compra dois livros no mês, ganha um prêmio de desconto. Assim, ao lado do estímulo aos jovens, revivessem os clássicos.

Ora, o que falta às grandes metrópoles, e até às pequenas, é empreendedores dessa natureza, que saibam muito do seu ramo, tenham consciência da missão e da grandeza de fazer o que os outros não têm coragem, para alevantamento da sociedade. O crítico Assis Brasil diz que Brasil só há amadores nesse ramo de livros. Maus amadores, acrescente-se, e daqueles que morreriam de fome se fossem vender bilhete de loteria nas esquinas. Não investem em propaganda, apuro técnico, distribuição, modernização. Inventam que ninguém lê poesia. Ora, ora! De poesia todos gostamos. O brasileiro não gosta é de comprar. Porém, com “marquetingue”, é tiro e queda: – A poesia passará a vender e ser consumida. Seu público aumentaria e, quem sabe, isto pudesse estimular os governos a criarem casas de poesia, destinadas à leitura e recitação, à aprendizagem dessa arte maior, porque envolve, a vista, o ouvido, o intelecto e muito mais que não dá pra colocar em espaço tão pequeno.

Como disse o escritor português Joaquim de Montezuma de Carvalho, agnóstico como eu também: “A poesia não vive de intemporalidade. Nutre-se de um estar aqui, da relação do homem-tempo, e o tempo de Deus (toda a eternidade) não é o tempo dos homens.” E acrescenta mais: “Poesia é aceno de Deus, dizia José Régio, mas não chega às plenitudes da plenitude, Deus. Simples aceno...”

Sabemos que a maioria dos intelectuais é agnóstica por natureza, eles precisam contestar o mundo e o extra-mundo. Isto leva ao contexto das religiões e das filosofias. Mas, um aceno de Deus, através das empresárias portuguesas Dulce Andrade e Dina Ferreira não é tão bom!? Nós, brasileiros, temos que aplaudi-las, fervorosamente. Que surjam outras tantas, e talvez os poetas, algum dia, venham a crer em Deus, por virtude da poesia.



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*Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, mora em Teresina, seu e-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br

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