Lula quer Tarso Genro para o Ministério da Defesa
Presidente convidou o ex-ministro da Educação para acompanhá-lo esta semana em roteiro pelo Nordeste, onde deverá definir o espaço de Tarso na reforma ministerial.
Flavio Pereira
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva examina ao lado dos seus conselheiros mais próximos, o tabuleiro da reforma ministerial, que terá de fazer no final do mês de março, em razão da desimcompatibilização de vários ministros, que deixarão o governo para disputar cargos eletivos este ano.
Preocupado em manter a boa relação com o ministro da Defesa e vice-presidente da República, José Alencar, Lula aguardava o momento em que o próprio Alencar sinalizasse a disposição de deixar o ministério para examinar os nomes disponíveis para substituí-lo.
A possibilidade foi admitida ontem por um dos interlocutores mais próximos do presidente, o vice-líder do governo na Câmara, deputado federal Paulo Pimenta, que viajou ao lado de Lula no avião presidencial, de Brasília a Porto Alegre, na última quinta-feira.
Com a declaração do vice-presidente de que ainda não decidiu se disputará cargo eletivo, mas que deixará o ministério para manter esta alternativa possível, o presidente iniciou o contato com possíveis nomes para assumir a função.
Em visita a Porto Alegre, depois de prolongadas conversas com o ex-ministro da Educação Tarso Genro, o presidente convidou-o para ir a Brasília amanhã. Ele quer a companhia de Tarso nas viagens que fará esta semana, em visita a seis Estados do Nordeste.
Educação - O roteiro vai percorrer áreas onde o governo federal está implantando projetos de instalação ou ampliação de ofertas de vagas no Ensino Superior. Esse programa, montado durante a gestão de Tarso no Ministério da Educação, impressionou o presidente, que passou a considerá-lo uma das mais importantes ações do atual governo com visibilidade social eleitoral junto ao público mais jovem.
Tarso reiterou, após o encontro com Lula na capital gaúcha, que a "prioridade é a reeleição do presidente, para implementar a segunda parte do programa de governo petista". E acrescentou: "estarei dando minha contribuição a esse projeto, dentro ou fora do governo".
Defesa - Advogado com várias obras publicadas, o nome de Tarso chegou a ser cogitado para o lugar do ministro Carlos Veloso no STF (Supremo Tribunal Federal). A atuação política de Tarso, porém acabou por afastá-lo da indicação, pois o presidente achou que seria mais prudente nomear um magistrado de carreira para a mais alta corte do país.
A indicação de Tarso Genro para o Ministério da Defesa depende apenas de algumas sondagens, que estão sendo concluídas, e poderá ser costurada durante o roteiro de Lula pelo Nordeste.
Saiba mais sobre o Ministério da Defesa
No Brasil, até o ano de 1999, as três forças Armadas mantinham-se em ministérios independentes. Porém, a discussão sobre a criação de um ministério da Defesa, integrando a Marinha, O Exército e a Aeronáutica, é antiga. A Constituição de 1946 já citava a criação de um Ministério único, que resultou na instituição do EMFA (Estado Maior das Forças Armadas).
O assunto voltou à discussão durante a gestão de Castelo Branco e na Assembléia Constituinte de 1988, sendo arquivado em ambos os casos. Finalmente, em 1992, Fernando Henrique Cardoso, então candidato à Presidência, resgatou em seu plano de governo a discussão do Ministério da Defesa.
A idéia era otimizar o sistema de defesa nacional, formalizar uma política de defesa sustentável e integrar as três Forças, racionalizando as suas atividades. Mas somente em 10 de junho de 1999 o Ministério da Defesa foi oficialmente criado, o EMFA, extinto, e os Ministérios da Marinha, Exército e Aeronáutica transformados em Comandos.
Durante os anos de 1995/1996 o EMFA, responsável pelos estudos sobre o Ministério da Defesa, constatou que, entre 179 países, apenas 23 não possuíam Forças Armadas integradas por um único ministério. Apenas três desses, entre eles o Brasil possuíam dimensões políticas para justificar essa alteração, como extensão territorial e Forças Armadas treinadas e estruturadas.
Reeleito, o presidente Fernando Henrique nomeou o senador Élcio Álvares ministro extraordinário da Defesa, em 1º de janeiro de 1999. O Senador foi o responsável pela implantação do órgão.
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