PIRACICABA 23/02/06 Lamas é o terceiro maior sacador dos recursos destinados ao “mensalão”, o quinto indiciado no inquérito
A Polícia Federal indiciou ontem o ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas sob acusação de sonegação, uma modalidade de crime contra a administração pública, e lavagem de dinheiro. Ele sacou cerca de R$ 1,65 milhão das contas de Marcos Valério. O dinheiro aqueceu o esquema do “mensalão”, segundo investigações.
Lamas teria feito o saque por ordem do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que renunciou ao mandato de deputado depois que se tornou público o esquema ilegal de repasse de dinheiro intermediado por Marcos Valério, sob orientação do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares.
Na condição de sacador, Lamas é participante de um esquema ilegal de movimentação de dinheiro no qual o ex-deputado surge como beneficiário. Ontem ele não quis dar declarações e em seus depoimentos disse apenas ter cumprido ordens de Valdemar.
Conforme uma lista entregue por Marcos Valério ao Ministério Público e à PF, os repasses do ‘mensalão‘ destinados ao PL somam R$ 10,8 milhões. O documento indica que a quantia também chegou ao PL por meio de operações financeiras intermediadas pelas empresas Guaranhuns e Bônus-Banval.
Valdemar disse que os repasses para o PL foram parte de um acordo firmado com o PT em 2002.
O presidente do PL nega ter relação com as empresas a ele relacionadas na lista de Valério. Admite apenas que, no caso da Bônus-Banval, assessores de sua campanha pegaram dinheiro emprestado com um sócio da corretora para cobrir despesas de 2002. Valdemar disse que essa operação só teria chegado ao seu conhecimento posteriormente.
Lamas é o terceiro maior sacador dos recursos destinados ao “mensalão”. Tornou-se ontem o quinto indiciado no inquérito que investiga o caso, ao lado do sócio da Guaranhuns José Carlos Batista, do publicitário Duda Mendonça, do sócio da Guaranhuns José Carlos Batista e dos assessores políticos Rodrigo Fernandes e José Luiz Alves. Após o Carnaval, a PF enviará o inquérito do “mensalão” novamente ao Supremo Tribunal Federal.
Até lá, a lista de indiciamentos deve ganhar novos nomes. Os mais prováveis, além de diretores do Banco Rural, são Valério, o ex-presidente do PT José Genoino e Delúbio. Pesa contra esse grupo a acusação de praticar crime contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro.